Invasão da escadaria do
Parlamento volta à baila
Quando o assunto
é a invasão da escadaria do Parlamento pela polícia, o PSD gosta de glosar o
líder dos socialistas, António José Seguro: “Qual é a pressa?”. E garante, pela
boca do deputado Hugo Soares, que não tem rigorosamente pressa nenhuma em
conhecer os resultados do inquérito e dos dois processos disciplinares abertos
pela Inspecção-Geral da Administração Interna (IGAI) sobre o assunto.
Passaram cinco
meses sobre a noite em que agentes das forças de segurança em protesto contra o
Orçamento de Estado de 2014 invadiram a escadaria do Parlamento, depois de
terem transposto o cordão policial dos agentes da PSP destacados para vigiarem
a manifestação. Na sequência desses acontecimentos, o director nacional da PSP
foi demitido, mas para o seu lugar o ministro da Administração Interna, Miguel
Macedo, escolheu nem mais nem menos que um dos responsáveis operacionais pelo
dispositivo policial da manifestação.
Confuso? Foi para
lançar alguma luz sobre estes factos que os deputados socialistas chamaram
ontem à comissão parlamentar de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades
e Garantias a inspectorageral da Administração Interna, Margarida Blasco. Não
contavam era que a magistrada invocasse o sigilo em que está, segundo disse,
imerso todo o processo para se escusar a prestar qualquer esclarecimento. Também
não estavam preparados para a ouvir dizer que os prazos legais para terminar o
inquérito e os processos disciplinares levantados a dois agentes “não são
peremptórios”, pelo que é impossível dar uma ideia, ainda que vaga, sobre
quando isso poderá suceder. Perante a insistência de socialistas e também de
comunistas, que glosando a presidente do Parlamento se queixaram dos “elevados
níveis frustracionais” que lhes provocava a falta de resposta, Margarida Blasco
deixou apenas uma promessa: “Eu vou-vos [sic] dar essas conclusões. E podem ter
a certeza que estes processos não vão ser suspensos nem prescrever”. Telmo
Correia, do CDS, não resistiu a atirar à cara dos deputados do PS o seu
“inconseguimento” nesta audição. Pode ser coisa para mais uns seis meses,
admitiu, à saída, o subinspector-geral da Administração Interna. Deixou, porém,
uma ressalva: “A não ser que seja necessária alguma perícia psiquiátrica. Aí pode demorar mais tempo”.
Ana Henriques / PÚBLICO / 23-4-2014
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