OPINIÃO
Não aprendemos nada?
ANA BENAVENTE
22/06/2014 - PÚBLICO
Sei muito do mundo. Só não sei o que propõe o PS para Portugal e para a
Europa.
1.Vivemos três
anos em que políticos ao serviço do capital financeiro trouxeram de volta a
pobreza e a destruição do Estado Social. Vivemos anos em que mergulhámos na
crise mundial e europeia, pretexto para um brutal retrocesso democrático e de
bem-estar social no nosso país.
Vivemos tempos em
que o governo de direita faz abertamente chantagem com o Tribunal
Constitucional – e o refém é o povo. Vivemos numa Europa cheia de ameaças
nacionalistas, de guerras e de imigrantes clandestinos. São tempos de
interrogações sobre alternativas para sociedades mais justas e solidárias, para
refundar a Europa e refundar as democracias.
2. E que faz o
PS? Depois de uma fraca oposição ao governo, começa uma luta interna, um
folhetim com muitos episódios, que vai durar todo o verão.
Para deleite dos
media e sem responder às perguntas dos portugueses.
Onde está a
Internacional Socialista? Qual o seu papel na Europa de velhas e de novas
guerras? E os Partidos Socialistas? Reuniram para analisar os resultados das
eleições europeias que deram voz a múltiplas direitas? Por que razão só agora,
diante de uma competição pela liderança, o PS acorda para a sua abertura aos
cidadãos? Se o tivesse feito há três anos atrás, talvez a nossa realidade fosse
diferente. Mas não o fez. Só agora desperta, fora de horas. Não é em tempo de
incêndios que se preparam as estratégias de prevenção. Aliás, estes parecem
fazer, inevitavelmente, parte da nossa paisagem, tão regulares como a época
balnear, sempre, todos os anos, como se de um fenómeno natural e fatal se
tratasse, sem que, fora da época de calor, se encontrem soluções para o que tem
que ser a excepção e não a regra, os incêndios. Uma boa imagem para a abertura
dos partidos à sociedade.
3.Os partidos
avançam, à direita com um massacre mediático de pálidas mas perigosas figuras,
a começar por ex-secretários geral e por deputados que não sabemos quem são mas
não hesitam em ditar os nossos destinos e a ameaçar tudo e todos que se lhes
oponham. A economia não arranca, agitam mais um aumento de impostos. Num
aparente desconcerto entre ministros, vão-nos puxando para o passado.
Quanto ao PS, há
questões que gostaria de ver respondidas:
– Se muitas
pessoas não hesitam, com demasiada frequência, em duvidar da “política” e dos
“políticos”, acham que estão a agir bem, face às responsabilidades de um
partido socialista para com todos os portugueses?
– Que se propõem
fazer quanto à reestruturação da dívida? Vão continuar a sangrar o país e os
cidadãos para pagar nas condições impostas pelos credores? Isto é política,
muito mais do que economia.
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