quarta-feira, 16 de abril de 2014

Portos. Novo terminal deve ser no Barreiro e irá servir Grande Lisboa


Portos. Novo terminal deve ser no Barreiro e irá servir Grande Lisboa
Por Ana Suspiro
publicado em 17 Abr 2014 in (jornal) i online

Ana Paula Vitorino, ex-secretária de Estado, rompeu o "silêncio" do PS sobre plano de infra-estruturas que qualificou de embuste

O ministro da Economia, Pires de Lima, tentou lançar o tema das infra-estruturas prioritárias no início da audição na comissão parlamentar de Economia e Obras Públicas com uma semi-provocação ao PS. "Interpreto o silêncio como uma aprovação ao PETI" (Plano Estratégico de Transportes e Infra-Estruturas), documento que elege 59 investimentos prioritários a lançar ainda nesta legislatura.

Mas foi preciso esperar pela intervenção da ex-secretária de Estado dos Transportes do primeiro governo Sócrates para a discussão aquecer. Ana Paula Vitorino qualificou o plano de embuste, uma vez que não está sustentado em estudos de viabilidade, parecendo resultar sobretudo da recolha de projectos antigos que estavam nas empresas públicas do sector.

Pires de Lima reagiu às "palavras agressivas" da deputada socialista. "Estou aqui para fazer um trabalho sério. Não aceito que me qualifiquem de embusteiro." O PS, sublinhou, ainda não apresentou uma divergência concreta em relação aos 59 projectos.

O novo porto de Lisboa acabou por centrar parte importante da discussão relativa aos projectos de infra-estruturas, com a deputada do Bloco de Esquerda Mariana Mortágua a questionar a viabilidade do tráfego de navios de grande dimensão no estuário do Tejo que resultaria de um novo porto de águas profundas em Lisboa.

O ministro de Economia não quis discutir a profundidade da nova estrutura, mas realçou a ambição de desenvolver a capacidade portuária de Lisboa, a somar ao aumento de eficiência de Alcântara e à especialização de Santa Apolónia para navios de cruzeiros. E isso passa por um novo terminal na Margem Sul, "provavelmente mais no Barreiro que noutra localização", assumiu Pires de Lima.

Mas a vocação da nova estrutura portuária será servir sobretudo o hinterland, ou seja, a região da Grande Lisboa, e não o transhipment (transbordo para outros destinos), que é função de Sines. Esta opção indicia navios de menor dimensão, e com exigências mais reduzidas de profundidade para navegar, que o tráfego previsto para o porto de águas profundas da Trafaria.

Pires de Lima salientou ainda que o terminal no Barreiro seria também um contributo para a descontaminação do estuário do Tejo. Este investimento de 90 milhões de euros foi inscrito no PETI, mas só avança se for possível obter fundos comunitários. A decisão ainda depende de estudos técnicos e terá de ser validada do ponto de vista ambiental.


A localização Barreiro envolve elevado nível de dragagens no leito do Tejo, que ameaçam trazer ao de cima metais pesados como arsénio e mercúrio.

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