segunda-feira, 30 de junho de 2014

Marcelo, Miguel, o BES e nós, por JOÃO MIGUEL TAVARES / PÚBLICO ; Recordando ...José Diogo Quintela e Miguel Sousa Tavares trocam acusações na Comunicação Social.


 "E já agora – acrescento eu – que Rita Amaral Cabral, há longuíssimos anos companheira de Marcelo, como é público, seja actualmente administradora não executiva do BES, e, entre 2008 e 2012, um dos três membros da comissão de vencimentos do banco"
JOÃO MIGUEL TAVARES

OPINIÃO
Marcelo, Miguel, o BES e nós
JOÃO MIGUEL TAVARES 01/07/2014 - PÚBLICO
É destes pequenos segredos que vive o regime que nos trouxe até aqui.

Pergunta do milhão de euros: como é possível que um caso com a dimensão do BES só se conheça agora? Como é possível que nós, gente dos jornais e da comunicação social, tenhamos tido ao longo dos anos notícia de tantas pontas soltas – basta ver o número de casos em que o banco esteve envolvido –, mas ninguém tenha sido capaz de unir as várias pontas e perceber aquilo que realmente se estava a passar?

A resposta é óbvia: porque a família Espírito Santo é demasiado grande e o país demasiado pequeno. Enquanto a família esteve unida, formou um bloco inexpugnável, pela simples razão de que o seu longo braço chegava a todo o lado, incluindo partidos (alguém já ouviu António José Seguro, sempre tão lesto a dar palpites sobre tudo, comentar o caso BES?), comunicação social (quem não se recorda do corte de relações com o grupo Impresa em 2005, na sequência de notícias sobre o envolvimento do BES no caso Mensalão?) e até aos próprios comentadores, por via das relações pessoais que Ricardo Salgado mantém com gente tão influente quanto Marcelo Rebelo de Sousa ou Miguel Sousa Tavares.

Ora, ninguém à face da terra possui uma independência inexpugnável. Isso não significa que todos tenhamos um preço – significa apenas que somos condicionados por relações de amizade ou de sangue e que nesse campo uma família de 300 membros, que há décadas se move na alta sociedade portuguesa como peixe na água, acaba por chegar a quase toda a gente que interessa. O próprio Sousa Tavares referiu essas ligações há um ano, numa entrevista à Sábado: “O Ricardo Salgado é sogro da minha filha e avô de netos meus. Além disso, somos amigos há muitos anos, porque eu fui casado com uma prima direita dele. Nunca o critiquei e nunca o elogiei, porque acho que não se fala da família em público.” Pode apontar-se a Miguel Sousa Tavares muita coisa – eu já o fiz –, mas não falta de independência ou coragem. Simplesmente, quando o caso BES atinge esta dimensão, o silêncio de alguém com a sua importância torna-se efectivamente um favor a Salgado. Não há como fugir a isso.

Mas se Sousa Tavares não fala sobre o tema e já justificou porquê, o mais influente comentador português – Marcelo Rebelo de Sousa – necessita urgentemente de aproveitar algum do seu tempo dominical para fazer a sua declaração de interesses em relação aos Espírito Santo. E essa declaração é tanto mais premente quanto nas últimas semanas tem vindo a defender a solução Morais Pires, considerando até que a impressionante queda das acções do BES na passada semana era coisa “inevitável”, visto estarmos perante “um novo ciclo”. Que essa queda tenha acontecido exactamente por não estarmos perante um novo ciclo parece não ter passado pela sua cabeça, habitualmente tão veloz e atenta.


Não admira, pois, que Nicolau Santos tenha chamado a atenção no Expresso para o facto de Marcelo e Ricardo Salgado já terem passado juntos “várias vezes férias no Mediterrâneo”. E já agora – acrescento eu – que Rita Amaral Cabral, há longuíssimos anos companheira de Marcelo, como é público, seja actualmente administradora não executiva do BES, e, entre 2008 e 2012, um dos três membros da comissão de vencimentos do banco. Marcelo, como todos sabemos, nunca teve quaisquer problemas em criticar aqueles que lhe são próximos. Mas há factos que devem ser verbalizados – porque é precisamente destes pequenos segredos que vive o regime que nos trouxe até aqui.
José Diogo Quintela e Miguel Sousa Tavares trocam acusações na Comunicação Social
Por Pedro Marta | Quinta-feira, 04 Abril , 2013, in “Notícias da TV e Famosos”

A crónica de um dos integrantes dos Gato Fedorento, José Diogo Quintela, no jornal Público, intitulada "O que vale é que os compadres nunca se zangam", parece estar no epicentro das acusações que o humorista e o comentador da SIC, Miguel Sousa Tavares, têm trocado ultimamente na comunicação social. No seu artigo de opinião o humorista José Diogo Quintela referiu por diversas vezes notar algo que diz achar estranho: as razões que levam Miguel Sousa Tavares a nunca escrever ou falar sobre os casos judiciais que envolvem Ricardo Salgado, Presidente Banco Espírito Santo.
Para o antigo jurado do programa "Portugal Tem Talento", o mais estranho é o escritor não falar de Ricardo Salgado que é para o humorista o "homem mais poderoso de Portugal" e que para si Sousa Tavares é "um gavião de olho acutilante para tudo o que sejam trambiquices de banqueiros".
O humorista invoca ainda as relações familiares entre  as razões que explicam a ausência de comentários sobre o assunto: "Ou então, como a sua filha é casada com o filho de Ricardo Salgado, Miguel Sousa Tavares vai permanecer caladinho", escreveu.
Contactado pela revista SÁBADO, Miguel Sousa Tavares não poupou o humorista que considera "um  falhado, um medíocre, que se quer promover às minhas custas" e acrescenta que "mas não lhe vou fazer isso". Já ao jornal Correio da Manhã, o autor do livro "Equador", em que se baseou a obra homónima exibida em reposição na TVI, explicou: "Não dou protagonismo a quem vive de abanar a cauda à voz do dono nos anúncios da PT. Esse quer é promover-se às minhas custas". Em resposta aos comentários do filho de Sophia de Mello Breyner Andresen, Quintela acredita que a questão da promoção "não faz sentido", até porque "normalmente funciona ao contrário: quem escreve sobre Miguel Sousa Tavares é despromovido. Basta lembrar Dóris Graça Dias, crítica literária do Expresso", respondeu.


Príncipe (ir)real - Por Luisa Schimdt, Expresso de 27 Junho 2014


Entre 2008 e 2012, o fluxo de emigração portuguesa aumentou 155% / Mais de 75% das pessoas em idade fértil não pensam ter filhos nos próximos três anos

EMIGRAÇÃO
Entre 2008 e 2012, o fluxo de emigração portuguesa aumentou 155%
Portugal é o país da União Europeia com o maior aumento do fluxo de emigração, entre 2008 e 2012. No mesmo período, o fluxo de imigrantes caiu 51%, de acordo com um relatório da Comissão Europeia.
Mais de 75% das pessoas em idade fértil não pensam ter filhos nos próximos três anos
ANA DIAS CORDEIRO 30/06/2014 - PÚBLICO
Em 2012, Portugal foi, entre os 28 da União Europeia, o país com o menor índice de fecundidade.



Mais de metade dos homens e mulheres portugueses em idade fértil não pensa ter filhos ou mais filhos. Se juntarmos a este número os que não tencionam ser pais nos próximos três anos, a percentagem sobe para 75,1%. Entre estes, os custos financeiros associados à maternidade e paternidade são o motivo mais indicado para não ter filhos. Feitas as contas, até 2017, apenas um quinto das mulheres e homens planeiam ter filhos em Portugal. São 20,8% em média, ponderando esse desejo nas mulheres (21,8%) e nos homens (20%).

As conclusões do Inquérito à Fecundidade 2013, publicado nesta segunda-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), confirmam a tendência para a queda da fecundidade, iniciada há 40 anos, mas mantida em níveis que não permitem renovar as gerações e evitar o seu declínio desde o início da década de 1980. Para garantir a substituição das gerações, seria preciso uma mulher ter, em média, 2,1 filhos — um nível apenas atingido em 2012 em França e na Irlanda, quando se olha para a realidade dos 28 países da União Europeia (UE).

O estudo, realizado entre Janeiro e Abril de 2013 e resultante de uma parceria entre o INE e a Fundação Francisco Manuel dos Santos, nota ainda que, com a tendência verificada, Portugal passa a estar entre os países da Europa com os mais baixos níveis de fecundidade. Entre os 28 da UE, Portugal foi, em 2012, o país com o menor Índice Sintético de Fecundidade (ISF). O valor não foi além dos 1,28 filhos por mulher, quando a média é de 1,58 filhos por mulher.



Abaixo deste valor estão países como Espanha, Grécia e Itália. Acima, e além da França e da Irlanda, estão o Reino Unido, Suécia, Finlândia, Bélgica, Dinamarca ou Holanda.

Em Portugal, no universo das mulheres em idade fértil (entre os 18 e os 49 anos) e dos homens dos 18 aos 54 anos, as pessoas têm em média 1,03 filhos mas pensam vir a ter 1,78. Este é o valor da fecundidade final esperada, que em todas as sete regiões do país — Norte, Centro, Lisboa e Vale do Tejo, Alentejo, Algarve e ilhas (Açores e Madeira) — é inferior ao número médio de filhos desejados. E este último fica sempre abaixo do número médio ideal de filhos numa família.


Os constrangimentos sociais e económicos, ou a percepção das dificuldades que podem vir a ter, são apontados pela maioria dos inquiridos como factores que pesam na escolha de ter filhos.


Time for the emperors-in-waiting who run Facebook to just admit they're evil/ Guardian. O Facebook manipula o nosso feed. E se fizer o mesmo connosco? / PÚBLICO

Social unrest … 'Emotional contagion is what we used to call "empathy".' Photograph: Dado Ruvic/Reuters
Time for the emperors-in-waiting who run Facebook to just admit they're evil
Facebook's emotion study reveals it is hopelessly disconnected from emotional reality: that people get upset when people they care about are unhappy
Charlie Brooker

This weekend we learned that Facebook had deliberately manipulated the emotional content of 689,003 users' news feeds as part of an experiment to see what kind of psychological impact it would have. For one week in January 2012, some users saw chiefly positive stories (kitten videos, brownie recipes and assorted LOLs), while others were force-fed despair (breakups, health woes and seal-clubbing holiday snaps). And guess what happened?

"The results show emotional contagion," decided the scientists.

Emotional contagion is what we used to call "empathy".

"When positive expressions were reduced, people produced fewer positive posts and more negative posts; when negative expressions were reduced, the opposite pattern occurred. These results indicate that emotions expressed by others on Facebook influence our own emotions."

In other words, the fine folk at Facebook are so hopelessly disconnected from ground-level emotional reality they have to employ a team of scientists to run clandestine experiments on hundreds of thousands of their "customers" to discover that human beings get upset when other human beings they care about are unhappy.

But wait! It doesn't end there. They also coolly note that their fun test provides "experimental evidence for massive-scale contagion via social networks". At least we can draw comfort from the fact that this terrifying power to sway the emotional state of millions is in the right hands: an anonymous cabal of secret experimenters who don't know what "empathy" is.

Other experiments Facebook has been conducting in secret almost certainly include the following:

1) Dishonestly convincing a randomly targeted user that one of their siblings has just died, in order to see what their face does. Conclusion: it leaks fluid from the nasolacrimal ducts and emits an ape-like cry believed to denote personal anguish.

2) Secretly activating random users' webcams in the runup to bedtime to determine what a human being looks like when it sheds its external fabric layer.

3) Dispatching an intern to kidnap and blindfold a random user, drag them to a forest, force them at gunpoint to dig their own grave, shoot them in the back of the head, cover the body with soil, drive away at speed and lie low in a motel for a few weeks to discover if they're really cut out for this shit.

4) Igniting a global race war using animated gifs.

Facebook's sinister mass manipulation may be chilling but it's hardly surprising. We don't use the internet; it uses us, and the more personalised any online service appears to be, the less it thinks of you as a person. The experiment is evidence that you and your hopes and dreams are nothing but a miniscule, malleable blip as far as Facebook is concerned: a pocket-sized data mine with functioning nostrils.

They're all at it. Google tracks your every move, knows where you live, and is probably about to send a driverless van round to take you to work in its silicon mine. Amazon plans to launch drones that'll fly over your garden dropping packages containing algorithmically-selected items you haven't even ordered yet onto the heads of your children. Netflix knows damn well you rewound the film to look at that actor's bum, and it'll email your parents right now to tell them unless you agree to a 40% price hike.

I jest. Just. But such a world is clearly inbound, even if it's not always clear whether the mass manipulation is deliberate or not. Take Twitter. Twitter recently updated its iPhone app, so now it automatically notifies you when certain events occur, whether you're using it at the time or not. So if lots of people retweet something you've said, or a celebrity mentions you, it'll interrupt whatever you're doing with the equivalent of a text message. You're trending in Bristol! Kevin Spacey favourited your tweet! It's a pat on the head; a reinforcement. You did good. Have a marshmallow.

It's a positive reinforcement system: one that, over time, seems doomed to subtly mould the personality the user projects online, like a stream gradually sculpting a pebble. And it's not just about social approval. Aside from humour, the best way to guarantee a reaction is to provoke others – either in agreement or disagreement. Rather than bringing us together, it seems almost perfectly designed to encourage polarisation. The end result: diametrically opposed networks of nudged and prodded pebble people gently rattling together in agreement, clashing loudly when they encounter dissent.


That's depressing. So you go on Facebook to complain about it. To warn humankind. But it seems humankind doesn't want to know. All you see is a steady stream of your friends leaping about on bouncy castles, "liking" things and posting the sunniest Carpenters' lyrics they can think of. The positive imagery enters your bloodstream and you start to feel better. You put your feet up and forget about it. You update your status to "lovin' life!!!!!" and munch a chocolate biscuit. And somewhere in Facebook boss Mark Zuckerberg's underground control centre, one more tiny pixel in the immense constellation of human data points that sprawls like a wondrous cloud galaxy across a wall of screens the size of the Hoover dam winks from red to green, taking him one further microscopic step toward what he secretly likes to think of as "phase two".



O Facebook manipula o nosso feed. E se fizer o mesmo connosco?
HUGO TORRES 30/06/2014 - PÚBLICO
Quase 700 mil utilizadores da rede social foram submetidos a um teste comportamental sem o seu conhecimento. Uma prática eticamente questionável.

Há anos que a influência das redes sociais no comportamento humano, dentro e fora da Internet, tem sido estudada por todo o mundo. Os resultados têm mostrado, até agora, que existe uma relação entre as acções dos utilizadores dessas redes e o contexto a que nelas são expostos. Agora, a maior de todas elas, o Facebook, decidiu contribuir para o debate académico. Mas não se limitou a observar: decidiu manipular os seus utilizadores. E à revelia.

O Facebook dividiu 689.003 utilizadores em dois grupos e filtrou o tipo de conteúdo que cada um deles recebeu no seu “feed de notícias” durante uma semana: uns receberam menos conteúdo “positivo” do que o habitual; os outros, menos publicações “negativas”. O objectivo era perceber se a exposição a conteúdos ligeiramente diferentes afectava o comportamento dos sujeitos da experiência na mesma rede social. Alterou, ainda que de forma pouco significativa.

Os autores do estudo – Adam Kramer, do departamento de investigação do Facebook; Jamie Guillory, da Universidade da Califórnia; e Jeffrey Hancock, da Universidade de Cornell – argumentam que “os estados emocionais podem ser transferidos para outras pessoas através do contágio emocional”. E dizem que o estudo o prova. Contudo, o que a experiência mostra é apenas que o comportamento dos utilizadores foi alterado pelas modificações introduzidas.

O que se verificou foi um decréscimo de 0,1% no número de “palavras positivas”, no grupo dos utilizadores que viram reduzidas as publicações com o mesmo tipo de vocábulos no seu feed, e uma diminuição de 0,07% no total de “palavras negativas” entre os que foram menos expostos a esse tipo de conteúdos. Ao todo, foram analisadas mais de três milhões de publicações (posts), contendo mais de 122 milhões de palavras – 3,6% das quais negativas e 1,6% positivas.

O artigo foi publicado, de forma discreta, na revista Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS) de 17 de Junho. A imprensa norte-americana só lhe deu destaque neste fim-de-semana, mas assim que o fez irromperam as críticas severas. Internautas e académicos mostraram-se estupefactos por o Facebook submeter pessoas a testes de manipulação psicológica sem o seu “consentimento informado”, como exige a lei nos EUA desde 1981.

O Facebook respondeu às acusações de falta de ética através de um porta-voz, que disse à Forbes: “Reflectimos cuidadosamente sobre as pesquisas que fazemos e temos um forte processo de análise interna. Não há recolha desnecessária de informação das pessoas com estas iniciativas de investigação e toda a informação é conservada em segurança.” Os participantes foram seleccionados aleatoriamente de entre os que então usavam a rede em inglês.

No entanto, o que está em causa não é a privacidade. É o facto de se terem manipulado seres humanos sem pelo menos os informar no final, como a lei norte-americana impõe que se faça quando estudos de evidente interesse público só são exequíveis sem o conhecimento dos sujeitos. A esse propósito, a empresa entende que todos os seus utilizadores deram o seu consentimento no momento em que aceitaram as condições de utilização para criar um perfil no site.

James Grimmelmann, professor de Direito da Universidade de Maryland, defende que esse “consentimento” é uma “ficção legal, concebida para facilitar as interacções online”. A política de utilização de dados do Facebook – bem mais extensa do que o artigo publicado na PNAS – não inclui uma descrição com os procedimentos deste ou de outros estudos, nada diz sobre possíveis riscos e não permite que se opte por não participar.

“O Facebook escolheu caminhar num campo de minas legal e ético; devemos sentir pouca compaixão quando ocasionalmente explode”, acrescentou Grimmelmann, no seu blogue. O próprio Adam Kramer, co-autor do estudo, acabou por reconhecer que “os benefícios da investigação talvez não tenham justificado toda a ansiedade” gerada à volta do artigo.


O feed de notícias, onde lemos actualizações de amigos e páginas, é gerado individualmente a partir de um algoritmo. Não é a rede tal como a veríamos sem filtros. Se já existiam críticas ao afunilamento da realidade que provoca, agora os receios agravam-se. Não só por poderem vir a ser introduzidas variantes ao algoritmo que nos atirem para uma ficção distópica huxleyana, mas por a reacção a este estudo poder inibir o Facebook de publicitar os testes que levar a cabo no futuro. Como é uma empresa privada, não necessita de aprovação de uma comissão de ética.

The real enemies of press freedom are in the newsroom

‘A political monoculture afflicts much of the press. Reports that might reveal a different side of the story remain unwritten.' Photograph: Tetra Images/Corbis

The real enemies of press freedom are in the newsroom
The principal threat to expression comes not from state regulation but from censorship by editors and proprietors

George Monbiot

Three hundred years of press freedom are at risk, the newspapers cry. The government's proposed press regulator, they warn, threatens their independence. They have a respectable case, when you can extract it from the festoons of sticky humbug. Because of the shocking failures, so far, of self-regulation, I'm marginally in favour of the state solution. But I can also see the dangers.

Those who cry loudest against the regulator, however, recognise only one kind of freedom. In countries such as ours, the principal threat to freedom of expression comes not from government but from within the media. Censorship, in most cases, happens in the newsroom.

No newspaper has been more outspoken about what it calls "a chill over press freedom" than the Daily Mail. Though I agree with almost nothing it says, I would defend its freedom from state censorship as fiercely as I would defend the Guardian's. But, to judge by what it publishes, within the paper there is no freedom at all. There is just one line – echoed throughout its pages – on Europe, social security, state spending, tax, regulation, immigration, sentencing, trade unions and workers' rights. Labour is always too far to the left, even when it stands for nothing at all. Witness the self-defeating headline on Monday: "Red Ed 'won't unveil any policies in case they scare off voters'." Ed is red even when he's grey.

This suggests either that any article offering dissenting views is purged with totalitarian rigour, or general secretary Paul Dacre's terrified minions, knowing what is expected of them, never make such mistakes in the first place.

A similar political monoculture afflicts much of the press. Reports that might reveal a different side of the story remain unwritten. A free market in news is not the same as a free press, unless freedom is defined so narrowly that it refers only to the power of government, rather than to the power of money.

The monomania of the proprietors – or the editors they appoint in their own image – is compounded by an insidious, incestuous culture. The hacking trial revealed a world, as Suzanne Moore notes, of "sleepovers, dinners, flowers and presents ... in which genuine friendship is replaced by nightmare networking". A world in which one prime minister becomes godfather to a proprietor's child and another borrows an editor's horse, and an industry that is supposed to hold power to account brokers a seamless marriage between loot and boot.

On Mount Olympus, the gods pronounce upon issues that afflict only mortals: columnists with private-health plans support the savaging of the NHS; editors who educate their children privately heap praise upon Michael Gove, knowing that their progeny won't suffer his assault on state schools.

It doesn't matter, the defenders of these papers say: there are plenty of outlets, so balance can be found across the spectrum. But the great majority of papers, local as well as national, are owned by exceedingly rich people or their companies, and reflect their views. The owners, in the words of Max Hastings, once editor of the Daily Telegraph, are members of "the rich men's trade union", who "feel an instinctive sympathy for fellow multimillionaires". The field as a whole is unbalanced.

So pervasive are these voices that they seem to dominate even outlets they do not own. As Robert Peston, the BBC's economics editor, said last month, BBC News "is completely obsessed by the agenda set by newspapers ... if we think the Mail and Telegraph will lead with this, we should. It's part of the culture."

An analysis by researchers at Cardiff University found a deep and growing bias in the BBC in favour of bosses and against trade unions: five to one on the 6 o'clock news in 2007; 19 to one in 2012. Coverage of the banking crisis – caused by bankers – was overwhelmingly dominated, another study shows, by interviews with, er, bankers. As a result there was little serious challenge to their demand for bailouts and their resistance to regulation. Mike Berry, who conducted the research, says the BBC "tends to reproduce a Conservative, Eurosceptic, pro-business version of the world".

Last week, a brilliant and popular columnist for the Times, Simon Barnes, was sacked after 32 years. He was told that the paper could no longer afford his wages. But he wondered whether it might have something to do with the fierce campaign he's been waging against the owners of grouse moors, who have been wiping out the rare hen harriers that eat their quarry. It seems at first glance ridiculous: why would someone be sacked for grousing about grouse? But after experiencing the furious seigneurial affront with which a former senior editor at the Times, Magnus Linklater, responded to my enquiries about his 4,000-acre estate in Scotland and his failure to declare this interest while excoriating the RSPB for trying to protect hen harriers, I'm not so sure. This issue is of disproportionate interest to the rich men's trade union.

The two explanations might not be incompatible: if a paper owned by a crabby oligarch wanted to sack people for reasons of economy, it might look first at those engendering complaints among the owner's fellow moguls. The Times has yet to give me a comment.

Over the past few weeks, Private Eye has published several alarming claims about what it sees as censorship by the Telegraph on behalf of its advertisers. It says that extra stars have been added to film reviews, and that a story claiming HSBC had overstated its assets was spiked from on high so as not to offend the companies that pay the rent. The Telegraph told me: "We do not comment on inaccurate pieces from a satirical magazine like Private Eye."


Whatever the truth in these cases may be, it does not take journalists long to learn where the snakes lurk and the ladders begin. As the journalist Hannen Swaffer remarked long ago: "Freedom of the press ... is freedom to print such of the proprietor's prejudices as the advertisers don't object to." Yes, let's fight censorship: of the press and by the press.

Pânico sobre saúde de bancos búlgaros leva a cinco prisões. Corrida aos depósitos força UE a abrir linha de crédito à Bulgária.


Pânico sobre saúde de bancos búlgaros leva a cinco prisões
Presidente tenta tranquilizar população, numa altura em que foram convocadas eleições antecipadas
30 jun 2014 / PÚBLICO

 As autoridades búlgaras prenderam ontem três pessoas suspeitas de conspiração para desestabilizar o sistema bancário. No total, são agora cinco os detidos, acusados de difundirem falsas informações sobre a situação financeira dos principais bancos comerciais, que já levaram a uma corrida dos clientes às agências.
O persistentes rumores de insolvência do sistema bancário búlgaro levaram o banco central a informar que houve uma tentativa orquestrada para minar a credibilidade do sistema bancário.
O Presidente da República viu-se obrigado a tranquilizar os depositantes, procurando evitar corridas aos bancos na segunda-feira. “O dinheiro dos cidadãos e das empresas [guardado] nas instituições financeiras está seguro e garantido. Os bancos vão continuar a funcionar com normalidade”, disse Rosen Plevneliev, após reuniões com líderes políticos, com o ministro das Finanças e com a chefia do banco central.
Na sexta-feira, após meses de crise política, o Presidente da República anunciou a dissolução do Parlamento, a nomeação de um Governo interino a partir de 6 de Agosto e a convocação de eleições a 5 de Outubro.
Houve uma corrida aos depósitos na sexta-feira, que fez com que os clientes do First Investment Bank, o terceiro maior do país, levantassem mais de 408 mihões de euros. Apesar das garantias da administração e dos analistas sobre a saúde financeira da instituição, as acções caíram 23% e o banco teve de encerrar.
O banco central teve de assumir o controlo do Corporate Commercial Bank, quarta maior instituição de crédito do país mais pobre (e um dos mais corruptos) da União Europeia, que não integra o euro.
A repetição de “rumores falsos e mal-intencionados” sobre a alegada falta de liquidez do sistema bancário levou as autoridades a abrir uma investigação criminal. As primeiras detenções aconteceram menos de 24 horas depois: a polícia da cidade de Ruse confirmou que um indivíduo envolvido em acções contra instituições monetárias estava a ser interrogado pela agência de segurança nacional. Os outros quatro indivíduos foram detidos na capital, Sofia.
Segundo a Bloomberg, alguns dos indivíduos detidos deviam largas somas ao banco — o que poderá ter motivado a sua acção. De acordo com as autoridades, os cinco distribuíram rumores que levaram as pessoas a levantar os seus depósitos através de mensagens por SMS, emails e nas redes sociais.
Um responsável do Institute for Market Economics, Petar Ganev, garantiu à BBC que a situação financeira do país é estável, que “a liquidez dos bancos búlgaros até é superior à dos europeus” e que o rating do país se mantém elevado, “apesar do pânico”. Como notava a Reuters, a Bulgária é um dos países da UE com um menor endividamento público e um dos menos expostos à turbulência dos mercados internacionais.

Mas o país atravessa um período de instabilidade, com manifestações de rua contra o Governo, a braços com acusações de angariações ilícitas.

Corrida aos depósitos força UE a abrir linha de crédito à Bulgária
SÉRGIO ANÍBAL 30/06/2014 - PÚBLICO
Depois de Chipre, mais um país da UE é palco de filas às portas dos bancos. Mas autoridades búlgaras garantem que o sistema financeiro é saudável.

Pânico injustificado provocado intencionalmente por um pequeno grupo de pessoas ou sinal de debilidades graves no sistema financeiro do país? A dúvida colocou-se nesta segunda-feira, na Bulgária, que viu a União Europeia conceder-lhe um empréstimo de emergência de 1680 milhões de euros para travar o clima de instabilidade lançado pela corrida aos depósitos que se registou, no espaço de apenas uma semana, em dois dos principais bancos do país.

Tudo começou na semana passada com o Corporate Commercial Bank, conhecido como Corpbank. Depois de uma série de notícias que colocavam em causa a fiabilidade do banco, os seus clientes começaram a retirar dinheiro dos depósitos. O fenómeno intensificou-se de tal forma que o banco central se viu forçado a suspender o funcionamento da instituição financeira.

Na passada sexta-feira, foi a vez do First Investment Bank. Começaram a circular mensagens de telemóvel a aconselhar os clientes do banco a retirar o seu dinheiro e estes, já assustados com o que tinha acontecido no Corpbank, iniciaram mais uma corrida aos depósitos, formando filas extensas à porta da instituição financeira. Antes de o banco fechar as suas portas, foram levantados cerca de 800 milhões de lev (um valor ligeiramente acima de 400 milhões de euros).

Para tentar estabilizar a situação, a Comissão Europeia aprovou nesta segunda-feira o pedido feito pelas autoridades búlgaras para uma linha de crédito de 1680 milhões de euros. Bruxelas garante em comunicado que o dinheiro é entregue apenas “razões de precaução”, defendendo que o sistema financeiro búlgaro está “bem capitalizado e tem elevados níveis de liquidez quando comparado com os seus pares de outros países da União Europeia”.

Para já, apesar de as imagens de filas intermináveis às portas dos bancos poderem ter um impacto imprevisível na confiança das pessoas no sistema bancário, a maior parte dos analistas internacionais continua a defender que o sector financeiro na Bulgária é bastante sólido, não existindo razões para que os problemas se agravem e espalhem por mais bancos. Em particular, dá-se destaque ao facto de os bancos com problemas representarem 18,5% do mercado do país, sendo que 68,7% é dominado por bancos estrangeiros, em relação aos quais não há para já qualquer problema detectado.

As agências de rating internacionais não realizaram qualquer alteração às classificações atribuídas ao país e defendem que tem reservas suficientes para fazer face a uma eventual pressão que seja feita sobre a divisa búlgara, que até agora mantém um valor relativamente estável.


A intervenção europeia parece também estar a ser recebida positivamente pelos mercados. Depois de, na semana passada, as acções do sector bancário terem registado quedas fortes,n esta segunda-feira voltaram a subir, valorizando-se mais de 4% nas horas a seguir ao anúncio do apoio financeiro europeu.

Cameron was right about Juncker. Which makes his defeat more dire


Against the tide: David Cameron's relationship with German chancellor Angela Merkel has been strongly tested. Photograph: Jonathan Nackstrand/AFP/Getty Images
Cameron was right about Juncker. Which makes his defeat more dire
If he couldn't swing this one, what are the chances now for the humiliated prime minister's European ambitions?
    Andrew Rawnsley     
Endeavouring to put some self-righteous spin on a humiliating defeat, David Cameron declared it "a bad day for Europe". Whether or not that turns out to be true, it was a diabolical day for him. He was not absolutely Nobby Sans Mates when they voted on Jean-Claude Juncker. It was 26 against two after the Hungarian prime minister raised one other futile hand to object to making the Luxembourger the next president of the European Commission. Somehow, having one friend made Mr Cameron's isolation look even worse.

No previous British prime minister has suffered such a high-profile reverse in Europe. Never before have other heads of government overridden a leader of one of the biggest states when he had a fundamental objection to a senior appointment. There has been a tilt in power to the European parliament, which will have a say on any new terms for British membership that Mr Cameron, if re-elected, might negotiate before the referendum he has promised for 2017. The Tory Europhobes are deliriously happy to see their leader crash and burn, citing his failure to stop the Luxembourger as evidence that the prime minister's renegotiation strategy is doomed before he has even spelled out what he wants. His policy of investing all his hopes in Angela Merkel proved to be a spectacular flop when she deserted him. Rarely, if ever, has Britain suffered such a rout on so many fronts in Europe.

I write this as someone who agreed with David Cameron about Jean-Claude Juncker. You don't have to be a swivel-eyed Europhobe to regard the uninspiring fixer from Luxembourg as a bad answer to the big questions facing Europe. I am with the prime minister in thinking that the notion that the European elections gave him a sort of "popular mandate" to be president of the commission is a nonsense. I believe David Cameron when he intimates that many of his fellow European leaders have been two-faced: privately disparaging the Luxembourger as a lousy choice but then nominating him anyway.

All that makes this defeat the more dire. He had sound arguments both about the principle of the process and the person being pushed for the job. There was little love for the Luxembourger even among other Eurocrats. The prime minister ought to have had allies among his peer group. And yet still he lost. Not only lost, but ended up in a minority of two.

The genesis of this defeat can be traced back to 2005 when he was running for the Tory leadership. He threw a bone to the right of his party by saying he would take the Conservatives out of the European People's party. A few wise voices cautioned that exiling the Tories from the main centre-right grouping in Europe would cause trouble down the line. The leader of the German Christian Democrats, one Mrs Merkel, was baffled and cross. It set a pattern that has since been repeated of Mr Cameron throwing chunks of meat off the back of his sledge to try to sate the pursuing pack of Europhobic Tory beasts. Leaving the EPP not only excluded him from the group's formal decision-making, it also cut him out of the less formal encounters where deals are made and alliances are struck. Had the Conservatives been in the EPP, it is quite likely they could have stopped the Juncker juggernaut before its engine was even running.

For that failure of foresight all those years ago, Mr Cameron at least has some sort of excuse that he was young, naive – and desperate to win his party's leadership. After four years of being prime minister, there is no alibi for failing to prepare properly for this battle and then conducting it in a self-harming fashion.

Mr Cameron is often quite a supple deal-maker at home. In Europe, egged on by the backbenchers who he so often seeks to appease, he has been hopelessly crude. It is hard to disagree with the critique of his negotiating skills by the Polish foreign minister, Radoslaw Sikorski. The Pole is an anglophile and a great admirer of Margaret Thatcher. He went to Oxford where, just like the prime minister, he was a member of the Bullingdon Club. In a private conversation leaked to the Polish press, Mr Sikorski observed of Mr Cameron: "He fucked up... His whole strategy of feeding scraps just to satisfy them [Europhobic Tories] is, just as I predicted, turning against him."

What the language lacks in diplomatic nicety it gains in pungent summary of why Mr Cameron has alienated European countries that ought to be naturally sympathetic to him and to Britain. Nick Clegg has repeatedly despaired to colleagues that his Tory coalition partners are "totally tone deaf when it comes to talking to the rest of Europe", with the result that "they are loathed in foreign capitals".

Mr Clegg agreed with all of Mr Cameron's objections to Mr Juncker. The deputy prime minister deployed his contacts and linguistic skills to help with the fight. I am told he made "endless calls" around Europe trying to find allies for Britain. More than once, Mr Clegg warned Mr Cameron to mind his language. It was counter-productive to attack the Luxembourger in a personal and vitriolic manner and just as foolish to melodramatically cast Britain as glorying in isolation. Supporters of Mr Juncker turned Mr Cameron's noisy campaign against the prime minister by making it an issue not of whether the Luxembourger was fit for the job, but whether Europe was going to surrender to bullying and blackmail threats by its most truculent member.

The critical actor in the prime minister's failure was his supposed greatest friend, Angela Merkel. Once she'd declared that Mr Juncker was her candidate, it was the effective death of Mr Cameron's strategy. The leaders of Holland and Sweden swallowed their own doubts and fell into line behind Mrs Merkel because, in the words of one senior official: "They didn't want to be on the wrong side of Germany." Though Mr Cameron was still talking gamely about forming a blocking minority, well-placed observers report that he already sensed that the game was up by the time of the "rowing boat" summit in Sweden three weeks ago.

There are two main interpretations as to why it ended in a debacle. One is that David Cameron misread the German chancellor from the start. He thought he had promises from her that she was just as determined to stop Mr Juncker, but it turned out that something got lost in translation between the two of them.

The other version of events, and this is the one related by Number 10, is that the German chancellor has badly let down the prime minister. She told him some months ago that she shared all his doubts about the Luxembourger and gave firm private assurances that a way would be found to block him. There was then a pro-Juncker, anti-British backlash in the German media and from within her own coalition. Mrs Merkel buckled, flip-flopped and embraced Mr Juncker as her candidate. Though the Lib Dems despair of the Tory approach towards Europe, on this occasion one of their most senior cabinet members expresses a sliver of sympathy for the prime minister. "No one could have predicted that Merkel would just turn on a sixpence when she encountered domestic resistance."

Whichever of these interpretations you favour – I'm rather persuaded by the second one – neither augurs well for Mr Cameron when it comes to a renegotiation. He has predicated the success of that enterprise almost entirely on his relationship with the German chancellor. He has piled up all his chips on Frau Merkel. He has assumed that she would help him package up a renegotiation with enough "concessions" to Britain to allow him to recommend a yes vote in a referendum.

Crucially, he has also assumed that she can deliver everyone else to a deal as well. Some of us have been warning for some time that he has staked too much on Mrs Merkel. Yes, she is a highly skilled politician. Yes, she is the most powerful woman in Europe. Yes, she would like Britain to remain within the EU. But she is subject to her own domestic pressures – she isn't where she is without being ruthlessly protective of her interests and she will not make huge sacrifices of her own political capital just to help Britain.

There are many lessons from this debacle for the Tory leader. One is – and this he really should have guessed already – that Mrs Merkel cares more about her own political skin than she does about David Cameron's hide. If he can't block a poorly regarded former prime minister of a very small country who has a notorious weakness for fermented fruit in liquid form, how is David Cameron going to succeed in his self-defined and much more challenging ambition of keeping Britain in the European Union after a renegotiation of the terms of membership?

That's not a bad question just because it is being most gleefully asked by joyful Europhobes