Crescimento
previsto do consumo fará com que sejam necessários cinco planetas para
abastecer a população
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CIÊNCIA
Nasa prevê que planeta está à
beira do colapso
Setores como clima, energia e crescimento da população provocariam o fim da
civilização, assim como ocorreu com o Império Romano
19/03/2014
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http://oglobo.globo.com/sociedade/ciencia/nasa-preve-que-planeta-esta-beira-do-colapso-11917406#ixzz35g5BN5oF
RIO - Impérios
como Roma e Mesopotâmia entre tantos outros, espalharam-se por territórios
imensos, criaram culturas sofisticadas e instituições complexas que
influenciaram cada aspecto do cotidiano de seus habitantes — até, séculos
depois, e por diversas razões, sucumbirem. A civilização ocidental segue o
mesmo caminho e está a um salto do abismo, segundo um estudo divulgado ontem
pela Nasa. As raízes do colapso são o crescimento da população e as mudanças
climáticas.
O estudo foi
baseado em um modelo desenvolvido por um matemático da Universidade de
Maryland. Safa Motesharrei analisou ciências ambientais e sociais e concluiu
que a modernidade não vai livrar o homem do caos. Segundo ele, “o processo de
ascensão-e-colapso é, na verdade, um ciclo recorrente encontrado em toda a
História”.
“A queda do
Império Romano, e também (entre outros) dos impérios Han, Máuria e Gupta, assim
como tantos impérios mesopotâmios, são testemunhos do fato de que civilizações
baseadas em uma cultura avançada, sofisticada, complexa e criativa também podem
ser frágeis e inconstantes”, escreveu em seu estudo, financiado pelo Goddard
Space Flight Center, da Nasa.
Motesharrei lista
os ingredientes para o fim do mundo. O colapso pode vir da falta de controle de
aspectos básicos que regem uma civilização, como a população, o clima, o estado
das culturas agrícolas e a disponibilidade de água e energia. O Observatório da
Nasa já constatou diversas vezes a multiplicação de eventos climáticos
extremos, como o frio intenso do último inverno na América do Norte e o calor
que, nos últimos meses, afligiu a Austrália e a América do Sul. Seus estragos
paralisam setores vitais para o funcionamento da sociedade.
A economia também
desempenha um papel importante. Quanto maior for a diferença entre ricos e
pobres, maiores as chances de um desastre. Segundo a pesquisa, a desigualdade
entre as classes sociais pauta o fim de impérios há mais de cinco mil anos.
Com o
desenvolvimento tecnológico, agricultura e indústria registraram um aumento de
produtividade nos últimos 200 anos. Ao mesmo tempo, porém, contribuíram para
que a demanda crescesse de um modo quase incessante. Hoje, se todos adotassem o
estilo de vida dos americanos, seriam necessários cinco planetas para atender
as necessidades da população. Por isso, segundo Motesharrei e sua equipe,
“achamos difícil evitar o colapso”.
A pesquisa da
Nasa, no entanto, ressalta que o fim da civilização ainda pode ser evitado,
desde que ela passe por grandes modificações. As principais são controlar a
taxa de crescimento populacional e diminuir a dependência por recursos naturais
— além disso, estes bens deveriam ser distribuídos de um modo mais igualitário.
No documento, a
agência lida mais com análises teóricas. Outros estudos mostram como crises no
clima ou em setores como o energético podem criar uma convulsão social.
Ignorância sobre o clima
Outra pesquisa,
divulgada ontem pela Associação Americana para o Avanço da Ciência, faz uma
espécie de cartilha para os principais debates sobre as mudanças climáticas.
Professor da
Universidade da Califórnia, Mario Molina (vencedor do Nobel por ter descoberto
a camada de ozônio) destaca que, devido às emissões de carbono, o clima é,
hoje, mais imprevisível do que há milhões de anos. Molina alerta que os
gases-estufa ficarão na atmosfera por mais de uma geração e que, por isso, é
preciso tomar ações urgentes para reduz a emissão de gases-estufa.
Mesmo rodeado por
fenômenos rigorosos, como nevascas e furacões, apenas 42% dos americanos
acreditavam, em 2013, que a maioria dos cientistas estava convencido do
aquecimento global. Molina ressalta que 97% da comunidade científica está certa
da influência do homem. O relatório conclui que faltam informações básicas para
a sociedade entender como é grave o momento atual.
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