Portos. Novo terminal deve ser no
Barreiro e irá servir Grande Lisboa
Por Ana Suspiro
publicado em 17
Abr 2014 in
(jornal) i online
Ana Paula Vitorino, ex-secretária de Estado, rompeu o "silêncio"
do PS sobre plano de infra-estruturas que qualificou de embuste
O ministro da
Economia, Pires de Lima, tentou lançar o tema das infra-estruturas prioritárias
no início da audição na comissão parlamentar de Economia e Obras Públicas com uma
semi-provocação ao PS. "Interpreto o silêncio como uma aprovação ao
PETI" (Plano Estratégico de Transportes e Infra-Estruturas), documento que
elege 59 investimentos prioritários a lançar ainda nesta legislatura.
Mas foi preciso
esperar pela intervenção da ex-secretária de Estado dos Transportes do primeiro
governo Sócrates para a discussão aquecer. Ana Paula Vitorino qualificou o
plano de embuste, uma vez que não está sustentado em estudos de viabilidade,
parecendo resultar sobretudo da recolha de projectos antigos que estavam nas
empresas públicas do sector.
Pires de Lima
reagiu às "palavras agressivas" da deputada socialista. "Estou
aqui para fazer um trabalho sério. Não aceito que me qualifiquem de
embusteiro." O PS, sublinhou, ainda não apresentou uma divergência
concreta em relação aos 59 projectos.
O novo porto de
Lisboa acabou por centrar parte importante da discussão relativa aos projectos
de infra-estruturas, com a deputada do Bloco de Esquerda Mariana Mortágua a
questionar a viabilidade do tráfego de navios de grande dimensão no estuário do
Tejo que resultaria de um novo porto de águas profundas em Lisboa.
O ministro de
Economia não quis discutir a profundidade da nova estrutura, mas realçou a
ambição de desenvolver a capacidade portuária de Lisboa, a somar ao aumento de
eficiência de Alcântara e à especialização de Santa Apolónia para navios de
cruzeiros. E isso passa por um novo terminal na Margem Sul, "provavelmente
mais no Barreiro que noutra localização", assumiu Pires de Lima.
Mas a vocação da
nova estrutura portuária será servir sobretudo o hinterland, ou seja, a região
da Grande Lisboa, e não o transhipment (transbordo para outros destinos), que é
função de Sines. Esta opção indicia navios de menor dimensão, e com exigências
mais reduzidas de profundidade para navegar, que o tráfego previsto para o
porto de águas profundas da Trafaria.
Pires de Lima
salientou ainda que o terminal no Barreiro seria também um contributo para a
descontaminação do estuário do Tejo. Este investimento de 90 milhões de euros
foi inscrito no PETI, mas só avança se for possível obter fundos comunitários. A
decisão ainda depende de estudos técnicos e terá de ser validada do ponto de
vista ambiental.
A localização
Barreiro envolve elevado nível de dragagens no leito do Tejo, que ameaçam
trazer ao de cima metais pesados como arsénio e mercúrio.
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