segunda-feira, 30 de junho de 2014

Marcelo, Miguel, o BES e nós, por JOÃO MIGUEL TAVARES / PÚBLICO ; Recordando ...José Diogo Quintela e Miguel Sousa Tavares trocam acusações na Comunicação Social.


 "E já agora – acrescento eu – que Rita Amaral Cabral, há longuíssimos anos companheira de Marcelo, como é público, seja actualmente administradora não executiva do BES, e, entre 2008 e 2012, um dos três membros da comissão de vencimentos do banco"
JOÃO MIGUEL TAVARES

OPINIÃO
Marcelo, Miguel, o BES e nós
JOÃO MIGUEL TAVARES 01/07/2014 - PÚBLICO
É destes pequenos segredos que vive o regime que nos trouxe até aqui.

Pergunta do milhão de euros: como é possível que um caso com a dimensão do BES só se conheça agora? Como é possível que nós, gente dos jornais e da comunicação social, tenhamos tido ao longo dos anos notícia de tantas pontas soltas – basta ver o número de casos em que o banco esteve envolvido –, mas ninguém tenha sido capaz de unir as várias pontas e perceber aquilo que realmente se estava a passar?

A resposta é óbvia: porque a família Espírito Santo é demasiado grande e o país demasiado pequeno. Enquanto a família esteve unida, formou um bloco inexpugnável, pela simples razão de que o seu longo braço chegava a todo o lado, incluindo partidos (alguém já ouviu António José Seguro, sempre tão lesto a dar palpites sobre tudo, comentar o caso BES?), comunicação social (quem não se recorda do corte de relações com o grupo Impresa em 2005, na sequência de notícias sobre o envolvimento do BES no caso Mensalão?) e até aos próprios comentadores, por via das relações pessoais que Ricardo Salgado mantém com gente tão influente quanto Marcelo Rebelo de Sousa ou Miguel Sousa Tavares.

Ora, ninguém à face da terra possui uma independência inexpugnável. Isso não significa que todos tenhamos um preço – significa apenas que somos condicionados por relações de amizade ou de sangue e que nesse campo uma família de 300 membros, que há décadas se move na alta sociedade portuguesa como peixe na água, acaba por chegar a quase toda a gente que interessa. O próprio Sousa Tavares referiu essas ligações há um ano, numa entrevista à Sábado: “O Ricardo Salgado é sogro da minha filha e avô de netos meus. Além disso, somos amigos há muitos anos, porque eu fui casado com uma prima direita dele. Nunca o critiquei e nunca o elogiei, porque acho que não se fala da família em público.” Pode apontar-se a Miguel Sousa Tavares muita coisa – eu já o fiz –, mas não falta de independência ou coragem. Simplesmente, quando o caso BES atinge esta dimensão, o silêncio de alguém com a sua importância torna-se efectivamente um favor a Salgado. Não há como fugir a isso.

Mas se Sousa Tavares não fala sobre o tema e já justificou porquê, o mais influente comentador português – Marcelo Rebelo de Sousa – necessita urgentemente de aproveitar algum do seu tempo dominical para fazer a sua declaração de interesses em relação aos Espírito Santo. E essa declaração é tanto mais premente quanto nas últimas semanas tem vindo a defender a solução Morais Pires, considerando até que a impressionante queda das acções do BES na passada semana era coisa “inevitável”, visto estarmos perante “um novo ciclo”. Que essa queda tenha acontecido exactamente por não estarmos perante um novo ciclo parece não ter passado pela sua cabeça, habitualmente tão veloz e atenta.


Não admira, pois, que Nicolau Santos tenha chamado a atenção no Expresso para o facto de Marcelo e Ricardo Salgado já terem passado juntos “várias vezes férias no Mediterrâneo”. E já agora – acrescento eu – que Rita Amaral Cabral, há longuíssimos anos companheira de Marcelo, como é público, seja actualmente administradora não executiva do BES, e, entre 2008 e 2012, um dos três membros da comissão de vencimentos do banco. Marcelo, como todos sabemos, nunca teve quaisquer problemas em criticar aqueles que lhe são próximos. Mas há factos que devem ser verbalizados – porque é precisamente destes pequenos segredos que vive o regime que nos trouxe até aqui.
José Diogo Quintela e Miguel Sousa Tavares trocam acusações na Comunicação Social
Por Pedro Marta | Quinta-feira, 04 Abril , 2013, in “Notícias da TV e Famosos”

A crónica de um dos integrantes dos Gato Fedorento, José Diogo Quintela, no jornal Público, intitulada "O que vale é que os compadres nunca se zangam", parece estar no epicentro das acusações que o humorista e o comentador da SIC, Miguel Sousa Tavares, têm trocado ultimamente na comunicação social. No seu artigo de opinião o humorista José Diogo Quintela referiu por diversas vezes notar algo que diz achar estranho: as razões que levam Miguel Sousa Tavares a nunca escrever ou falar sobre os casos judiciais que envolvem Ricardo Salgado, Presidente Banco Espírito Santo.
Para o antigo jurado do programa "Portugal Tem Talento", o mais estranho é o escritor não falar de Ricardo Salgado que é para o humorista o "homem mais poderoso de Portugal" e que para si Sousa Tavares é "um gavião de olho acutilante para tudo o que sejam trambiquices de banqueiros".
O humorista invoca ainda as relações familiares entre  as razões que explicam a ausência de comentários sobre o assunto: "Ou então, como a sua filha é casada com o filho de Ricardo Salgado, Miguel Sousa Tavares vai permanecer caladinho", escreveu.
Contactado pela revista SÁBADO, Miguel Sousa Tavares não poupou o humorista que considera "um  falhado, um medíocre, que se quer promover às minhas custas" e acrescenta que "mas não lhe vou fazer isso". Já ao jornal Correio da Manhã, o autor do livro "Equador", em que se baseou a obra homónima exibida em reposição na TVI, explicou: "Não dou protagonismo a quem vive de abanar a cauda à voz do dono nos anúncios da PT. Esse quer é promover-se às minhas custas". Em resposta aos comentários do filho de Sophia de Mello Breyner Andresen, Quintela acredita que a questão da promoção "não faz sentido", até porque "normalmente funciona ao contrário: quem escreve sobre Miguel Sousa Tavares é despromovido. Basta lembrar Dóris Graça Dias, crítica literária do Expresso", respondeu.


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