quinta-feira, 26 de junho de 2014

Manifesto de apoio a Seguro para travar “o PS que conduziu o país ao desastre”

DE DESTACAR ESTE COMENTÁRIO NO ARTIGO DO OBSERVADOR

LEITOR › ARTUR NUNES
“Sejamos sérios, o actual governo de maioria PSD/CDS é um mau governo, que não sabe ou não quer evitar mais sacrifícios aos portugueses, mas não foi este Governo que preparou o terreno para os cortes salariais, para as privatizações feitas sem critério e para o descrédito das instituições. Fomos nós socialistas que o fizemos e quanto mais rapidamente o compreendermos melhor será para o PS e para Portugal. Inversamente, fazer voltar ao poder político os mesmos que no PS conduziram Portugal para o desastre, é um crime contra a Nação Portuguesa e um ultraje aos princípios e valores do Partido Socialista.”

Eu ando a dizer isto há anos: enquanto o PS não fizer o luto do Socratismo e romper com o passado não vai a lado nenhum.

O problema é que assim também o país não vai lá.

Os problemas actuais colocam em causa os conceitos políticos tradicionais, são questões novas e transversais.
Estamos a assistir (e não só cá) à recomposição do centro.
Obviamente que começa pelo maior partido dessa área que está na oposição.

O outro partido irá passar talvez pelo mesmo, já tem havido sinais suficientes nesse sentido. Mas por enquanto está resguardado por estar no poder e porque o actual líder já percebeu os tempos novos e tem adaptado e renovado. Mas depende de duas coisas: manter-se no governo para lá de 2015 e conseguir lidar e vencer a oposição interna, ligada a lobbies e interesses vários.
Não é claro que o consiga, mas até agora tem tido a habilidade para levar a carta a Garcia.
Mas ainda a procissão vai no adro…

Manifesto de apoio a Seguro para travar “o PS que conduziu o país ao desastre”
RITA DINIS / 25/6/2014, OBSERVADOR
Manifesto assinado por um grupo de ex-dirigentes socialistas atira contra Sampaio, Alegre e Almeida Santos. Defendem Seguro e querem impedir o regresso do PS de Sócrates - o do "desastre".

É o mais recente episódio da disputa entre António José Seguro e António Costa. Ex-dirigentes socialistas e conhecidos críticos da ala socrática do PS escreveram um manifesto em defesa de Seguro, cuja linha de argumentação se centra na oposição ao ex-primeiro-ministro José Sócrates que, dizem, “conduziu o país para o desastre”. Quem o assina é Henrique Neto, Joaquim Ventura Leite, Rómulo Machado e António Gomes Marques.

“Sejamos consequentes” foi o nome escolhido para o manifesto, que o jornal i reproduz esta quarta-feira na íntegra, e surge como resposta ao apelo feito pelos históricos socialistas Jorge Sampaio, Manuel Alegre, Almeida Santos e Vera Jardim para que houvesse “uma rápida clarificação no PS”. Admitindo terem lido com “surpresa” a declaração destas quatro personalidades “favoráveis a António Costa”, os assinantes do manifesto lamentam que as figuras históricas do partido tenham falado agora depois de, por oposição, terem estado “quase sempre caladas” durante os anos de Governo de Sócrates. Anos de, dizem, “descalabro”, onde “o interesse nacional andou a reboque dos interesses partidários do grupo no poder”.

“Infelizmente, estas quatro relevantes personalidades do Partido Socialista mantiveram-se quase sempre caladas durante esse período, ou pior, colaboraram com as diatribes do então secretário-geral e primeiro-ministro”, lê-se no texto.

Se Seguro só discretamente põe o nome de Sócrates na sua mira oficial, Henrique Neto, Ventura Leite, Rómulo Machado e Gomes Marques fazem-no por ele, afirmando mesmo que a culpa desta crise não foi da direita mas sim do anterior Governo PS, que “preparou terreno para os cortes salariais, as privatizações feitas sem critério e o descrédito das instituições”. E continuam: seria “um crime contra a Nação Portuguesa e um ultraje aos princípios e valores do Partido Socialista” voltar a fazer chegar ao poder “os mesmos que conduziram Portugal para o desastre”.

“Fomos nós socialistas que o fizemos e quanto mais rapidamente o compreendermos melhor será, para o PS e para Portugal”, dizem, depois de classificarem o atual Governo como um governo “mau”, “que não sabe ou não quer evitar mais sacrifícios aos portugueses”.


Esta não é, no entanto, a primeira vez que os quatro ex-dirigentes socialistas criticam abertamente o Executivo de José Sócrates, lembra o i. O empresário Henrique Neto foi uma das vozes mais críticas de Sócrates durante a sua governação. Em 2009 chegou a dizer que o PS com José Sócrates favoreceu a corrupção, a propósito de uma alteração à lei de financiamento dos partidos, e em 2011 pediu mesmo a demissão do então líder socialista. Em 2009, Ventura Leite, então deputado sentado na bancada do PS, protagonizou um momento incomum no Parlamento ao pedir explicitamente ao Governo que mudasse de rumo e Rómulo Machado foi um dos que, no congresso socialista de 2011, subiu de tom para acusar Sócrates de ter mergulhado o país na bancarrota.

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