Rede de bicicletas de uso
partilhado nasce entre Santa Apolónia e Algés
A iniciativa é da empresa SlowFastcycles, que está à espera de luz verde do
porto de Lisboa para lançar o sistema. Os utilizadores regulares vão pagar 99 euros
por ano e os ocasionais “cerca de 15 euros por dia”
Inês Boaventura /
20-4-2014 / PÚBLICO
A frente
ribeirinha de Lisboa, entre Santa Apolónia e Algés, vai ter um sistema de
bicicletas de uso partilhado, com arranque previsto para os próximos meses. O
projecto é da empresa SlowFastcycles, cujos sócios dizem ambicionar que este
sistema seja “o melhor do mundo”, pela qualidade do serviço e pela
sustentabilidade do negócio.
Quando se tornar
uma realidade, aquele que será o primeiro sistema de bicicletas de uso
partilhado da cidade de Lisboa disponibilizará 300 veículos de duas rodas,
espalhados ao longo de 11 quilómetros. Os interessados poderão levantar as
bicicletas em qualquer uma das 12 estações que serão criadas e devolvê-las na
mesma ou noutra à sua escolha.
Quem quiser
pedalar numa destas bicicletas, terá duas hipóteses: registar-se através de uma
página na Internet que vai ser criada para o efeito, ou, caso planeie utilizar
apenas de forma esporádica este sistema, dirigir-se a uma das estações e utilizar
um cartão bancário para fazer o pagamento e levantar o velocípede.
Martim Mayer, um
dos sócios da SlowFastcycles, adianta que quem se registar poderá utilizar as
bicicletas por 99 euros por ano, seja através de um cartão que receberá para o
efeito ou de uma aplicação que poderá descarregar para o smartphone.
Já os
utilizadores pontuais poderão pedalar por “cerca de 15 euros por dia”, mas, no
momento em que levantarem os velocípedes, terão de adiantar um valor que ainda
não está fechado mas que poderá oscilar entre “150 e 250 euros” e que será
devolvido quando as bicicletas forem restituídas.
Questionado sobre
se isso não poderá dissuadir potenciais interessados de utilizarem o sistema,
Martim Mayer diz que é essa “a prática internacional”. “Não podemos entregar
uma bicicleta sem ter uma garantia”, frisa.
A intenção dos
responsáveis por este projecto era que ele tivesse arrancado com a chegada da
Primavera, a 21 de Março. Mas o facto de a Administração do Porto de Lisboa
(APL) não ter ainda formalizado a concessão do negócio à SlowFastcycles, dizem
os sócios da empresa, tornou impossível cumprir o calendário previsto.
Então quando
passará Lisboa a ter aquele que será o seu primeiro sistema de bicicletas de
uso partilhado? Martim Mayer acredita que isso poderá acontecer cerca de dois
meses depois de assinado o contrato com aquela sociedade de capitais públicos,
que o empresário sublinha ter olhado desde o primeiro dia para esta ideia “com
imenso interesse”, o que o leva a apontar Junho ou Julho como datas possíveis.
O PÚBLICO
perguntou à APL, que tem jurisdição sobre a área na qual este projecto vai ser
desenvolvido, quando é expectável que a contratualização se concretize e quais
serão as contrapartidas e as mais-valias desta concessão, mas não foi possível
obter resposta em tempo útil.
Martim Mayer
conta que foram os sócios da SlowFastcycles que bateram à porta da
administração portuária há quase um ano, depois de se terem apercebido do
grande volume de turistas que todos os dias chegavam à frente ribeirinha de
Lisboa. Nessa altura, já a empresa tinha aberto, na Doca de Santo Amaro, em
Alcântara, uma loja de bicicletas e acessórios, com uma oficina onde se fazem
trabalhos de reparação e de restauro e com uma cafetaria.
Assim que
perceberam que a ideia tinha pés para andar, os empresários decidiram que este
seria um sistema de bicicletas de uso partilhado “diferente de tudo o que
existe” e não apenas “mais um”, sublinha Martim Mayer. Nesse sentido, decidiram
comprar uma participação numa unidade fabril em Águeda, onde vão ser produzidas
as bicicletas, concebidas a partir do zero por uma equipa de design industrial.
As estações e as docas de estacionamento das bicicletas terão a mesma
proveniência.
“Queríamos um
produto que, do ponto de vista visual, de atracção do público e também de
conforto, fosse claramente diferenciador. O produto vai ser muito bonito, as
pessoas vão passar em frente a ele e vai apetecer-lhes usá-lo”, acrescenta
outro sócio da empresa, João Rosa. Juntando a isso o facto de a frente ribeirinha
de Lisboa ser “uma zona espantosa, um território premium”, o empresário não tem
dúvidas de que este serviço de aluguer de bicicletas vai “brilhar”.
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