Derrocada. Acções de PT, BES e
ESFG perdem 750 milhões do valor em bolsa num só dia
Por Ana Suspiro
publicado em 28
Jun 2014 in
(jornal) i online
Governo está a
acompanhar a situação há meses, mas ministra das Finanças não teme pela
estabilidade financeira do banco
Foi mais um dia
negro para os accionista do Banco Espírito Santo e da Espírito Santo Financial
Group. Ontem as acções do BES derraparam mais de 11%, o que se traduz numa
desvalorização de 523,1 milhões de euros em apenas um dia
A queda relativa
mais acentuada foi sofrida pela holding financeira da família, a Espírito Santo
Financial Group (ESFG), cuja cotação deu um trambolhão superior a 18%. A ESFG
perdeu ontem mais de 80 milhões da sua capitalização bolsista.
Mas a principal
novidade foi o contágio da crise do Grupo Espírito Santo (GES) à Portugal
Telecom, empresa na qual é um dos maiores accionistas. As cotações da PT, que é
um dos principais activos da família, a par do banco, sofreram o impacto de
notícias sobre o financiamento a uma das holdings não financeiras do GES. Tal
como o i também noticiou, a Portugal Telecom investiu 900 milhões de euros de
fundos de tesouraria em papel comercial (dívida) da Rio Forte, uma holding não financeiras
do GES. Esta aplicação a três meses vence no final de Julho, quando a Rio Forte
terá de reembolsar os 900 milhões de euros à PT, para que esta possa pagar aos
obrigacionistas de uma emissão que vence em Agosto.
As dúvidas sobre
a capacidade da Rio Forte e do GES de refinanciar este empréstimo acabaram por
penalizar ontem fortemente as acções da Portugal Telecom, que deslizaram 5,64%.
O valor da PT caiu 146 milhões de euros. Os analistas da unidade de
investimento do BPI alertaram para os "riscos reputacionais" que
podem prejudicar as acções da operadora portuguesa e da Oi, devido ao
envolvimento em negócios do Grupo Espírito Santo.
No total, as
acções das três empresas no olho do furacão GES perderam cerca de 750,6 milhões
de euros do seu valor em apenas um dia. Este impacto arrastou a Bolsa de Lisboa
para o vermelho com o índice PSI 20
a cair mais de 1,5%.
Os títulos
ligados ao Grupo Espírito Santos têm acentuado as desvalorizações na sequência
não só das dificuldades e irregularidades vividas na área não financeira, mas
também pelas dúvidas sobre a sucessão de Ricardo Salgado no BES. A queda das
acções do banco é a que maior dimensão tem em termos financeiros. No último
mês, os títulos caíram mais de 27,5%, o que traduz uma perda de 1,5 mil milhões
de euros, valor que é superior ao encaixe realizado com o aumento de capital. Na
ESFG, que é a maior accionista do BES, o trambolhão é superior a 40% no último
mês.
Apesar destes
números expressivos, a ministra das Finanças mostrou-se ontem confiante na
estabilidade financeira do BES. "Não temos qualquer informação de
potenciais problemas de estabilidade financeira", disse Maria Luís
Albuquerque, em resposta a perguntas dos deputados do PCP e do Bloco de
Esquerda sobre o efeito sistémico ou nas contas públicas dos problemas do GES. A
ministra lembrou que o BES fez um aumento de capital bem sucedido, o que é
contributo para a estabilidade. Revelou ainda que o governo acompanha há meses
a situação no grupo com o objectivo de salvaguardar a estabilidade financeira
do banco e do sistema.
Sobre o GES,
Maria Luís afastou a hipótese de intervenção do governo na resolução dos
problemas de um grupo privado. Na semana passada foi noticiado que o executivo
negou um pedido de Ricardo Salgado para a Caixa liderar um sindicato bancário
para emprestar fundos ao Grupo Espírito Santo.
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