Marinho e Pinto. "O MPT vai permitir soluções de governo ao PS"
Por Pedro Rainho
publicado em 28
Jun 2014 in
(jornal) i online
Com as legislativas na mira, diz que quer viabilizar soluções para os
problemas. Seja a "captura" do PSD pelo CDS ou dando a mão ao PS no
governo
A conversa com
Marinho e Pinto é um autêntico ziguezague ideológico. Começou, na representação
do Parlamento Europeu em Lisboa, quando a selecção nacional ainda tinha meia
hora de ilusão pela frente e só terminou já o estádio estaria vazio. Na análise
ao jogo político, o eurodeputado destaca-se na finta aos cânones políticos de
esquerda e direita. No final, uma certeza: o ex-bastonário da Ordem dos
Advogados vai estar na corrida às próximas legislativas.
Primeiras
impressões de Bruxelas?
É uma sensação de
estar perdido, dada a imensidão da instituição.
Já tem gabinete?
Um eurodeputado
que vai sair disponibilizou-me o seu gabinete. Mas ainda não sei chegar lá. Aquilo
é um espaço enorme e labiríntico. Já contratei uma assistente, uma pessoa que
já lá estava. Isso é que me tem valido, senão andava ali perdido. Somos de um partido
que não tinha antecedentes de representação.
Já conseguiu ter
uma noção do ambiente que se vive no Parlamento Europeu?
Ainda é muito
cedo. Aquilo terá todas as vantagens e todos os inconvenientes de uma
instituição com 751 deputados, 600 e tal tradutores, 3000 e tal funcionários.
Qual é a
principal vantagem?
Não há queixas de
natureza financeira. O dinheiro que disponibilizam para os deputados é
chocante.
Demasiado
dinheiro?
Demasiado,
demasiado. Para deputados oriundos de países como o meu, onde parte do povo
pede esmola e pessoas saem porque não têm onde trabalhar, chegar e ver as
disponibilidades financeiras... há qualquer coisa de errado.
O que é que está
errado?
Não sei. Mas há
qualquer coisa de errado nisto.
Há uma grande
distância entre Bruxelas e a realidade dos países?
É chocante.
Represento um povo que foi esmifrado até ao tutano nos últimos três anos. Um
povo a quem praticamente arrancaram as tripas para pagar défices. Sinto-me mal
num ambiente daqueles, onde não há dificuldades financeiras. Podia calar-me,
saborear os benefícios pessoais que isso traz, mas sinto-me mal, porque
represento um povo que é pobre.
Para primeira
impressão, a imagem que traz não é positiva.
Não é, embora eu
pense que, em geral, em Portugal, os titulares de órgãos de soberania estão mal
remunerados. Mas aquilo é demais.
Terça-feira toma
posse...
Outra manigância
que me surpreende.
Viajar entre
Bruxelas e Estrasburgo?
Gastam-se milhões
de euros para satisfazer o capricho de um Estado-membro. É aberrante. É gastar
dinheiro que não é dos deputados, é dos contribuintes.
Os eleitores
portugueses terão noção dessas condições?
Não há essa
percepção. O que não quer dizer que um deputado não deva ter condições de
trabalho dignas e, até, em alguns aspectos, melhores do que a generalidade dos
funcionários públicos e do sector privado. Mas ali abusa-se.
Qual será a sua
primeira intervenção no Parlamento Europeu?
Vou falar dos
problemas que tratei na campanha. Há um problema de falta de liberdade em
Portugal. Liberdade, medo de ser livre e má utilização da liberdade por certas
elites, sobretudo em Lisboa.
É estranho ouvir
alguém que sentiu a repressão do Estado Novo falar hoje em falta de liberdade.
Eu conheci
pessoas antes do 25 de Abril que não tinham medo. E enfrentavam e pagavam o
preço que a liberdade exigia. Quem quer ser livre paga sempre um preço. E há
pessoas da mesma têmpera que hoje não pagam o preço que ser livre lhes
exigiria.
Que preço é esse?
Uma carreira
profissional, um emprego, uma perseguição, um enxovalho público, como tem
acontecido comigo. A deturpar, a caluniar, porque não lhes agradam as minhas
ideias. Recorrem ao insulto e às calúnias mais soezes, mais primárias, mais
sórdidas que se possa imaginar. Há pessoas que me chamam energúmeno na
televisão.
Incomoda-o a
forma como muitas vezes se referem a si?
Incomoda-me a
mentira, a calúnia, a falta de isenção e o falsificarem deliberadamente factos
a meu respeito para tentar descredibilizar. Antigamente, havia pessoas que
odiavam outras e eram capazes de contratar um pistoleiro para o abater. Hoje, é
mais fácil contratar um pseudo-jornalista para caluniá-lo.
Há uma campanha
montada contra si?
Não digo que seja
uma campanha, embora haja algumas empresas de comunicação que não gostam de mim
porque tenho proposto que fosse criado o crime de corrupção jornalística para
punir os jornalistas que se deixam corromper e quem corrompe jornalistas. E há
pessoas que se sentem ameaçadas se isso avançar.
São ataques mais
do meio jornalístico ou do meio político?
Há jornalistas
que não gostam de mim e atacam-me publicamente para agradar a pessoas que eu
critico.
Que pessoas?
Membros do
governo, figuras do mundo político e empresarial.
Esses ataques
acontecem porque Marinho e Pinto assusta?
Eu não sou cómodo
para certos poderes. Em geral, para os poderes. Seja o judicial, seja o
político, seja até o poder empresarial e mediático. E eles reagem. Mas eu nunca
ataquei pessoas, não ataco pessoas. Mesmo quando me refiro a A, B ou C, faço-o
na sua dimensão pública.
Isso já acontecia
antes de entrar para a política.
A intensificação
desses ataques a partir das eleições é flagrante.
Porquê?
Pela ameaça que o
MPT, e eu à frente do MPT, estamos a representar para certos interesses
políticos instalados. Nós emergimos com 7% do eleitorado. Veja o que se está a
passar no PS.
Acha que tem
alguma responsabilidade naquilo que está a acontecer?
Deixo essa
conclusão para quem tiver tempo e conhecimentos para fazer a análise que as
eleições merecem.
Mas não foi
buscar votos ao PS?
O MPT foi o
partido com a votação mais homogénea em todo o território nacional. Em todos os
distritos fomos terceiro ou quarto. De repente. E tivemos uma campanha sem
meios e sem cobertura.
A verdade é que
as europeias revolveram o PS. António Costa fez bem em avançar para a
liderança?
Os mandatos
democráticos são para respeitar. O que move o António Costa e a gente à volta
dele não é o facto de o PS perder as eleições [legislativas de 2015]. É o facto
de o PS as ganhar, a certeza de que o PS vai ganhar as próximas eleições. Há
ali muito interesse económico à volta. O António José Seguro não foi um
marciano que caiu na liderança. Ele era conhecido no PS. Só agora é que
descobriram que não tem qualidades? Cheira-lhes a poder. Será muito mau exemplo
para a democracia portuguesa se esta insurreição vingar.
Que significado
atribuiu ao resultado?
Há um
descontentamento com a forma como se faz política em Portugal. Designadamente a
promiscuidade entre interesses públicos e privados.
E o senhor é a
voz da razão?
Não sou, acho que
a política é uma arte nobre que deve ser defendida como tal. É a forma de
resolver problemas colectivos e não pessoais ou familiares. Não se deve ir para
a política para arranjar emprego para si próprio, para os familiares ou amigos.
Nem para fazer carreirismo político. Isso faz com que subalternizem os
interesses que pretendemos representar e defender. O povo não acredita hoje no
parlamento, no governo, nos juízes, nas instituições democráticas. E isto é
perigoso.
Em que sentido?
É o caldo onde as
serpentes chocam os seus ovos. A minha intervenção faz um diagnóstico e
transmite esperança ao povo português. Em toda a Europa emergiu a
extrema-direita. Aqui em Portugal, o que é que emergiu? Um partido
profundamente democrático, com uma pessoa profundamente democrática e empenhada
na democracia, no pluralismo, na liberdade, nos valores de um Estado moderno,
de Direito, democrático e social. Isto deveria fazer pensar algumas pessoas que
se sentem ameaçadas com a minha intervenção.
Candidatou-se às
europeias porque queria credibilizar a política.
E fazer reformas
no país. Encontrar soluções políticas para os graves problemas do país. Para os
bloqueios políticos.
Como é que
consegue fazer isso estando em Bruxelas?
Bruxelas é um
primeiro passo da minha entrada na política. Eu entro através de Bruxelas, não
vou morrer em Bruxelas. Para o ano há eleições e o MPT vai concorrer e vamos
disputá-las.
É tido como uma
pessoa que analisa os passos que vai dar. É verdade?
Sim, já dei
passos insensatos, mas não ando a correr. Quando vamos a correr não olhamos
para o terreno que pisamos. Estive seis anos na Ordem dos Advogados, como
bastonário. Fui incentivado por muitas pessoas a criar um partido. Sempre disse
que não. Eu sou lento, quer nas decisões quer na sua execução.
Já entregou a
carteira profissional?
Pedi já a
suspensão. Essa é uma das piores formas de promiscuidade que existe na nossa
vida pública. Recusei convites de vários partidos porque os vícios são tão
grandes que não é possível fazer reformas a partir deles.
Já está a pensar
nas legislativas.
Claro! E, se for
caso disso, até poderei deixar Bruxelas e vir para Portugal.
Onde que é que
MPT se vai posicionar?
O MPT vai ocupar
o espaço que permite soluções políticas duradouras e soluções para os graves
problemas nacionais.
E como é que pode
fazer isso?
Libertando o PSD,
se necessário, do abraço e da captura de que foi alvo por parte do CDS e
permitindo soluções de governo ao próprio PS.
O MPT poderá
coligar-se ou com o PSD ou com o PS?
Não somos muleta
de ninguém. Seremos sempre uma componente para resolução efectiva dos problemas
políticos, sociais e económicos da sociedade portuguesa.
E vai querer ter
voz no governo?
O MPT terá sempre
um papel e uma palavra decisiva nas soluções que for necessário encontrar.
Mas não me
respondeu. O MPT quer integrar o próximo governo?
Não é ser
governo. Nós viabilizaremos soluções para os problemas. Não estamos à procura
de ser governo. Não enjeitaremos as responsabilidades, mas, se for caso disso,
ocuparemos e assumiremos as responsabilidades.
O partido
conseguiria o mesmo resultado sem Marinho e Pinto nas listas?
Veja os
resultados que teve antes de mim e os que teve quando apareci. É um facto
objectivo.
Isso torna
praticamente certa uma lista com o seu nome à cabeça, em 2015.
Desde que levei
uma coça da polícia, aos 18 anos, por entrar numa manifestação contra uma
guerra num país que eu nem sabia onde ficava, num tal Vietname, porque vi uma
criança com as costas queimadas por napalm por bombardeamentos americanos, isso
virou-me ao contrário. Desde aí, a minha vida tem sido um permanente combate
pela defesa dos direitos humanos, da dignidade. Quer como jornalista, quer como
advogado, passei a vida a testemunhar e a resolver os problemas das pessoas. Conheço
profundamente o povo português.
Quer encabeçar a
lista do MPT às próximas legislativas?
Estamos a um ano.
Qual é o problema? Não era a primeira vez. O que mais houve em Portugal foram
deputados ao Parlamento Europeu que se candidataram à AR e vice-versa. Até deve
ser saudado que uma pessoa que tem remunerações tão elevadas no Parlamento
Europeu abdique delas por bem menos em Portugal.
E teria vontade
de cumprir esse papel?
Constatei ao
longo da minha vida, sobretudo nos últimos seis anos como bastonário, que é
através da política que se resolvem os problemas. Terei, em cada momento, a
intervenção que julgar adequada e necessária.
O MPT tem gente
para, eventualmente, ocupar oito lugares na Assembleia?
Claro. E não têm
que ser todas do MPT.
Sente-se um
justiceiro?
Justiceira é a
ministra da Justiça.
Gostava de ser o
próximo nesse lugar?
Não, não.
Não se vê como
ministro da Justiça?
Não vejo, não
vejo, não vejo. Conheço bem o povo português. Dizem que ser bastonário me deu
notoriedade. Eu fui para bastonário porque tinha notoriedade, pelo interesse
que tinham as minhas intervenções.
Há quem prefira
dizer que o senhor tem um discurso fácil.
Se é fácil,
porque é que ninguém o tem?
Algum partido
quererá juntar-se a uma voz dissonante?
Fui convidado por
alguns partidos grandes e pequenos. Eu escolhi o partido. As pessoas
criticam-me, chamam-me populista. Populista, eu? Uma pessoa que defende a moeda
única, que defende os presos, a dignidade dos imigrantes em Portugal, que faz a
defesa dos direitos humanos. Isso é populismo? Eu combati o populismo! Eles
confundem e têm raiva que um discurso democrata, de esquerda, um discurso que
defende a dignidade e os direitos fundamentais da pessoa humana se tenha
tornado popular em Portugal.
Ainda quer ter
muitos anos de intervenção política?
Não, não. Nós
temos um prazo de validade e começo a ver que o meu está próximo. Mas gostava
que continuasse um projecto político na sociedade portuguesa em cuja criação eu
queria participar. Queria que se reconduzisse a política aos ideais
verdadeiramente republicanos.
É esse o grande
objectivo na política?
São três valores
fundamentais: liberdade, justiça e solidariedade. Lutei como poucos em Portugal
pela liberdade, sobretudo a liberdade de expressão. A liberdade de expressão é
para debater ideias, não é para insultar pessoas.
Porque é que não
se pode estar no parlamento e ser também advogado?
Há clientes,
grandes clientes, que procuram certos advogados, não pela qualidade do serviço
jurídico que podem prestar, mas pelo acesso mais ou menos fácil que ele tem aos
centros de decisão. E um deputado tem esse acesso.
A escolha das
listas à Assembleia pelos partidos tem esse propósito de raiz?
Não digo que não,
nem que sim. Quem está no parlamento não deveria estar nos tribunais a aplicar
essas leis ou não deveria ter clientes privados interessados nessas leis. Nas
quatro ou cinco leis de amnistia aprovadas durante os anos 90, havia deputados
que quase se agrediam para meter na amnistia crimes especiais de que os seus
clientes estavam acusados ou quase em julgamento.
Há alguma figura
na política activa que admire?
Há, mas não lhe
vou dizer quais. Há pessoas sérias que admiro, na direita, na esquerda, ao
centro. Posso dizer-lhe algumas que aparentemente terminaram, ainda que nunca
se termine a actividade política. O general Eanes e o dr. Jorge Sampaio. Admiro
essas pessoas, apesar de discordar pontualmente de algumas das suas
intervenções. Admiro o professor Adriano Moreira, que foi ministro do Salazar. Admiro
o arquitecto Gonçalo Ribeiro Telles, um monárquico, uma das grandes referências
morais da República Portuguesa.
Figuras que não
têm continuidade nas gerações mais novas?
Há um slogan
conservador dos anos 80, criado em torno de Margaret Thatcher que dizia: back
to basics . Eu digo: back to basic republican values , de volta à pureza dos
valores originários da República. Não me falem em socialismo, em comunismo, em
social-democracia, em democracia-cristã.
E não vê a defesa
dos princípios de que falava em nenhum dos partidos existentes na Assembleia?
De forma
incompleta, vejo-os em todos, nuns mais que noutros.
Isso permite
imaginar uma aproximação mais fácil a algum deles?
Não lhe posso
dizer isso à partida, porque há questões políticas em relação às quais estou
mais de acordo com o PSD do que com o PS. Ideologicamente, sou mais próximo do
PS. Toda a minha evolução ideológica é da extrema-esquerda até ao PS.
Tem ouvido o
Presidente falar na necessidade de consenso?
Eu escrevi há
três anos um artigo a defender um governo de salvação nacional.
Cavaco continua a
lançar esse apelo.
Toda a acção
principal do Presidente tem sido de suporte do governo e de branqueamento dos
aspectos mais negativos do governo. O Presidente teve hipótese de influenciar
um governo de salvação nacional, em 2011, ou ainda com o próprio engenheiro
José Sócrates.
Não o fez porque
não quis?
Ele estava
profundamente empenhado na solução de direita, apesar de nem ter muita simpatia
pelos protagonistas do PSD que encarnaram esse projecto. Devia ter um
distanciamento como o rei de Espanha teve, muitas vezes.
E continua ou não
a ser preciso esse consenso alargado?
Não há
possibilidades de consenso, hoje. A radicalização da vida política que o
Presidente fomentou e permitiu com as suas opções políticas tornam inviável
qualquer consenso. Não há consenso antes de eleições. Sou contra, essa é uma
forma de esconder programas.
O seu companheiro
de partido, José Inácio Faria, disse reconhecer em si um possível
primeiro-ministro ou mesmo Presidente da República.
Nunca me fiz esse
exercício.
Já fez mais
amigos ou inimigos na sua carreira?
Não contabilizo.
Quem é sério, honesto e age de acordo com a verdade e com as suas convicções
gera muitos inimigos, mas também muitos amigos.
Ainda há pessoas
sérias?
Há pessoas muito
sérias na sociedade portuguesa, do mais alto ao mais baixo. Mas há pessoas que
me odeiam porque meti o dedo nas feridas que eles queriam ocultar.
Onde quer chegar
na política?
Não estou a
construir uma carreira política. Sou contra o carreirismo, justamente porque
isso gera um sistema político. Gostava de criar condições para que a democracia
fosse fortalecida. Mais prestigiada, mais fortalecida. Gostava de dar um
contributo para a diminuição da abstenção, e acho que dei.
Foi uma abstenção
recorde, em Maio.
Acho que teria
sido muito maior se eu não tivesse concorrido. Isto não é democracia. Eu sei
que custa ouvir isto, e até custa dizer, mas há pessoas que entraram na
política sem um tostão no bolso e saíram com fortunas fabulosas porque
traficaram os interesses do Estado em benefício pessoal.
Quando tece essas
considerações cria-se a imagem de que toda a política se faz com esses
propósitos.
Não digo que são
todas.
A maior parte?
Basta haver uma
para que se descredibilize todo o sistema. Não são todos, mas não são uma nem
duas. Vamos discutir os problemas e não acusar pessoas. Não digo nomes, mas há
ministros que, ainda no cargo, negociaram os empregos que vão ter depois. Isto
é a traição da República.
E quando for
candidato às próximas legislativas, é esse o seu programa?
Esta é uma parte
do programa. O programa político não se resume a isto.
Acredita mesmo
que quando chegar à Assembleia vai mudar alguma coisa?
Sei que é difícil
porque conheço muitas pessoas que pensavam como eu e não tiveram força dentro
do parlamento. Um dos benefícios da oposição é ter muito mais liberdade de
expressão do que quem está no governo.
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