Ex-director-geral do MAI fica em
prisão preventiva
MARIANA OLIVEIRA
30/04/2014 – PÚBLICO
João Alberto Correia esteve a ser ouvido durante várias horas no Tribunal
Central de Instrução Criminal, em Lisboa, pelo juiz Carlos Alexandre
Prisão preventiva. Foi essa a medida de coacção aplicada pelo juiz Carlos
Alexandre ao ex-director-geral de Infra-estruturas e Equipamentos do Ministério
da Administração Interna, João Alberto Correia, depois de um interrogatório que
durou várias horas e decorreu no Tribunal Central de Instrução Criminal, em
Lisboa.
A mais gravosa
medida de coacção tinha sido pedida pela procuradora Inês Bonina que defendeu
que, em liberdade, o antigo dirigente, suspeito de crimes de corrupção e participação
económica em negócio, podia perturbar as investigações.
Segundo fonte
judicial o arguido deverá manter-se no estabelecimento prisional anexo à
Polícia Judiciária de Lisboa, onde passou a noite de terça para quarta-feira.
O ministro da
Administração Interna assumiu esta quarta-feira, no Parlamento, que a detenção
do ex-director-geral daquele ministério e as buscas realizadas pela PJ naquela
direcção-geral resultaram de uma denúncia sua. À saída de uma audição
parlamentar, Miguel Macedo reconheceu que o processo foi espoletado “por uma
auditoria” que solicitou à Inspecção-Geral da Administração Interna (IGAI) de
que depois resultou uma “participação” sua ao Ministério Público.
“A
Inspecção-Geral fez aquilo que devia fazer”, disse o ministro, depois de ter
frisado a sua política de “reforçar os meios e recursos” afectos à IGAI. “Nós
temos mecanismos de auditoria e esses mecanismos foram mesmo alargados”,
afirmou Macedo, escusando-se ainda a tecer mais comentários sobre o processo em
particular por se encontrarem em curso “actos judiciais”.
O
ex-director-geral, que pediu a demissão
no início de Fevereiro, tinha entrado em funções em Março de 2011 por
nomeação do então primeiro-ministro José Sócrates e do respectivo ministro da
Administração Interna, Rui Pereira.
A origem da
investigação teve a ver com o recurso sistemático às adjudicações por ajuste directo, em detrimento dos concursos
públicos, para a realização de obras em instalações dependentes do MAI,
nomeadamente da PSP, GNR, Serviço de Estrangeiros e Fronteiras e Autoridade
Nacional de Protecção Civil.
A investigação
está a passar a pente fino os contratos assinados pelo dirigente que cessou
funções há menos de três meses. Uma busca na base de dados da contratação
pública permite concluir que João Alberto Correia recorria em abundância ao
ajuste directo, o que aconteceu 224 vezes nos três anos que esteve em funções. Nesse
período, o dirigente realizou um único concurso público, tendo assinado 19
ajustes directos de obras em instalações públicas com valor entre os 140 mil e
os 150 mil euros, o limite máximo para os ajustes directos.
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