Isabel Jonet critica
desempregados que passam o tempo agarrados ao Facebook
ANA HENRIQUES
02/04/2014 – PÚBLICO
Redes sociais são dos maiores inimigos de quem não tem trabalho, avisa
presidente do Banco Alimentar Contra a Fome.
A presidente do Banco Alimentar Contra a Fome, Isabel Jonet, entende que as
redes sociais são “um dos maiores inimigos das pessoas desempregadas”.
Numa entrevista
ao programa Terça à Noite, da Rádio Renascença, Isabel Jonet criticou quem não
tem trabalho e fica “dias e dias inteiros agarrado ao Facebook, ou a jogos ou a
falsos amigos que não existem”, vivendo “uma vida que é uma total ilusão”,
quando podia participar em acções de voluntariado que lhe aumentassem as
chances de arranjar emprego. Nas redes sociais, observou a mesma responsável,
os desempregados caem no engano de pensar que estão a trabalhar, “por estarem
agarrados ao computador”.
Estas declarações
já começaram a gerar alguma polémica, embora menor do que aquelas que, em
Novembro de 2012, fizeram surgir uma petição a pedir a sua demissão do Banco
Alimentar contra a Fome. Na altura, Isabel Jonet havia defendido que não
existia miséria em Portugal e que os portugueses tinham de aprender a viver mais
pobres: “Se não temos dinheiro para comer bifes todos os dias, não podemos
comer bifes todos os dias. E esse empobrecimento é porque comemos bifes todos
os dias e achávamos que podíamos comer bifes todos os dias e não podemos”. Na
mesma ocasião aproveitara para criticar os seus filhos, por lavarem os dentes
com a torneira aberta em vez de usarem um copo.
Noutra entrevista
em que foi questionada sobre as crianças que chegam com fome à escola, a
principal responsável pelo Banco Alimentar referiu que tal se devia à não
responsabilização e à falta de tempo dos pais.
José Bancaleiro,
director executivo da Stanton Chase Portugal, empresa especializada em
recrutamento de executivos, sublinha a forma como, ao contrário do que pensa
Isabel Jonet, as redes sociais facilitam a procura de emprego. “E a maioria dos
empregos está nos portais electrónicos”, acrescenta este voluntário do Banco
Alimentar, para quem o maior inimigo dos desempregados é mesmo a falta de
emprego.
“Não podemos ser
tão extremistas”, comenta Nuno Troni, gestor executivo em Portugal da empresa
de recrutamento Michael Page, a propósito das declarações de Isabel Jonet. Se
as redes sociais podem proporcionar o mais puro ócio, podem igualmente ser uma
das ferramentas mais importantes para detectar oportunidades de emprego ou para
procurar activamente trabalho, assinala, dando como exemplo o LinkedIn, rede
vocacionada para os contactos profissionais.
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