Álvaro Beleza "António Costa
representa o regresso de muito do que foi o José Sócrates"
Por Rita Tavares
publicado em 7
Jun 2014 in
(jornal) i online
O secretário nacional do PSdiz
que Costa foi "empurrado" pelos que se preocupam em ser deputados
A campanha
interna do PS está na rua e Álvaro Beleza estreia aquele que será um dos
argumentos de campanha do lado do actual líder: colar o adversário António
Costa a José Sócrates. E pôr António José Seguro no pólo oposto, longe dos
"restaurantes de Lisboa", mais próximo do terreno. O combate vai
fazer-se no plano em que este secretário nacional defende há mais de 20 anos,
eleições primárias abertas. Sob pressão do desafio de Costa, Seguro ouviu a
insistência de Beleza e surpreendeu-o, faz hoje oito dias. Admite a fragilidade
do momento para o PS, mas atira as culpas ao autarca de Lisboa.
Ficou
genuinamente satisfeito com o resultado do PS nas europeias?
Fiquei contente
porque o PS ganhou. E muito contente porque o governo teve uma derrota
estrondosa. Quando o nosso adversário político tem uma derrota estrondosa, nós
já ganhámos. Depois, António José Seguro é o único secretário-geral socialista
que ganhou todas as eleições que disputou. Claro que temos de ter a humildade
de ler os resultados e ver que algo vai mal na República e na democracia
portuguesa.
Foi a vitória
mais baixa do PS em termos percentuais. Tendo em conta os últimos três anos de
PSD/CDS, percebe-se a dispersão dos votos?
Pensei que o PS ia
ter mais votos e que o MPT não teria a expressão que teve. Mas não foram
eleições para o governo. Quem liderou a lista foi Francisco Assis e não o
secretário-geral.
O líder
empenhou-se na campanha e fez destas eleições um teste.
O
secretário-geral e a direcção têm de ser solidários, dar a cara, e nós demos
tudo. Mas numas europeias o voto de protesto dispersa-se, nunca se concentra.
No caso do PS foi um dos partidos socialistas na oposição que tiveram melhor
resultado na Europa. A social-democracia está numa crise profunda e o PS é o
campeão dos partidos socialistas europeus. Tivemos coisas positivas, mas não
ficámos satisfeitos com a abstenção, o voto em branco, o voto nulo e a
dispersão do voto de protesto. Isto significa que os portugueses não confiam
nos partidos políticos, nos políticos que temos, nas instituições. E isso é
gravíssimo.
Esse cenário já
vinha identificado das autárquicas. Porque é que o PS não agiu por antecipação?
Não há ninguém
perfeito, a direcção não é perfeita e o António José Seguro não é perfeito. Mas
no secretariado estavam todas as sensibilidades do partido, a Comissão Política
tem todas as sensibilidades do partido e a estratégia da direcção foi aceite
por todos. Ninguém criticou. No PS há uma palavra-chave, que falhou aqui, que é
solidariedade. O PS é o partido da solidariedade, em que nos tratamos por
camaradas.
Faltou
solidariedade de quem?
De António Costa.
E quando se vê a solidariedade não é nos momentos fáceis, é nos momentos
difíceis. É quando as coisas não correm tão bem como esperávamos. Quando o PS
perdeu as europeias no tempos de José Sócrates [2009], António José Seguro
esteve numa Comissão Nacional em que disse que apesar de termos perdido estava
convencido de que tínhamos condições para ganhar as legislativas. Levantou o
moral. Foi solidário. Temos de ter solidariedade e, já agora, sentido ético e
moral, as diferenças que temos falam-se dentro do partido. É como uma equipa, é
dentro do balneário que se discute, e frontalmente. O PS é socialista, o
colectivo é maior que o individual, por isso custa-me muito ver o partido ceder
à sociedade materialista e mediática. Não podemos ser um partido de Messias,
nem de vedetas.
É só
individualismo?
Sim. A razão mais
invocada pelo António Costa é ter mais qualidades - "dizem que eu sou
melhor do que tu para liderar o partido" -, em termos de projecto e
políticas não se vislumbram diferenças. Mas Costa é o candidato do bloco
central da política, das cortes e dos comentadores de direita.
Mas porque é que
se questiona tantas vezes a capacidade de liderança de Seguro?
O líder do
partido defendeu em 5 de Outubro de 2013 a redução do número de deputados e disse
que ia propor alterações ao sistema eleitoral. Há aqui algum desespero de
muitos dirigentes do partido e deputados que querem voltar, que ficaram sempre
muito incomodados por sair do governo. Preocupam-se com ser deputados e têm
muito receio que as coisas mudem e empurraram António Costa. Há aqui uma
tentativa de regresso ao passado parte ii, do último governo, com António
Costa.
António Costa
significa o regresso de José Sócrates?
Não sei se é do
José Sócrates ele próprio, mas é de muito daquilo que foi o José Sócrates. Dos
que estiveram no governo, todo um conjunto de pessoas que não perceberam que na
política temos de passar para o futuro.
Esse núcleo é
mau?
Não, mas a vida
segue em frente. Devemos honrar o nosso passado e ser solidários, e esta
direcção foi sempre solidária com o José Sócrates e até com algumas coisas com
que podíamos não concordar. Somos criticados porque não fizemos o inventário do
governo, fizemos e honrámos o nosso passado. Agora António Costa criou um
problema ao PS. Numa altura em que a direita devia estar a discutir as
lideranças do PSD e do CDS, está a discutir-se a liderança do PS. Em resposta
lançámos a maior reforma pós-25 de Abril, que é abrir os partidos à sociedade.
A solução das
primárias foi apresentada in extremis . A direcção precisava de ganhar tempo?
Não. Queremos
fazer isto depressa.
Não era possível
fazê-lo em menos de quatro meses?
Não há nenhum
país que o tenha feito em menos tempo. Nem França, nem Itália. Não é possível,
os prazos são iguais. E neste período há um mês que não existe, que é Agosto.
Se o governo se
demitir neste espaço de tempo, quem é o candidato do PS?
Se hoje houvesse
eleições, o candidato seria António José Seguro. Quando houver outro, haverá
outro. Vivemos num Estado de direito, tem de se cumprir as regras. Não escondo
que estamos fragilizados, mas não foi por nossa culpa. Agora o PS nunca deixa
de ter um candidato. Hoje tem Seguro e a 28 de Setembro ou tem Seguro ou Costa.
Já defende
primárias há anos. Sempre houve resistência, até de Seguro. Porquê agora?
Defendo e António
José Seguro garantiu-me sempre, e cumpriu, que primeiro era preciso fazer
primárias internas para a escolha de autarcas e deputados, que introduzimos em
2011, e depois de maturado esse processo iríamos alargar aos outros eleitores.
Mas nem houve
tempo para maturar o processo.
Sempre foi a
minha convicção que mais cedo ou mais tarde António José Seguro ia fazê-lo e eu
vim para a direcção também nesse pressuposto. O importante é que o partido
tenha primárias para os candidatos a apresentar aos portugueses. O PS vai
liderar este processo e os outros a seguir vão copiar-nos.
No congresso de
há um ano disse que primárias para a escolha do candidato a primeiro-ministro
não, porque essa figura saía da Assembleia da República. Mudou de ideias?
Do ponto de vista
do direito constitucional e da ciência política, o que disse é verdade. Mas do
ponto de vista político... bom, a política é a arte do possível. Neste momento,
o possível e o desejável é isto. Os apoiantes de António Costa até propunham,
há um ano, primárias para a escolha do secretário-geral e do candidato a
primeiro-ministro. E Seguro está a correr um alto risco, aceitou o desafio de
António Costa e escolheu o terreno que à partida é mais favorável ao seu
adversário. Pareceu-me politicamente inteligente, audaz e desprendido, porque
assumiu um risco maior.
Não percebi a sua
posição. Escolher em primárias o candidato a primeiro- -ministro pode ser
ilegal?
Não, em países
europeus com o mesmo sistema parlamentar há primárias para esse candidato. Em
Portugal a tradição é que o líder do partido mais votado é chamado a formar
governo, por isso eu acho que esta solução se adequa. Há um ano tinha falado do
exemplo da Itália, onde quem ganhou as primárias não foi primeiro-ministro.
Agora o que critiquei na proposta dos apoiantes de Costa é que não faz sentido
a eleição de secretário-geral por eleitores, o partido é dos militantes.
Em 2011, Seguro
temia perigos das primárias para o debate político interno.
António José
Seguro é um homem da prudência e do gradualismo e achou, em 2011, que era
prematura essa questão.
Era mais que
isso....
Passaram-se três
anos desde 2011, esta solução está maturada e é absolutamente consensual.
Parece que estão com medo. Têm medo que os eleitores se manifestem. Toda a
gente quer reformar os partidos em Portugal, mas quando é para fazer há sempre
uma desculpa. Esta reforma é central, mas tem de ser acompanhada da outra: a
reforma do sistema eleitoral.
Que exige uma
maioria qualificada no parlamento. É possível?
O PSD sempre
defendeu e teve sempre recuos tácticos, consoante está no governo ou na
oposição.
Coligado com o
CDS, que rejeita círculo uninominais, não é pior?
Está na história
do PSD, desde Sá Carneiro, a alteração ao sistema eleitoral. Temos de tentar um
entendimento. Ninguém quer tirar espaço aos pequenos partidos, pode haver um
círculo nacional e círculos uninominais, e assim consegue-se garantir a
proporcionalidade e os pequenos partidos.
O PS quer ter
essa reforma pronta a tempo das legislativas de 2015?
Claro. Quer
apresentar uma proposta o mais depressa possível para a reforma do sistema
eleitoral e outra ao nível da ética e das incompatibilidades na política. Temos
de defender um sistema com a diminuição do número de deputados e em que eles
sejam mais dignificados. Têm de estar em dedicação exclusiva ao parlamento, ser
devidamente pagos. Menos deputados, com melhores gabinetes, mais assessores,
mais capacidade de intervenção e mais próximos dos eleitores é um sistema muito
mais eficaz e vai ao encontro daquilo que os portugueses querem.
Sabia que Seguro
ia apresentar primárias naquele sábado?
Ele ouviu-nos a
todos e não revelou a ninguém o que ia dizer. Fiquei surpreendido. Como ele não
disse, tudo estava em cima da mesa, por isso é que até me comovi um bocado.
Fiquei muito satisfeito. Só há uma coisa que não me surpreendeu: ele é um homem
íntegro, com coluna vertebral e cabeça levantada.
Mas não quis sair
da liderança. Porquê?
Em Portugal, os
comentadores da imprensa sempre levaram o António Costa ao colo. Não se pode
dizer que a direcção do PS tem boa imprensa, temos tido algumas dificuldades.
Ao fazer isto, Seguro está a arriscar tudo e está a levar isto para um terreno
que parece que não lhe é favorável.
É arriscado?
É arriscado, mas
acredito que a verdade é como o azeite, vem sempre ao de cima. E acredito que
Seguro está subavaliado na opinião pública. Agora muitos portugueses vão
conhecer o António José Seguro que não conheciam.
Ele disse
"habituem-se porque isto mudou". Quem é esse António José Seguro?
Ele dominou-se
para, a todo o custo, sacrificando às vezes as suas próprias opiniões e
posições, manter a unidade do partido. Para que as coisas corressem o melhor
possível, sabendo que haveria sempre tentativas subterrâneas de minar a nossa
direcção e o secretário-geral. Como quiseram o confronto, o debate de ideias,
vamos tê-lo. Vamos falar claro e António José Seguro vai falar claro.
Será mais
implacável com os opositores?
Não, ele aliás
está muito sereno. Estamos muito tranquilos. Quem tem medo compra um cão e nós
não temos medo porque lutamos por um projecto: reformar a democracia portuguesa
e os partidos e devolver às pessoas o poder. O poder em Portugal está nas mãos
de muito poucas pessoas, que se podem reunir num restaurante em Lisboa, e isso
é um sistema que vem de D. Afonso Henriques. Apesar das revoltas liberais, da
República, do 25 de Abril, há uma oligarquia que tem o poder e que hoje se
mantém. O PS deixou-se, por vezes, condicionar por essa oligarquia. António
José Seguro nunca se deixou condicionar. É evidente que isso é incómodo para
alguns.
O PS tem alguma
hipótese de não entrar num governo de bloco central?
Tem todas as
hipótese de ter a maioria absoluta nas próximas legislativas.
Se a dispersão de
votos aconteceu nas autárquicas e nas europeias, não é normal que se repita nas
legislativa?
Em eleições
europeias há sempre estes movimento de protesto. Todos os partidos socialistas
que fizeram eleições primárias, a seguir ganharam eleições. Este movimento vai
galvanizar os eleitores, criar uma onda à volta do candidato a
primeiro-ministro. Estou convicto que o PS ganhará as próximas legislativas e
poderá atingir a maioria absoluta. Se não tiver, António José Seguro já disse
que falaria com todas as forças políticas e deve envolver todas.
Há partidos que
devem ser privilegiados nesse diálogo? A esquerda?
O PS, como maior
partido da esquerda, deve ser uma alternativa à direita. Nas políticas sociais,
esta direcção tem apresentado soluções consensuais à esquerda. Na saúde, na
segurança social e na educação é muito fácil entendermo-nos à esquerda. Noutras
áreas é mais difícil: Europa, euro e estratégia para o crescimento da economia
e política fiscal. Entendemos que o Estado deve ser modernizado, mas para
melhorar os seus serviços e não para acabar com ele. E defendemos que é preciso
uma política de diminuição da carga fiscal para que haja mais investimento
privado, nacional e estrangeiro. Para se ter uma política fiscal amiga das
empresas tem de se ter um Estado mais frugal, que se centre nas suas áreas
essenciais.
Como se
governaria na prática?
O PS gostaria de
governar à esquerda. Claro que o PCP faz sempre do PS o inimigo principal, por
isso parece-nos difícil. Os BE faz ziguezagues. Da parte do PS sempre houve
disponibilidade.
Há condições
para, com a esquerda, formar um governo estável?
Sempre defendi
que o PS fosse a casa da esquerda à francesa, que tem várias sensibilidades
internas, das mais libertárias às mais liberais, e convivem entre si com
debates muito fortes e vivos. Quando o PS francês perdeu as últimas
autárquicas, perdeu com 40%. Portanto, à esquerda do PS francês há poucos. Era
isso que eu gostaria: que o PS abrisse as portas a correntes à nossa esquerda.
Mas também ao centro-esquerda. Eu gostava muito que no futuro o PS pudesse ser
a casa das várias esquerdas.
O PCP e o BE estão
a extremar posições e já falam na saída do euro. É possível uma aproximação
nesta altura?
Acho que é muito
difícil, mas o PS tem obrigação de tentar entendimentos com as várias forças
políticas à nossa esquerda e à nossa direita. Mesmo com maioria absoluta. Não
podemos ser arrogantes perante o poder. O problema que Portugal atravessa é
muito grave e o PS tem mais condições de gerar consenso do que qualquer outro
partido. Este governo já perdeu toda a legitimidade social.
Devia demitir-se?
Passos Coelho
atingiu o sonho de Sá Carneiro, que era "uma maioria, um governo e um
presidente", mas quer ir mais longe, quer também um Tribunal
Constitucional. Entrou em conflito com o Tribunal Constitucional e o Presidente
da República é o garante do bom funcionamento das instituições democráticas.
Neste momento deixou de haver isso, temos um conflito entre duas instituições
de topo do regime: um governo em conflito com o Tribunal Constitucional e que
não consegue governar dentro da Constituição. E já não representa os
portugueses, depois de ter perdido duas eleições. O presidente deve tirar
ilações. Por muito menos já se dissolveram parlamentos.
O governo está a
esticar a corda até esse limite?
O que eu sei é
que não se brinca com coisas sérias e Portugal e os portugueses são assunto
sério. Qualquer governo que queira governar neste país tem de governar segundo
as regras. Temos de defender a Constituição, independentemente de concordarmos
ou não. Temos de aceitar as regras do jogo, senão isto não é um Estado de direito,
do primado da lei, mas do primado da vontade. Isto é inaceitável em democracia.
Há algum
problema, do seu ponto de vista, com a escolha de juízes do TC, como disse o
primeiro-ministro?
Essas declarações
são graves. O Tribunal Constitucional é formado num sistema aceite pelos
partidos que criaram a Constituição e o PSD é um deles. E parte dos juízes são
indicados pela Assembleia da República e pelo PSD. Não podemos indicar os
árbitros e depois dizer que funcionam mal quando decidem contra nós. É o próprio
primeiro-ministro a pôr em causa o Estado de Direito. Isto já ultrapassa o
limite do razoável.
Entrou no PS em
85 para apoiar Mário Soares. Ficou incomodado com a postura dele?
Fiquei triste
porque acho que foi injusto, muito exagerado e confesso que não estava à espera
dessa violência. Mas em relação ao Dr. Soares, que é o nosso pai fundador, tudo
deve ser permitido. Tudo é permitido a uma personalidade tão grande na
democracia e na vida de Portugal, mesmo quando nos atinge. Mas custou-me muito,
porque António José Seguro foi sempre correctíssimo e amigo dele. Somos muito
da geração Soares. Conheci Seguro precisamente na campanha para apoiar Soares a
presidente, quando tinha 8% nas sondagens, por isso dói bastante vê-lo fazer um
ataque tão violento. E como amigo do Dr. Soares e médico que sou... acho que
tem que se... não quero comentar mais. Tenho duas referências na minha vida
política: Sá Carneiro e Mário Soares. Sempre que há um problema político penso
no que eles fariam. E não vou deixar de ter essa admiração e carinho. Mas ainda
dói mais.
Soares disse, em
entrevista ao i, que Seguro "nunca se identificou com a esquerda e sempre
dialogou com o PSD".
Está mal
informado. Seguro nunca fez nenhum acordo com a direita. Foi o primeiro
secretário-geral em 40 anos a visitar a CGTP. Fizemos um acordo escrito com a
Renovação Comunista e temos memória... os únicos acordos à direita do PS foram
em 1978 e 1983, com o CDS e o PSD e Mário Soares como primeiro-ministro. E a
expressão "meter o socialismo na gaveta" não é nossa.
A entrada de
Sócrates na campanha teve peso negativo no resultado do PS?
Talvez tivesse
tido, mas é nossa obrigação e dever, e fizemos com muito gosto, ter os ex-secretários
gerais do PS connosco na campanha. No PS nunca esquecemos quem esteve e deu a
cara pelo PS, mesmo que tenhamos discordado.
Espanta-o que ele
tenha dito, na noite eleitoral, que o líder não devia ser questionado e agora
apoie Costa?
A mim já nada me
espanta.
Costuma dizer que
tem uma vida profissional e que isso lhe dá liberdade de acção. Era esse o
modelo desejável na política?
Era e espero que
com a introdução de primárias e de círculos uninominais, mais gente se meta na
política.
O líder actual é
o oposto dessa figura. Tem uma carreira exclusivamente política. Isso devia
acabar?
Não, é também
preciso pessoas que tenham essa vida dedicada à política. Temos de ter de tudo.
Sou médico e continuarei. Andar de metro e ir para o hospital todos os dias
permite-me manter os pés assentes na terra. A vida não é só política e quero
manter-me assim. Estou muito feliz porque, independentemente do que aconteça, o
meu filho já pode dizer que o pai deu algum contributo para a democracia, com a
introdução de directas e primárias nos partidos. Já estou satisfeito. A minha
ambição não é grande, é pequena. A outra tarefa que tenho e que faço com gosto
é ajudar o meu amigo António José Seguro a ser primeiro-ministro porque acho
que o país merece um primeiro-ministro com o seu sentido ético de justiça e a
sua preparação.
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