O liberal Marinho e Pinto
João Marques de
Almeida
24/6/2014 /
OBSERVADOR
Como é valente e
esperto o nosso Marinho e Pinto. Em Portugal, é eleito a fazer campanha contra
os “neoliberais”. Em Bruxelas, vai beneficiar do poder politico e das vantagens
financeiras do grupo lib
Marinho e Pinto foi a
grande surpresa das eleições europeias, com o seu partido a alcançar o quarto
lugar e a eleger dois deputados europeus. O bom desempenho eleitoral foi visto,
por muitos, como o resultado da insatisfação dos portugueses com as políticas
de austeridade e com o sistema partidário. Marinho e Pinto fez campanha contra a
“austeridade”, contra as “imposições da Europa”, contra o inevitável
“neoliberalismo”, e em defesa das pensões e dos reformados. E foi com este
discurso que apanhou o avião no aeroporto de Lisboa.
No entanto,
chegado a Bruxelas, mudou radicalmente, e juntou-se ao grupo liberal do
Parlamento Europeu. Vai sentar-se na mesma bancada dos maiores defensores da
austeridade, da ortodoxia monetária e da disciplina fiscal imposta pelo Tratado
Orçmental. Os seus colegas serão os liberais alemães, mais ortodoxos do que o
partido de Merkel, os liberais holandeses e os liberais filandeses. Marinho e
Pinto será colega de Ollie Rehn, até há pouco Comissário europeu para as
questões monetárias e financeiras. Por outras palavras, um dos chefes da
“troika”.
Como é valente e
esperto o nosso Marinho e Pinto. Em Portugal, é eleito a fazer campanha contra
os “neoliberais”. Em Bruxelas, vai beneficiar do poder politico e das vantagens
financeiras do grupo liberal. Entre os portugueses, ataca as políticas
europeias de austeridade. No Parlamento Europeu, senta-se entre os maiores
defensores do Tratado Orçamental. Pelo meio, bastou-lhe uma campanha eleitoral
e um pequeno voo de pouco mais de duas horas para aprender os truques mais
espertos da baixa política. Respeito pelo seu eleitorado? Atenção ao escrutínio
democrático? Detalhes que não preocupam minimamente o nosso Marinho e Pinto.
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