OPINIÃO
Onda pára a esquerda?
VASCO PULIDO
VALENTE 11/04/2014 – PÚBLICO
Dia a dia, o PS
vê o seu mundo cair. A revolução de Cuba e de Fidel de Castro é hoje a farsa da
revolução “bolivariana” de um demente chamado Chávez e do analfabeto e
criminoso Nicolás Maduro, que levou a Venezuela à miséria e ao caos. Mitterrand
era infelizmente o que era, mas conseguiu apesar de tudo conservar uma certa
dignidade. Hollande nem isso; e o novo primeiro-ministro Manuel Valls, que se
prepara para aplicar em França uma austeridade como a nossa, sob o velho nome
de “rigor”, não gosta de ouvir falar de “socialismo”. Em Itália, Matteo Renzi
tenta inventar uma nova esquerda que não seja verdadeiramente esquerda e,
principalmente, que não lembre o passado. Também ele não gosta de “socialismo”
ou de qualquer outra coisa que o possa lembrar.
Em Portugal,
Seguro parece uma casca vazia e perde o seu tempo em pequenas querelas com o
Governo, que não valem nada e que são justamente ignoradas pelo país. A
“inteligência” repete a reles retórica do partido ou dos partidos, sempre a
falar de unidade e diálogo, que ela do fundo do coração detesta, e não tenta
(talvez porque não pode) perceber o que se está a passar no mundo. Na véspera
de eleições para o “parlamento” europeu, seria de esperar que fizesse um
esforço. Mas não faz. Não a impressiona o espectáculo de carência (ou falência)
da ordem tradicional e atribui as misérias de hoje a entidades tão etéreas como
a “colonização” do socialismo pelos “neocapitalistas”. Mesmo admitindo esse
fenómeno estranho convinha explicar o que o provocou e permitiu, para além do
acaso e das “traições” de Blair e malfeitores do género.
Valls e Matteo
Renzi já se preparam para a inevitável peregrinação a Meca, conhecida agora
pelo pseudónimo de sra. Merkel, para implorar uma “folga” na redução do défice
e mais tempo para pagar a dívida. E os dois prometeram, como o nosso Passos
Coelho, diminuir o peso do Estado na economia e reduzir drasticamente o
funcionalismo, em nome, segundo consta, da economia. Aqui ainda não entrou na
cabeça de Seguro e, em geral, da esquerda, qual é a razão essencial destas
semelhanças, que um estudante médio perceberia. A saber: o Estado providência
como existe deixou de ser financeiramente viável. Isto custa a engolir. Mas se
não se partir deste facto simples nunca se chegará a parte nenhuma. A fantasia não paga.
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