As autoridades
norte-americanas acusam os jornalistas de terem posto em risco a segurança
nacional
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The Guardian e Washington Post
recebem Pulitzer por revelações sobre espionagem
ALEXANDRE MARTINS
14/04/2014 - PÚBLICO
Júri destaca artigos que "ajudaram o público a perceber de que forma
as revelações se enquadram na discussão mais abrangente sobre segurança
nacional".
Os jornais The
Washington Post e a edição norte-americana do The Guardian foram distinguidos
nesta segunda-feira com o prestigiado Prémio Pulitzer, pelo conjunto de
notícias sobre os programas de espionagem da Agência de Segurança Nacional
(NSA).
As duas
publicações receberam o prémio de Serviço Público, o mais importante dos 14
atribuídos pelos membros do júri referentes ao trabalho desenvolvido por
jornalistas.
As primeiras
revelações sobre os programas de espionagem em larga escala da NSA foram feitas
no início de Junho de 2013, em notícias assinadas pelos jornalistas Glenn
Greenwald (então ao serviço do The Guardian) e Barton Gellman (The Washington
Post). Ao longo do último ano, destacaram-se também a documentarista
norte-americana Laura Poitras e Ewen MacAskill, correspondente do The Guardian
nos Estados Unidos.
Glenn Greenwald e
Laura Poitras (que dirigem actualmente o site The Intercept) e Ewen MacAskill
foram os três jornalistas que entrevistaram e filmaram Edward Snowden num hotel
em Hong Kong, poucos dias depois das primeiras revelações sobre os programas de
espionagem.
O jornalista
Barton Gellman foi outro dos jornalistas contactados por Edward Snowden para a
divulgação dos documentos, mas nunca trabalhou em colaboração com Greenwald,
Poitras ou MacAskill.
Na sexta-feira da
semana passada, os quatro jornalistas foram distinguidos com outro prestigiado
prémio de jornalismo – os George Polk Awards, atribuídos pela Universidade de
Long Island, de Nova Iorque.
Em comunicado, a
comissão dos Prémios Pulitzer destaca a contribuição da edição norte-americana
do The Guardian e o The Washington Post para "suscitar o debate sobre a
relação entre o governo e os cidadãos em assuntos relacionados com a segurança
e a privacidade", através de artigos que "ajudaram o público a
perceber de que forma as revelações se enquadram na discussão mais abrangente
sobre segurança nacional".
Num comunicado
publicado no The Guardian, Edward Snowden congratula-se com a atribuição do
Pultizer aos dois jornais. "Esta decisão é um reconhecimento para todos os
que acreditam que os cidadãos têm um papel na governação. Devemos isso aos
esforços dos bravos repórteres e dos seus colegas que continuaram a trabalhar
apesar de uma intimidação extraordinária, incluindo a destruição forçada de
material jornalístico, o desadequado uso de legislação antiterrorismo, e de
tantos outros meios de pressão com o objectivo de os travar num trabalho que o
mundo reconhece hoje como sendo de importância pública vital", escreve o
analista informático.
Os dois prémios –
o George Polk e o Pulitzer – são uma importante mensagem para os dois lados da
discussão sobre a legitimidade da divulgação de parte dos documentos obtidos
por Edward Snowden. As autoridades norte-americanas e britânicas acusam os
jornalistas de terem posto em risco a segurança nacional dos seus países, e
mesmo entre os profissionais dos media há quem defenda que Greenwald, Poitras,
MacAskill e Gellman não agiram de forma responsável.
O analista
informático Edward Snowden fugiu para Hong Kong em finais de Maio de 2013 com
milhares de documentos confidenciais sobre os programas de espionagem e
vigilância da NSA. Um mês depois chegava à Rússia, onde acabou por receber
autorização para permanecer por pelo menos durante um ano.
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