quinta-feira, 27 de junho de 2019

A terrível tentação de mandar no Ministério Público / PS e PSD arriscavam transformar PGR na “Rainha de Inglaterra”




A terrível tentação de mandar no Ministério Público

Chega a ser chocante a quantidade de pessoas que em Portugal se esforça por associar o combate à corrupção a uma qualquer forma de populismo.

João Miguel Tavares
27 de Junho de 2019, 6:02

Se perguntarem a qualquer português se ele acha que precisamos de um Ministério Público mais autónomo ou de um Ministério Público mais dependente do poder político, eu diria que não é preciso ser vidente para adivinhar a resposta. É óbvio que as pessoas sentem que a Justiça deve aumentar a sua independência face ao poder executivo, e não diminuí-la. É óbvio que todos os portugueses conhecem os efeitos dramáticos de um Ministério Público politicamente manietado, como aconteceu nos tempos de Fernando Pinto Monteiro. É óbvio que o desprestígio actual da classe política e os problemas graves no combate à corrupção desaconselham que a Assembleia da República reforce os seus poderes de vigilância sobre os detentores do monopólio da acusação criminal em Portugal – é, aliás, precisamente o contrário que deveria estar a acontecer.

Por tudo isto, devo dizer que poucas greves serão tão justas e justificadas quanto a dos magistrados do Ministério Público, que decidiram parar três dias pela defesa, valorização e independência das suas carreiras, numa altura em que PS e PSD estão escandalosamente unidos no desejo de alterar o Estatuto do Ministério Público e a composição do seu Conselho Superior (CSMP). O CSMP tem actualmente 19 membros. Cinco são procuradores-gerais, cinco são eleitos pelo Parlamento, dois nomeados pelo ministro da Justiça e sete eleitos pelos procuradores. Ou seja, há 12 magistrados do MP para sete membros de nomeação política. O PS quer reduzir o número de procuradores que podem ser eleitos pelos seus pares. O PSD, nesta fase de absoluto desnorte, quer mesmo inverter a maioria que existe no CSMP. Rui Rio propõe diminuir o CSMP de 19 para 17 membros, passar de cinco para sete os conselheiros nomeados pela Assembleia da República e manter os dois que o ministro da Justiça já nomeia actualmente. Assim, o CSMP passaria a ter uma maioria de nove membros nomeados pelo poder político contra oito procuradores.

Mas há mais. Como Luís Rosa explicou no Observador, na proposta do PS há ainda outras medidas polémicas, como a restrição da autonomia financeira da PGR, colocando na dependência do governo autorizações para a realização de perícias essenciais para a investigação de crimes complexos; ou a necessidade de o Ministério Público justificar os pedidos de documentação a entidades privadas, pondo em causa o secretismo de investigações sensíveis. Este é daquele tipo de subtileza que costuma ser introduzido às escondidas no escurinho dos gabinetes, mas que pode ter um impacto gigantesco no dia-a-dia das investigações. E, em última análise, a pergunta que deve ser feita é: para quê? Para que é que estas alterações servem? Qual é a lógica que preside a tudo isto?

Eu digo-vos qual é a lógica: para PS e PSD, a independência do poder judicial deve estar restrita aos juízes e aos tribunais. O Ministério Público, no seu triste entendimento, deve ser apenas uma parte da administração pública, sujeita a controlo governamental. E é para isso que o Bloco Central está a trabalhar, à boleia de um PSD sem pingo de vergonha na cara, que tem vindo a destruir o excelente legado nesta matéria de Passos Coelho e Paula Teixeira da Cruz. A boa notícia é que as pessoas, desta vez, não estão a dormir. Estas propostas não podem passar. Nem nesta legislatura, nem nunca.

Chega a ser chocante a quantidade de pessoas que em Portugal se esforça por associar o combate à corrupção a uma qualquer forma de populismo.


PS e PSD arriscavam transformar PGR na “Rainha de Inglaterra”

A ex-procuradora-geral da República, Joana Marques Vidal, disse que as propostas chumbadas do PS e do PSD punham em causa a autonomia do MP e transformariam a PGR na "Rainha de Inglaterra".

Lusa
8:42

A ex-procuradora-geral da República (PGR) Joana Marques Vidal reconheceu esta quarta-feira que, caso as propostas parlamentares de alteração do Estatuto do Ministério Público fossem aprovadas, o PGR seria transformado, finalmente, na “Rainha de Inglaterra”.

Recuperando, com ironia, uma imagem utilizada por Pinto Monteiro (seu antecessor) para justificar a alegada falta de poderes do PGR, Joana Marques Vidal precisou aos jornalistas no final da conferência Como Combater a Corrupção sem Autonomia que essa comparação tinha a ver com as alterações ao Estatuto do MP apresentadas pelos grupos parlamentares e não com a proposta do Governo, com a qual em linhas gerais concorda.

Numa sessão realizada em Lisboa, em que criticou as propostas avançadas pelo PSD e PS, Joana Marques Vidal adiantou que caso todas as alterações fossem efetivamente levadas à letra da lei, estariam a retirar o poder ao PGR de propor a nomeação dos cargos dirigentes dos departamentos de investigação criminal, incluindo do Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP), que trata dos processos ligados à corrupção e restante criminalidade económico-financeira mais grave e complexa.

A ex-PGR alertou que tais propostas levariam a uma transferência de competências nessa matéria do PGR para o Conselho Superior do Ministério Público (CSMP), “confundindo competências que tem que ser necessariamente separadas”. Joana Marques Vidal falava pouco antes das propostas de alteração à composição do Conselho Superior do Ministério Público (CSMP) feitas pelo PS e pelo PSD terem sido chumbadas em sede de comissão parlamentar, sendo aprovada a proposta do Governo.

No entender de Joana Marques Vidal, o PGR tem de continuar a ser o responsável pela direção da atividade funcional e hierárquica do Ministério Público (MP) e o CSMP responsável pela avaliação de mérito, pelo poder disciplinar e pela gestão de quadros (colocação de magistrados mediante regras).

“Qualquer proposta que altere este equilíbrio de poderes e confunda as competências de certa forma põe em causa um modelo que é um modelo de equilíbrio de poderes”, declarou Joana Marques Vidal, notando que as propostas parlamentares levariam a um “desequilíbrio”, afetando o funcionamento interno do MP.

A ex-PGR acrescentou que “mais grave do que isso” seria o facto de tais propostas parlamentares permitirem a “possibilidade de uma eventual interferência do poder político naquilo que é a gestão processual e a atividade do MP, pondo em causa a autonomia [do MP]”, e, dessa forma, também a independência dos tribunais. Tudo somado, concluiu, poria em causa o “princípio da separação de poderes num Estado de Direito Democrático”.

Joana Marques Vidal admitiu, em contrapartida, que a proposta de aditamento que o PS apresentou na terça-feira terá resolvido na generalidade a questão do paralelismo entre a magistratura judicial e do MP, designadamente em matéria remuneratória, mas vincou que o paralelismo não se resume às questões salariais, pois tem também a ver com autonomia e independência.

A ex-PGR considerou que só a proposta do grupo parlamentar PCP assegura a autonomia financeira do MP, indo mais longe do que a própria proposta do Governo que prevê a autonomia financeira da Procuradoria-Geral da República.

Um dia após a divulgação do relatório do GRECO (Grupo de Estados contra a Corrupção) que coloca Portugal entre os países com menor taxa de implementação de medidas anticorrupção, Joana Marques Vidal aproveitou para lembrar que este órgão do Conselho da Europa recomenda há anos que seja atribuída autonomia financeira ao MP, tarefa ainda por realizar no caso português. “É preciso uma visão sistémica e integrada da autonomia do MP”, defendeu, na conferência, a ex-PGR.

No encontro esta quarta-feira, com a presença de centenas de magistrados do MP que estiveram em greve, intervieram ainda o diretor do DCIAP, Albano Pinto, e os jornalistas Eduardo Dâmaso e João Miguel Tavares. Albano Pinto, que iniciou funções há cinco meses no DCIAP, considerou que a proposta parlamentar do PS coloca em causa a autonomia do DCIAP, retirando-lhe capacidade operacional e controlo de meios humanos e técnicos.

“Se querem efetivamente combater a corrupção e o branqueamento de capitais, seria útil e importante atribuir ao DCIAP essa autonomia financeira”, enfatizou.

O diretor do DCIAP criticou também o artigo da proposta do PS sobre “dever de colaboração” que impõe que o MP para aceder a documentação e a informações de entidades públicas tenha que justificar o motivo, o que na prática levaria a que se soubesse o que estava a ser investigado e contra quem.

“O MP não requisita documentos por requisitar, fá-lo em nome da lei”, vincou num debate em que o jornalista Eduardo Dâmaso apontou a falta gritante de meios humanos na Unidade Nacional de Combate à Corrupção (UNCC) da Polícia Judiciária, uma polícia cuja colaboração é fundamental para o MP na investigação da corrupção e da grande criminalidade económico-financeira.

Angela Merkel shakes during national anthem, blaming dehydration




"O que se passa com Merkel? Voltaram os tremores da chanceler alemãSegunda vez que Merkel treme em poucos dias em eventos públicos | Reuters
A chanceler alemã voltou a tremer durante uma cerimónia oficial. As imagens desta quinta-feira mostram Angela Merkel com tremores durante um encontro com o Presidente Frank-Walter Steinmeier. ( em baixo )Fonte oficial diz que tudo está bem e que Merkel vai prosseguir com a apertada agenda que tem nos próximos dias."

Kurz vor G20-Abreise: Wieder Zitteranfall bei Angela Merkel

quarta-feira, 26 de junho de 2019

Where have all our insects gone?




Where have all our insects gone?

 The European oil beetle, one of many insect species under threat in the UK. Photograph: Alfred Schauhuber/imageBROKER/REX/Shutterstock
There is a crisis in the countryside – and a massive decline in insect numbers could have significant consequences for the environment

by Robin McKie, Observer science editor
Sun 17 Jun 2018 09.00 BST

When Simon Leather was a student in the 1970s, he took a summer job as a postman and delivered mail to the villages of Kirk Hammerton and Green Hammerton in North Yorkshire. He recalls his early morning walks through its lanes, past the porches of houses on his round. At virtually every home, he saw the same picture: windows plastered with tiger moths that had been attracted by lights the previous night and were still clinging to the glass. “It was quite a sight,” says Leather, who is now a professor of entomology at Harper Adams University in Shropshire.

But it is not a vision that he has experienced in recent years. Those tiger moths have almost disappeared. “You hardly see any, although there used to be thousands in summer and that was just a couple of villages.”

It is an intriguing story and it is likely to be repeated over the next few weeks. The start of summer is the time of year when the nation’s insects should make their presence known by coating countryside windows with their fluttering presence, and splattering themselves on car windscreens. But they are spectacularly failing to do so. Instead they are making themselves newsworthy through their absence. Britain’s insects, it seems, are disappearing.

This point was underlined last week when tweets from the naturalist and TV presenter Chris Packham went viral after he commented on the absence of insects during a weekend at his home in the New Forest. Packham said he had not seen a single butterfly in his garden, and added that he sleeps with his windows open but rarely finds craneflies or moths in his room in the morning. By contrast, they were commonplace when he was a boy. “Our generation is presiding over an ecological apocalypse and we’ve somehow or other normalised it,” he later said.

Certainly, the statistics are grim. Native ladybird populations are crashing; three quarters of butterfly species – such as the painted lady and the Glanville fritillary – have dropped significantly in numbers; while bees, of which there are more than 250 species in the UK, are also suffering major plunges in populations, with great yellow bumblebees, solitary potter flower bees and other species declining steeply in recent years. Other threatened insects include the New Forest cicada, the tansy beetle and the oil beetle.

As for moths, some of the most beautiful visitors to our homes and gardens, the picture is particularly alarming. Apart from the tiger moth, which was once widespread in the UK, the V-moth (Marcaria wauaria) recorded a 99% fall in numbers between 1968 and 2007 and is now threatened with extinction, a fate that has already befallen the orange upperwing, the bordered gothic and the Brighton wainscot in recent years.

An insect Armageddon is under way, say many entomologists, the result of a multiple whammy of environmental impacts: pollution, habitat changes, overuse of pesticides, and global warming. And it is a decline that could have crucial consequences. Our creepy crawlies may have unsettling looks but they lie at the foot of a wildlife food chain that makes them vitally important to the makeup and nature of the countryside. They are “the little things that run the world” according to the distinguished Harvard biologist Edward O Wilson, who once observed: “If all humankind were to disappear, the world would regenerate back to the rich state of equilibrium that existed 10,000 years ago. If insects were to vanish, the environment would collapse into chaos.”

The best illustration of the ecological importance of insects is provided by our birdlife. Without insects, hundred of species face starvation and some ornithologists believe this lack of food is already causing serious declines in bird numbers, a point stressed by the naturalist and wildlife author Michael McCarthy. “Britain’s farmland birds have more than halved in number since 1970,” he points out. “Some declines have been catastrophic: the spotted flycatcher, a specialist predator of aerial insects, has both declined by more than 95%, while the red-backed shrike, which feeds on big beetles, became extinct in Britain in the 1990s.”

Further confirmation of the link between insect and bird numbers was provided last week with the publication of a study by Aberdeen University researchers which showed that the plunge in numbers of cuckoos in some areas of England was closely linked to declines in tiger moth caterpillars on which cuckoos feed.

“There is now a lot of correlational evidence to show that when certain insects do badly, very often the birds that feed on them get into trouble as well,” said David Gibbon, of the RSPB.

However, insects also play invaluable roles in other parts of the environment – for example as pollinators of our orchards and fruit fields. And again, scientists are worried. “People think that it is just bees that pollinate orchards, but there are huge numbers of flies that also pollinate – and they are all also threatened,” said Leather.

In addition, flies, beetles and wasps are predators and decomposers who control pests and who generally clean up the countryside. “Just think of the work of the dung beetle,” added Leather. “If they go, the land would be covered with the excrement of cows, sheep and other animals.

But perhaps the most alarming indication of the ecological apocalypse we face was provided a few months ago by researchers who published a startling paper in the journal Plos One. Their work was based on the efforts of dozens of amateur entomologists in Germany who began employing strictly standardised ways of collecting insects in 1989. They used special tents called malaise traps to capture thousands of samples of insects in flight over dozens of different nature reserves.

Then the weight of the insects caught in each sample was measured and analysed – revealing a remarkable pattern. The annual average weight of insects found in the traps fell by 76% over the 27-year period of their research. Most alarming, however, was the discovery that the decrease was even higher – 82% – in summer, a time when insect numbers should reach their peak.

Such figures give strong numerical support to the veracity of anecdotes about splattered car windscreens and moth-plastered patio windows becoming a thing of the past. Equally stark is the fact that although meteorological patterns fluctuated to some degree during the years of the study, it was clear that weather was not the cause of the declines.

But perhaps the most alarming aspect of the research was the realisation that these grim drops in insect numbers were occurring in nature reserves – in other words, in areas where the landscape was highly protected and should be the most friendly of habitats for insects. Conditions elsewhere were likely to be a lot worse, the scientists warned.

“Insects make up about two-thirds of all life on Earth [but] there has been some kind of horrific decline,” Professor Dave Goulson of Sussex University, said at the time. “We appear to be making vast tracts of land inhospitable to most forms of life, and are currently on course for ecological armageddon. If we lose the insects, then everything is going to collapse.”

The fact that insect biomass has been declining at a steady rate for almost three decades strongly suggests some profound influences must be at work. Most entomologists believe habitat change lies at the heart of the problem. “There have been massive alterations to the way we use the land and it is hard not to believe these are closely involved in what we are seeing,” said Leather.

As he points out, intensively farmed wheat and cornfields support virtually no insect life, and this means that as intensive agriculture spreads there are fewer and fewer islands of natural habitat left to support them.

And then there is the issue of urban spread. Housing schemes continue to encroach on our woods and heaths so that streets and buildings generate light pollution that leads nocturnal insects astray and interrupts their mating. “That is the reason we see most changes to insect life in south-east England, for that is where we see the greatest spread of cities and towns,” said Leather.

In addition to habitat changes, there are the dangers posed by pesticides, in particular neonicotinoid pesticides, which have already been blamed for recent crashes in bee populations. These chemicals are water soluble and so leach out of fields after they are applied to crops.

According to research quoted in the journal Science last year, these pesticides have since been found in high concentrations in nectar and pollen in wildflowers near treated fields. Though still not at levels sufficiently high to kill insects directly, they do affect their abilities to navigate and communicate.

In the face of this mixture of ecological woes, it is perhaps not surprising that insects in Britain are faring so badly. Whether or not they face an ecological apocalypse is a different matter, for not every expert shares a sense of doom. Professor Helen Roy of the Centre for Ecology and Hydrology, for example, sees cause for hope. She told the Observer that there were too many success stories – tales of insects that were recovering in numbers and thriving – to feel a sense of despair. “Obviously, many species are suffering, but I am an optimist and I just don’t think it is right to call this an apocalypse,” she said.

Roy pointed to explosions in the number of ladybirds and painted lady butterflies that have occurred in the past as evidence. “There are huge variations in numbers of a particular insect species in a year and huge variation in the places you see them.” She also pointed to one study of pollinators that showed while 32% became less widespread between 1980 and 2014, 16% became more widespread. “It is not all doom and gloom,” Roy added.

This view was supported by David Gibbons of the RSPB who agreed that not every investigation about insect numbers revealed a tale of irrevocable decline – though he added that he still believed the overall picture was worrying. “It is hard not to see a link between some of the bird number declines and drops in insect populations we are experiencing. There are very close correlations in many cases. But proving there is a causative link – in establishing the one effect is leading to the other – is much more difficult.”

 We appear to be making tracts of land inhospitable to most forms of life. If we lose insects, it all collapses
An illustration of the problem is provided by one of the few cases where a causative link between insect loss and bird-number declines has been established: the grey partridge, Gibbons said. “During the 70s and 80s, pesticides were killing off plants on which sawflies and other insects fed. Grey partridge chicks feed on these insects and so this process led to a decline in their numbers – and that has since become dramatic.” In fact, the grey partridge’s drop in numbers has brought its population to less than 5% of its figure last century.

The crucial point is that researchers were able to show that these twin declines were connnected by manipulating herbicide levels in places where chicks were being reared. When herbicide levels went up, insect levels went down and so did bird numbers. “That manipulation provided the causative link,” said Gibbons. “It was possible to change insect numbers and so see the impact. However, such research is difficult to carry out and is very rare.”

And of course, threats to our birdlife are only one aspect of the dangers posed by losses of insects in the UK. As entomologists point out, they also keep our soil fertile, degrade waste, pollinate our orchards and control pests such as the aphid.

“We cannot afford to lose them and that’s what makes this issue so urgent and so important,” Leather concluded. “That’s worth keeping in mind as the summer evenings begin – and we see hardly any insects.”

Ladybirds
Many of Britain’s native species of ladybirds are suffering serious declines in numbers, thanks to the arrival of the harlequin ladybird. It has been declared the UK’s fastest invading species, after reaching almost every corner of the country in just a decade. It preys on native ladybirds and is believed to have caused the decline of at least seven species, including the popular two-spot ladybird, which – when last assessed in 2012 – had slumped by 44% in numbers.

Moths
More than 2,500 moth species have been recorded in Great Britain, of which around 900 are called larger moths. In the report The State of Britain’s Larger Moths 2013, it was revealed that larger moths had declined by 28% between 1968 and 2007. This was most noticeable in southern Britain where there was a 40% decline. By contrast, numbers showed no significant change in northern Britain, where disappearing species are balanced by moths spreading north because of climate change.

Bees
Seventy of the 100 crop species that provide 90% of food worldwide are pollinated by bees. In the UK, there are more than 250 species of bee: 25 species of bumble bee, 224 species of solitary bee and one honey bee species. According to a government report in 2014, figures there has been an overall decline in wild and honey bees over the past 50 years. The figures also revealed evidence that there has been parallel declines in the plants that rely on them for pollination.

Butterflies
The State of the UK’s Butterflies report – produced in 2015 by Butterfly Conservation – provided further evidence of “the serious, long-term and ongoing decline of UK butterflies”. Overall, 76% of the UK’s resident and regular migrant butterfly species had declined in either abundance or occurrence (or both) over the past four decades, it was found. “This is of great concern not just for butterflies but for other wildlife species and the overall state of the environment,” the report noted.

Beetles
These insects eat large volumes of slugs and aphids and large numbers of weed seeds, thus helping to stop fields being overrun by unwanted plants and pests. However, a study, published in the Journal of Applied Ecology in 2012 - which looked at 68 beetle species at 11 locations around the British Isles over 15 years - found that three-quarters of those examined had declined in number over the periodOf these, half had fallen at rate equivalent to 30% per decade.

terça-feira, 25 de junho de 2019

Deputados põem novamente em causa o Urbanismo lisboeta



Deputados põem novamente em causa o Urbanismo lisboeta

Vice-presidente da câmara voltou a garantir que não será aprovado nenhum projecto que roube vistas à Senhora do Monte. A oposição diz que as situações de violação do PDM se têm repetido.

 João Pedro Pincha
João Pedro Pincha 25 de Junho de 2019, 21:01

Os deputados da Assembleia Municipal de Lisboa voltaram esta terça-feira a pôr em xeque o modo como funcionam os serviços de Urbanismo da autarquia, criticando-os por terem entreaberto a porta a que fosse construído um prédio junto ao Miradouro de Nossa Senhora do Monte que lhe rouba parte das vistas.

Os serviços aprovaram há dois anos um pedido de informação prévia (PIP) sobre a construção de um edifício na Calçada do Monte, na parte esquerda do miradouro. Uns meses mais tarde, um grupo de moradores e comerciantes da Graça, apercebendo-se da existência do PIP, organizou uma petição pública contra o projecto, argumentado que ele viola vários artigos do Plano Director Municipal (PDM) e ainda a Zona Especial de Protecção (ZEP) da capela ali existente.

A petição reuniu mais de quatro mil assinaturas e chegou em Setembro à assembleia lisboeta. Esta terça foi finalmente discutida em plenário. “O miradouro tem uma frente de 93 metros, estamos a falar de uma amputação de 30 metros, cerca de um terço”, alertou José Manuel Coelho, um dos peticionários. O munícipe criticou a câmara por ter aprovado um PIP para um local que está abrangido pelo sistema de vistas do PDM e que, nesse mesmo documento, é também considerado um “logradouro verde permeável a preservar”.

Em Abril, o vereador do Urbanismo, Manuel Salgado, disse que o PIP original tinha já caducado e que tinha entrado um novo projecto na câmara, ainda em apreciação. Segundo foi então revelado pelo PÚBLICO, essa nova proposta visava resolver o problema do sistema de vistas, colocando o edifício na diagonal do miradouro.

Este processo mais recente ainda não chegou aos deputados municipais, que aproveitaram a sessão desta terça para se manifestar contra as opções da autarquia. “Aquela zona não pode ter qualquer tipo de edificação”, defendeu Diogo Moura, do CDS, que prometeu acompanhar “de muito perto este assunto”.

“Mais uma vez têm de ser aqueles a quem nós devíamos servir a vir gritar pelo cumprimento das regras”, criticou Luís Newton, do PSD. “Se não formos nós os primeiros a defender os mesmíssimos regulamentos que aqui aprovamos, então pouco ou nenhum serviço público acabamos por fazer”, disse.

“A quem serviria este projecto e que vantagens poderia trazer para a cidade?”, questionou Cláudia Madeira, de Os Verdes. “A câmara deve rejeitar todo e qualquer projecto que tenha impactos negativos no sistema de vistas, assim como qualquer projecto que prejudique o miradouro e o seu usufruto, que prejudique a cidade e os cidadãos e não seja uma mais-valia para os interesses das populações”, advogou.


Pelo PPM, Aline de Beuvink disse que “esta seria a altura ideal para fazer uma intervenção no miradouro para dignificar e valorizar todo o conjunto e não para ceder a interesses escusos de algumas imobiliárias”. A deputada afirmou ainda que “em nenhum local civilizado do mundo as autoridades municipais permitiriam um atentado como este à malha urbana”.

Já Isabel Pires, do BE, declarou que “é absolutamente óbvio para qualquer pessoa que ali não pode haver nenhuma construção daquele género”, enquanto Miguel Santos, do PAN, questionou: “Porque é que os PIP são sistematicamente aprovados e depois têm de vir os peticionários levantar estas questões?”

Miguel Texeira, do PS, rejeitou as críticas: “A iniciativa de criar uma cidade 3D [anunciada por Salgado em Abril] é reveladora do cuidado e zelo político expostos por este executivo, que uma vez mais procura que a cidade mantenha o seu dinamismo, embora enquadrado num eixo regulador que defenda os interesses de todos.”

A defesa da câmara coube a João Paulo Saraiva, o vice-presidente, que recordou o compromisso assumido por Fernando Medina em Setembro do ano passado: “Não será construído naquele local nada, nenhum edifício, que condicione o sistema de vistas daquele miradouro. Ponto final, parágrafo.”

Sobre as restantes ilegalidades apontadas ao projecto, nada disse.

tp.ocilbup@ahcnip.oaoj

Dinheiro e poder



Dinheiro e poder

Na verdade, com ilegalidades se cumpre a lei. E legalmente se fazem verdadeiros golpes financeiros. Por isso, a política tem tanta importância para o poder económico.

António Barreto
23 de Junho de 2019, 7:42

É possível que as comissões de inquérito parlamentar e os grandes processos judiciais relativos a casos políticos e financeiros não dêem qualquer resultado prático, nem sequer permitam o apuramento de responsabilidades. Os assaltos, os roubos qualificados, a destruição de empresas, os empréstimos públicos pecaminosos e vários tipos de corrupção ficarão, provavelmente, impunes. Grande parte deles, pelo menos. Os casos de que hoje se fala, a utilização de dinheiro para obter poder e o exercício de poder político para conquistar propriedade e fortuna, serão capítulo importante na história do país. Dentro de algumas décadas, os estudiosos, os escritores e os cineastas terão ao seu alcance centenas de milhares de páginas de relatórios e de processos que apenas servirão para isso: fazer história. Já não é nada mau. Os procedimentos judiciais e o voto das comissões de inquérito pouco ou nada servem para apurar a verdade, mas serão de enorme utilidade para fazer história.

Na verdade, aquilo a que estamos ainda a assistir, já na fase de rescaldo, é um dos maiores episódios de luta pelo poder, de partilha dos dinheiros públicos e de concorrência entre famílias e partidos de que há memória. Ficará na história como mais uma reviravolta na balança de poder. Nos últimos cinquenta anos, é certamente a terceira vez que tal acontece. Primeiro, com a Revolução de Abril, destruiu-se o capitalismo português, liquidaram-se alguns grupos económicos e alterou-se a relação de forças entre capital e trabalho. Já nessa altura se deu um sinal de que o capitalismo estrangeiro, apesar de ter ficado sob observação, não seria ameaçado. Poucos anos depois, a vaga democrática restaurou algum capitalismo, desta vez mais dependente do exterior. A Comunidade Económica Europeia, futura União, ajudou. Os processos de revisão da Constituição e das reprivatizações serviram para dar alguma esperança à iniciativa privada, tendo-se construído ou reconstruído grupos económicos e financeiros, cada vez mais dependentes, mas com algumas raízes em Portugal. A crise internacional de 2008, a bancarrota de 2009 e a segunda vaga de privatizações, acompanhadas da meia década de austeridade e de assistência internacional, liquidaram de uma vez para sempre os grupos nacionais ou parcialmente nacionais, destruíram algumas empresas portuguesas ou com bases importantes em Portugal e entregaram a multinacionais próximas (europeias) ou remotas (chinesas e angolanas) o essencial da economia e praticamente todo o sistema financeiro.

O que se tem passado com o BES, o BPN, a CGD e o BCP deve compreender-se nesta visão mais alargada, mas os que, no sector privado ou na política, agiram com cupidez, dolo e malícia, só serão totalmente identificados dentro de muitos anos. Do mesmo modo, a acção de alguns governantes socialistas e social-democratas ficará um tempo longo à espera de verdadeira responsabilização. Só então os comportamentos criminosos serão devidamente apontados. Tarde de mais para reparação e castigo, mas sempre oportuno para o conhecimento histórico. De qualquer maneira, é bom notar que não se tratou exclusivamente de corrupção e crime. Muito do que aconteceu, com grandes empresas e vários serviços públicos, assim como parcerias, concursos e regimes fiscais, foi produzido e protegido por meios legais, embora constituísse veículo essencial para a transferência de propriedade, de poder e de dinheiro. Os telefones, a electricidade, o gás, os cimentos, os petróleos e os correios fazem parte deste vasto sector de interesses e de luta das classes, onde a corrupção e o crime são relativamente menores quando comparados com o uso da lei. Na verdade, com ilegalidades se cumpre a lei. E legalmente se fazem verdadeiros golpes financeiros. Por isso, a política tem tanta importância para o poder económico. Há uma espécie de offshore moral e legal: na política, a noção de responsabilidade é outra.

Não se pense que uns partidos só se interessam pelo dinheiro, enquanto outros só pela política. De todo! A verdade é que os partidos têm interesse no poder político e no dinheiro, só que por ordem diferente. Uns querem apoderar-se da fortuna e da propriedade para consolidar o seu poder político. Outros querem este último para ganhar dinheiro e aumentar a propriedade. Parece simples e rude, mas a verdade é que a luta política é muitas vezes simples e rude.

O assalto fenomenal ao poder e ao dinheiro revela bem estes interesses e este jogo político. O processo actual, diante dos nossos olhos, é o terceiro ou quarto desde o 25 de Abril de 1974. A Revolução e a reprivatização das empresas e dos grupos redundaram em monumental banquete de que se aproveitaram, simultânea ou sucessivamente, direita ou esquerda. Incluindo vários ministros, primeiros-ministros, secretários de Estado, deputados, altos funcionários, secretários-gerais de partidos, banqueiros, gestores e empresários.

É aliás possível encontrar tendências dominantes de comportamento nos principais partidos políticos e nos seus simpatizantes. O PCP detesta o dinheiro e quem o tem. O Bloco abomina o dinheiro dos outros. O PS aprecia o dinheiro, desde que também tenha. O PSD gosta do seu dinheiro. E o CDS deseja dinheiro, mas não diz.

Assim, os revolucionários e os comunistas querem acabar com os ricos e os proprietários. Querem substituir-se a eles, preferem que seja o Estado o titular dos bens e dos rendimentos, mas que o Estado seja deles. Os reformistas não querem acabar com os ricos, nem com os proprietários, mas querem submetê-los ao poder político e também beneficiar. Uns directamente, tornando-se proprietários, nem que seja ilegalmente. Outros indirectamente, transformando-se em gestores públicos e políticos, se possível legalmente. Os conservadores, nomeadamente os de direita, são mais simples e directos: não querem alterar nada de essencial, querem fazer parte da mesa de quem tem propriedade e fazenda.

Admite-se que os partidos, todos os partidos, tenham também uma visão própria do que se chama o “bem comum” ou o “interesse nacional”. Com certeza. Não se pode ser totalmente cínico a ponto de negar seriedade e virtude aos outros. Mas convém ser realista a fim de perceber tudo quanto está em causa. Pena é que, para apuramento de responsabilidades, os magistrados e os deputados não ajudem. Por isso, confiamos nos historiadores. Será tarde, mas alguma coisa se aprenderá.

Sociólogo

‘Climate apartheid’: UN expert says human rights may not survive


‘Climate apartheid’: UN expert says human rights may not survive

Right to life is likely to be undermined alongside the rule of law, special rapporteur says

Damian Carrington Environment editor

 @dpcarrington
Tue 25 Jun 2019 09.00 BST Last modified on Tue 25 Jun 2019 11.33 BST

The world is increasingly at risk of “climate apartheid”, where the rich pay to escape heat and hunger caused by the escalating climate crisis while the rest of the world suffers, a report from a UN human rights expert has said.

Philip Alston, UN special rapporteur on extreme poverty and human rights, said the impacts of global heating are likely to undermine not only basic rights to life, water, food, and housing for hundreds of millions of people, but also democracy and the rule of law.

Alston is critical of the “patently inadequate” steps taken by the UN itself, countries, NGOs and businesses, saying they are “entirely disproportionate to the urgency and magnitude of the threat”. His report to the UN human rights council (HRC) concludes: “Human rights might not survive the coming upheaval.”

The report also condemns Donald Trump for “actively silencing” climate science, and criticises the Brazilian president, Jair Bolsonaro, for promising to open up the Amazon rainforest to mining. But Alston said there were also some positive developments, including legal cases against states and fossil fuel companies, the activism of Greta Thunberg and the worldwide school strikes, and Extinction Rebellion.

In May, Alston’s report on poverty in the UK compared Conservative party welfare policies to the creation of 19th-century workhouses. Ministers said his report gave a completely inaccurate picture, but Alston accused them of “total denial of a set of uncontested facts”.

Alston’s report on climate change and poverty will be formally presented to the HRC in Geneva on Friday. It said the greatest impact of the climate crisis would be on those living in poverty, with many losing access to adequate food and water.

“Climate change threatens to undo the last 50 years of progress in development, global health, and poverty reduction,” Alston said. Developing countries will bear an estimated 75% of the costs of the climate crisis, the report said, despite the poorest half of the world’s population causing just 10% of carbon dioxide emissions.

“Yet democracy and the rule of law, as well as a wide range of civil and political rights are every bit at risk,” Alston’s report said. “The risk of community discontent, of growing inequality, and of even greater levels of deprivation among some groups, will likely stimulate nationalist, xenophobic, racist and other responses. Maintaining a balanced approach to civil and political rights will be extremely complex.”

The impacts of the climate crisis could increase divisions, Alston said. “We risk a ‘climate apartheid’ scenario where the wealthy pay to escape overheating, hunger, and conflict while the rest of the world is left to suffer,” he said.

“When Hurricane Sandy wreaked havoc on New York in 2012, stranding low-income and vulnerable New Yorkers without access to power and healthcare, the Goldman Sachs headquarters was protected by tens of thousands of its own sandbags and power from its generator.”

Alston strongly criticises all those working to uphold human rights, including his own previous work, for not making the climate crisis a central issue. He said the most recent HRC resolution on the climate crisis did not recognise “that the enjoyment of all human rights by vast numbers of people is gravely threatened” or “the need for the deep social and economic transformation, which almost all observers agree is urgent if climate catastrophe is to be averted”.

Airbnb: a história de uma boa ideia caseira que num instante mudou Lisboa



Airbnb: a história de uma boa ideia caseira que num instante mudou Lisboa

Um livro quer traçar o retrato de uma década de Airbnb em Lisboa, à boleia das profundas transformações que a capital atravessa. Em dez anos, esta plataforma passou da promoção de uma forma de economia colaborativa para um negócio que se “profissionalizou”. E isso é parte do problema. Lisboa e a Airbnb é apresentado esta terça-feira.

 Cristiana Faria Moreira
Cristiana Faria Moreira 25 de Junho de 2019, 8:00

Um café numa esplanada no Largo de São Paulo, junto ao Cais do Sodré, deixará de o ser porque o senhorio não quer renovar o contrato de arrendamento à proprietária, nem sequer discutir o aumento da renda, que é já de mil euros por mês. Logo adiante, uma senhora num bar falou-lhes do fim do carácter do bairro, onde “já quase não mora ninguém”, tudo vendido para alojamento local, com pouco mais que bares, cafés, restaurantes e lojas de souvenirs no rés-do-chão. Não foi preciso uma grande volta pela cidade para um grupo de investigadores do Centro de Estudos de Geografia e Ordenamento de Território, da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, juntamente com Ana Gago, do Instituto de Geografia e Ordenamento do Território, da Universidade de Lisboa, terem registado marcas de profunda transformação na vida da capital e das suas gentes. Lisboa e a Airbnb (Book Cover), da autoria de José A. Rio Fernandes, Luís Carvalho, Pedro Chamusca, Ana Gago e Thiago Mendes, é apresentado esta terça-feira, às 18h30, na Fnac do Chiado.

À boleia de uma das principais plataformas de alojamento local (AL), a Airbnb, apresentam agora um “atlas” sobre a capital — à semelhança do que já tinham feito com o Porto —, composto por um conjunto de mapas e textos que retratam a sua entrada e evolução na área metropolitana durante a última década. Foi em 2009 que apareceram pela primeira vez prédios registados na plataforma – um em Santa Maria de Belém, um nas Mercês (hoje freguesia da Misericórdia) e outro em Alvalade. No ano seguinte, além de aumentarem os números de registos na cidade, este tipo de alojamentos estende-se para fora de Lisboa, aos concelhos vizinhos da Amadora, Cascais, Mafra, Odivelas, Oeiras, Sesimbra ou Sintra. Logo aqui, escrevem os autores, as “ruas perpendiculares da Baixa Pombalina apresentam os primeiros sinais de densificação, nomeadamente nos bairros de Alfama e Bairro Alto. [Nesta altura], um terço de toda a oferta da AML [Área Metropolitana de Lisboa] é composta por quartos privados ou compartilhados, em linha com a ideia da economia de partilha que lança a plataforma.”

Se em 2011, havia um total de 523 propriedades registadas nos 18 concelhos da AML, quatro anos depois, em 2015, esse número tinha já aumentado para 15.577 — 10.614 unidades listadas só no concelho de Lisboa. Ao mesmo tempo, os dados apresentam “sinais de apego” por zonas mais litorais como o centro histórico de Cascais, Estoril, Oeiras, o litoral de Sintra, Mafra, Almada e Sesimbra, mas também a vila de Sintra.

Olhando para os dados de Outubro de 2018 (até ao dia 23, data definida pelo estudo), são já 48.785 unidades listadas na plataforma, sendo que 31.866 se localizam na capital. O número de hóspedes na cidade, escrevem os autores, aumentou 27% desde 2014 e, em 2018, o aeroporto registou um número recorde de chegadas — “14,5 milhões de pessoas, o que equivale a mais de 26 vezes o número de habitantes na cidade”.

“Se em 23 de Outubro de 2018 todos os estabelecimentos estivessem ocupados, na sua capacidade máxima, teríamos mais visitantes do que residentes a dormir nas freguesias de Madalena, São Nicolau, Santa Justa, Encarnação, Santo Estêvão, São Paulo, Sacramento, Sé, Santiago, Mártires, Castelo, São Cristóvão e São Lourenço, Santa Catarina, São José, São Miguel e Coração de Jesus” – freguesias antigas que pertencem ao centro histórico. Isto sem contar com os hotéis, cujos estabelecimentos mais que duplicaram na última década, passando de 105, em 2008, para 218 em 2018.

A cidade tem-se posicionado como um dos melhores destinos europeus — os prémios que tem somado também ajudam à reputação. O centro da cidade, sobretudo, transformou-se em local de passagem, mais do que de paragem, de visitantes que chegam e partem. Como fica quem quer ficar, quem quer ter a sua casa no centro de Lisboa?

Rio Fernandes, que é também presidente da Associação Portuguesa de Geógrafos, diz que esta questão dos benefícios e prejuízos do AL “não é uma questão preta e branco”. É antes “um certo nível de cinzento” que é “interessante” até ao ponto em que começa a esbarrar “com outros valores de uma cidade, que não são apenas económicos. Até ao ponto que coloca em causa valores culturais, de bem-estar dos residentes”. A Rio Fernandes parece-lhe que “claramente Lisboa já atingiu” o limite suportável em termos de pressão do AL e que “faz todo o sentido haver uma acção política em torno da cidade que se pretende — que não é apenas uma cidade para turistas”.

Em Lisboa, enquanto o regulamento municipal do Alojamento Local não entra em vigor — está até 2 de Julho em consulta pública —, a autarquia já suspendeu a emissão de registos nos bairros de Alfama, Mouraria, Castelo, Madragoa e Bairro Alto.

Olhando para os números de Lisboa, se se comparar o número de propriedades registadas na Airbnb com os seus habitantes, este “é muito superior a outras cidades europeias”, alertam os investigadores. “Estamos a falar de mais de 62 propriedades Airbnb por cada 1000 habitantes, em Lisboa. No Porto é de 61,7”, aponta Luís Carvalho. Para os investigadores, já se atingiram “claramente” os rácios que justificam uma intervenção da autarquia portuense.

A primeira legislação sobre o alojamento local entrou em vigor em Outubro e, no mês seguinte, a câmara de Lisboa travou os novos registos nestas zonas da cidade, mais pressionadas por este tipo de alojamentos. Tardou em sair uma legislação que desse poder às autarquias para intervir nestes negócios? Luís Carvalho, economista, avança com cautela: “Não sei se tardou porque o AL, nomeadamente o que vemos com o Airbnb, teve um crescimento muito rápido. Estamos a falar de uma realidade que aparece há dez anos”. Mas foi sobretudo a partir de 2013, sublinha o economista, que começou a “gerar problemas no território”.

Também na Europa se tenta lidar com o crescimento exponencial do AL. “Em Amesterdão, li há dias que estão a pensar não expandir o aeroporto. Do ponto de vista económico, é complicado, diria. É um pouco apostar no empobrecimento. É uma medida extrema”, diz Rio Fernandes. Veneza está a limitar as entradas e Barcelona está a proibir novos AL. “Claramente as cidades estão a despertar para o problema do AL”, nota o geógrafo.

 Ainda assim, observa, existe uma “memória recente” da decadência dos edifícios nos centros históricos de ambas as cidades, muito por causa do congelamento das rendas praticado durante décadas, que ninguém quer que volte. E isso faz com que hoje a reabilitação destes edifícios - “feita nem sempre da forma mais interessante”, ressalva, e à boleia de oportunidades de negócio no AL – seja vista como benéfica. “É por isso difícil algumas autarquias tomarem medidas de restrição. Mas penso que são fundamentais”, sublinha. Só que além da suspensão, “seguramente” serão necessárias outras medidas, sobretudo no que respeita à fiscalização, onde o geógrafo reconhece haverem “grandes dificuldades”.

A profissionalização dos anfitriões
A ideia dos dois jovens designers americanos que, em 2007, decidiram receber hóspedes na sua casa em colchões de ar (airbed) e com pequeno-almoço (breakfast) incluído para ganhar um dinheiro extra, está longe da realidade em que se transformou a Airbnb, inicialmente vista como uma plataforma de partilha, em que se arrenda um quarto que não está a ser utilizado durante uns meses. Fizeram-se grandes empresas, grandes empresários. “Actualmente é um grande negócio”, diz Luís Carvalho, salientando um dado curioso que encontraram durante o estudo: os 20 proprietários com um maior número de propriedades exploram quase 3000 propriedades (6% do total) e são responsáveis por mais de 8% do rendimento total gerado na AML (mais de 24,4 milhões de euros anuais). “Se formos fazer um cálculo económico, por um lado, isto é bom. A curto prazo gera muita receita, muito imposto, muita economia informal”. “O rendimento que a Airbnb gerou, num ano, em Lisboa, é o triplo do que gerou no Porto. Estávamos a falar de cerca de 77,5 milhões. No caso de Lisboa chega quase aos 220 milhões num ano.”

Para Pedro Chamusca, a juntar-se a esta estratégia de contenção do AL, há que definir uma “política sobre a habitação. “Muita desta problemática coloca-se dentro daquilo que é habitação disponível para arrendamento temporário e de longa duração. O sucesso de qualquer política vai depender do que for a capacidade de intervenção, não sei se nacional ou municipal, neste sector da habitação. E o de criar alguma medida que obrigue a que uma determinada percentagem das habitações que estão no mercado de arrendamento seja destinado a um aluguer de longa duração”.

Lisboa e a Airbnb não é um livro neutro, mas pretende ser isento, defendem os seus autores. “É um livro que quer levar a reflectir e não propriamente a tomar uma posição”, diz Rio Fernandes. Por isso, além da análise destes investigadores conta com contributos de outros especialistas e de políticos de diferentes partidos que ajudam a compreender o retrato da transformação de uma cidade.

tp.ocilbup@arierom.anaitsirc

São proibidos, mas os copos descartáveis continuam nas Festas de Lisboa



São proibidos, mas os copos descartáveis continuam nas Festas de Lisboa

Câmara de Lisboa decretou que em 2019 não podia haver copos descartáveis e que, no próximo ano, também não pode haver pratos e talheres de plástico de uma só utilização.

João Pedro Pincha
João Pedro Pincha 24 de Junho de 2019, 21:14

Sexta-feira, 14 de Junho. O Santo António já se acabou mas a festa prossegue um pouco por toda a cidade. No pequeno Largo de São Vicente acumula-se uma multidão à espera do nome maior do cartaz dessa noite: Ruth Marlene, que virá fazer uma espécie de best of intercalado com alguns temas mais recentes.

Enquanto a artista não chega, abastece-se o corpo de bebida. Em algumas bancas os vendedores apresentam um copo de plástico mais resistente, explicam que custa um euro e que, mediante a devolução do copo e de uma moedinha falsa, o euro volta para a carteira do consumidor. Mas isso não acontece em todas as barraquinhas: a escassos metros há foliões que recebem as suas bebidas em copos descartáveis.

Não é caso único. Na noite anterior, no Largo da Graça, diversas bancas também estavam a vender cerveja em copos de uma só utilização; na Alameda, este fim-de-semana, igualmente durante um concerto de Ruth Marlene, o cenário era idêntico. E o PÚBLICO ainda testemunhou que não é muito difícil encontrar arraiais, em vários sítios da cidade, onde as bebidas estão à venda em copos descartáveis.

Acontece que, a partir deste ano, os copos de plástico descartável estão proibidos nas Festas de Lisboa. Segundo o despacho que regula as “condições de realização dos arraiais de Lisboa”, publicado em Dezembro de 2018 no Boletim Municipal, “as entidades organizadoras dos arraiais populares são obrigadas a garantir a) em 2019, a não utilização de copos de plástico descartável e b) em 2020, a não utilização de copos, pratos e talheres de plástico descartável”.

De entre os muitos arraiais e retiros populares que se realizam durante o mês de Junho, 19 são directamente subsidiados pela câmara de Lisboa através da EGEAC, a empresa municipal responsável pelas Festas. Nesses arraiais “foi estipulado o uso de copos reutilizáveis”, ficando o modelo de gestão à escolha de cada organizador, explica fonte oficial daquela empresa. Nos outros, apesar de a EGEAC não ter qualquer influência, “o regulamento tem de ser cumprido em qualquer caso”.

O arraial que esteve montado nos largos de São Vicente e da Graça foi organizado pela Junta de Freguesia de São Vicente e não teve apoio da EGEAC. Um responsável pelo evento, que durou dez dias e atraiu milhares de pessoas, explicou ao PÚBLICO que a autarquia mandou fazer 35 mil copos reutilizáveis, o que se revelou insuficiente para a elevadíssima procura. Por isso é que, entre os 60 feirantes, muitos houve que recorreram ao clássico copo descartável.

À semelhança de outras entidades, a junta de São Vicente contratou uma empresa de logística para produzir, distribuir, armazenar, lavar e devolver os copos reutilizáveis. Cada copo custou 75 cêntimos à junta, mas chegou ao consumidor final com o preço de um euro para que os feirantes, com um lucro de 25 cêntimos por copo, se sentissem incentivados a vendê-los em vez dos descartáveis. O que, ainda assim, não evitou a resistência de diversos vendedores, que se queixaram do tempo perdido a explicar o sistema de entrega e devolução.

Nos arraiais apoiados pela EGEAC foi a cerveja Sagres, principal patrocinadora das Festas, que se encarregou de produzir e distribuir os copos reutilizáveis. “Esses copos não têm o logótipo das juntas, mas da Sagres. Recomendamos a todos os operadores que cobrem um euro, devolvendo-o no fim, e que troquem de copo sempre que a pessoa pedir uma bebida nova”, diz Nuno Pinto de Magalhães, director de comunicação da marca.

“Neste momento ainda não temos os números fechados. Vamos aguardar pelo encerramento das Festas, no final de Junho, para contabilizar efectivamente os copos disponibilizados”, explica, por sua vez, a EGEAC.

Além dos arraiais apoiados pela empresa municipal, a Sagres fez ainda acordos comerciais com juntas de freguesia e outros arraiais para fornecimento de cerveja, o que, nalguns casos, significou também a disponibilização de copos. “O copo reutilizável não é um negócio”, diz Nuno Pinto de Magalhães.

A venda de cerveja e a exposição obtida pela marca durante os dias de festa ultrapassam largamente a despesa feita em copos. Mas, apesar da aposta, nas cinco freguesias do centro histórico (S. Maria Maior, S. Vicente, Sto. António, Misericórdia e Estrela), a Sagres contratou uma empresa privada para ajudar os serviços de higiene urbana e ainda concedeu apoios financeiros a instituições (escuteiros, por exemplo) que se responsabilizassem pela recolha de copos descartáveis.

Sejam ou não apoiados pela EGEAC, os arraiais têm liberdade para escolher o modelo que preferirem na gestão dos copos reutilizáveis: São Vicente só devolve o euro se o copo for acompanhado da tal moedinha falsa, mas outras festas há que basta entregar o copo, desde que tenha sido adquirido naquele local. Em vários arraiais os copos têm o logótipo da junta de freguesia ou da entidade que organiza, o que impossibilita a sua troca noutro sítio. O responsável de São Vicente comenta ao PÚBLICO que não veria com maus olhos que a EGEAC definisse um modelo único para todo a cidade.

A partir de 1 de Janeiro de 2020, a venda de plásticos descartáveis no espaço público vai ser proibida pela câmara de Lisboa.

Boris Johnson challenged



I was Boris Johnson’s boss: he is utterly unfit to be prime minister
Max Hastings
The Tory party is about to foist a tasteless joke upon the British people. He cares for nothing but his own fame and gratification
Mon 24 Jun 2019 16.20 BST Last modified on Tue 25 Jun 2019 10.01 BST

Six years ago, the Cambridge historian Christopher Clark published a study of the outbreak of the first world war, titled The Sleepwalkers. Though Clark is a fine scholar, I was unconvinced by his title, which suggested that the great powers stumbled mindlessly to disaster. On the contrary, the maddest aspect of 1914 was that each belligerent government convinced itself that it was acting rationally.

It would be fanciful to liken the ascent of Boris Johnson to the outbreak of global war, but similar forces are in play. There is room for debate about whether he is a scoundrel or mere rogue, but not much about his moral bankruptcy, rooted in a contempt for truth. Nonetheless, even before the Conservative national membership cheers him in as our prime minister – denied the option of Nigel Farage, whom some polls suggest they would prefer – Tory MPs have thronged to do just that.

 He would not recognise the truth, whether about his private or political life, if confronted by it in an identity parade
I have known Johnson since the 1980s, when I edited the Daily Telegraph and he was our flamboyant Brussels correspondent. I have argued for a decade that, while he is a brilliant entertainer who made a popular maître d’ for London as its mayor, he is unfit for national office, because it seems he cares for no interest save his own fame and gratification.

Tory MPs have launched this country upon an experiment in celebrity government, matching that taking place in Ukraine and the US, and it is unlikely to be derailed by the latest headlines. The Washington Post columnist George Will observes that Donald Trump does what his political base wants “by breaking all the china”. We can’t predict what a Johnson government will do, because its prospective leader has not got around to thinking about this. But his premiership will almost certainly reveal a contempt for rules, precedent, order and stability.

A few admirers assert that, in office, Johnson will reveal an accession of wisdom and responsibility that have hitherto eluded him, not least as foreign secretary. This seems unlikely, as the weekend’s stories emphasised. Dignity still matters in public office, and Johnson will never have it. Yet his graver vice is cowardice, reflected in a willingness to tell any audience, whatever he thinks most likely to please, heedless of the inevitability of its contradiction an hour later.

Like many showy personalities, he is of weak character. I recently suggested to a radio audience that he supposes himself to be Winston Churchill, while in reality being closer to Alan Partridge. Churchill, for all his wit, was a profoundly serious human being. Far from perceiving anything glorious about standing alone in 1940, he knew that all difficult issues must be addressed with allies and partners.

Churchill’s self-obsession was tempered by a huge compassion for humanity, or at least white humanity, which Johnson confines to himself. He has long been considered a bully, prone to making cheap threats. My old friend Christopher Bland, when chairman of the BBC, once described to me how he received an angry phone call from Johnson, denouncing the corporation’s “gross intrusion upon my personal life” for its coverage of one of his love affairs.

“We know plenty about your personal life that you would not like to read in the Spectator,” the then editor of the magazine told the BBC’s chairman, while demanding he order the broadcaster to lay off his own dalliances.

Bland told me he replied: “Boris, think about what you have just said. There is a word for it, and it is not a pretty one.”

He said Johnson blustered into retreat, but in my own files I have handwritten notes from our possible next prime minister, threatening dire consequences in print if I continued to criticise him.

Johnson would not recognise truth, whether about his private or political life, if confronted by it in an identity parade. In a commonplace book the other day, I came across an observation made in 1750 by a contemporary savant, Bishop Berkeley: “It is impossible that a man who is false to his friends and neighbours should be true to the public.” Almost the only people who think Johnson a nice guy are those who do not know him.

There is, of course, a symmetry between himself and Jeremy Corbyn. Corbyn is far more honest, but harbours his own extravagant delusions. He may yet prove to be the only possible Labour leader whom Johnson can defeat in a general election. If the opposition was led by anybody else, the Tories would be deservedly doomed, because we would all vote for it. As it is, the Johnson premiership could survive for three or four years, shambling from one embarrassment and debacle to another, of which Brexit may prove the least.

For many of us, his elevation will signal Britain’s abandonment of any claim to be a serious country. It can be claimed that few people realised what a poor prime minister Theresa May would prove until they saw her in Downing Street. With Boris, however, what you see now is almost assuredly what we shall get from him as ruler of Britain.

We can scarcely strip the emperor’s clothes from a man who has built a career, or at least a lurid love life, out of strutting without them. The weekend stories of his domestic affairs are only an aperitif for his future as Britain’s leader. I have a hunch that Johnson will come to regret securing the prize for which he has struggled so long, because the experience of the premiership will lay bare his absolute unfitness for it.

If the Johnson family had stuck to showbusiness like the Osmonds, Marx Brothers or von Trapp family, the world would be a better place. Yet the Tories, in their terror, have elevated a cavorting charlatan to the steps of Downing Street, and they should expect to pay a full forfeit when voters get the message. If the price of Johnson proves to be Corbyn, blame will rest with the Conservative party, which is about to foist a tasteless joke upon the British people – who will not find it funny for long.


• Max Hastings is a former editor of the Daily Telegraph and the London Evening Standard
Boris Johnson and Carrie Symonds in the photo, which appeared in selected newspapers on Tuesday
Speaking to LBC, Johnson refused at least half a dozen times to comment on the photo of himself and Carrie Symonds seemingly sitting in the garden of a pub. He would not answer when the host, Nick Ferrari, pressed: “This is quite an old picture isn’t it?”

How Boris Johnson can defuse media frenzy around late-night argument

Former foreign secretary’s strategy of refusing to answer questions about why police were called has failed to dampen press interest.

By          LUCY THOMAS   6/24/19, 9:02 PM CET Updated 6/25/19, 11:16 AM CET

As the old PR adage goes, if you are on the end of a front-page hammering for more than a week, you’ve got a major problem. For Boris Johnson, it is now three days and counting.

The U.K. papers have been dominated by the argument with his girlfriend, Carrie Symonds, in the early hours of Friday morning that was recorded by neighbors. They say they were fearful for her welfare after allegedly hearing her scream “get off me” and “get out of my flat.”

And some of the alleged details of the incident are particularly toxic for Johnson. Symonds' accusation, according to the Guardian's reporting of the recording, that he has “no care for money or anything” speaks to Johnson's image among voters as privileged and out of touch.

Johnson now faces a critical choice. Conventional PR rules say that the best course of action is to defuse the situation with a short statement framing the issue on his terms and spinning the situation to his advantage.

But he has opted to stay silent.

Johnson's outsized personality, including his colorful private life, is part of his appeal for some voters.

Cue an unstoppable stream of coverage, allowing critics to double down on his colorful past, his ill-suitedness for office and his inability to face scrutiny or account for himself — on matters of policy or personal probity.

So what are his choices now? (The following advice assumes that the incident was what police officers concluded it was — a row that did not merit police action, rather than a case of domestic violence, as neighbors had feared.)

Stick to his guns: Johnson is not like other politicians. His out-sized personality, including his colorful private life, is part of his appeal for some voters. He also avoids commenting on his private life, so there is a consistency in keeping schtum. Precedent also matters. If you address this one, it’s harder to avoid all future such questions.

The downside to this approach is that he has not drawn a line under the story and the coverage keeps coming. Would Iain Dale, the interviewer at a hustings event in Birmingham on Saturday, have kept on demanding an answer to why the police were called to the incident for as long as he did had Johnson just given an answer?

And toughing it out can work. François Hollande's ratings as French president soared on the news of his late-night motorbike rides to rendezvous with his mistress. "Good on him" was the response of an impressed French electorate.

It was a British journalist who tried to burst the bubble when the French president visited the U.K.


While the more deferential Parisian press corps sat aghast, Chris Hope of the Telegraph asked whether Hollande thought his “private life has made France an international joke." His waffly response ended with, “I'm afraid I decline to answer."

The reticence of the French press to follow up is not something that Johnson can rely on.

Short and sweet: Make a statement saying "it's none of your business, we all deserve a private life." The advantage is that it acknowledges the interest while providing some defense. It also allows you to move on by saying "I’ve already answered that," when others come back to the issue. Unfortunately for Johnson, the moment for this was over the weekend — before the snowball began rolling.

Attack the messenger: An expert in the genre, former Italian Prime Minister Silvio Berlusconi, has faced not only media opprobrium but legal action for some of his alleged bedroom activities. His approach was to tackle issues head-on and protest his innocence, while attacking the political motives of those making the allegations.

The wider issue for socially conservative members of the Tory Party is that Johnson's living arrangements don't look sufficiently "grown up" for a would-be prime minister.

Some Boris backers also sought to do this over the weekend by criticizing the intrusion of privacy by the Remain-voting neighbors who recorded the argument and passed the tape to a newspaper.

Own it: We’re all human and all couples have rows. A statement like that from Johnson could help to humanize him and evoke sympathy from voters who might just wonder how they'd feel if an argument with a loved one was splashed on the front pages.

Whether it works depends on the story and the person at the eye of the storm. In 2006, Lib Dem leadership candidate Mark Oaten resigned from the front bench after the News of the World revealed his sexual encounters with a male prostitute, including graphic details.

As a young press officer for the Lib Dems, I remember our advice was to keep quiet and not add fuel to the media fire. He instead opted for a major exclusive interview with Hello magazine with his loyal wife Belinda by his side. And in an interview for the Sunday Times, he blamed a "mid-life crisis." The scandal did for his chances of becoming Lib Dem leader and he stood down from parliament at the next election.

It looks suspiciously like the Johnson camp had decided to test out this route on Monday, with a lovey-dovey photo of the adoring couple making its way into the Mail. It is accompanied by quotes from "friends" and "confidants" about how the pair are "loved up" and have been "brought closer together" by the incident.

Go too hard on the schmaltz though and this approach could end up further fanning the flames: especially for someone who hasn’t sought to parade his loved ones before.

Hoping it will go away is not going to work.

Put a ring on it: The wider issue for socially conservative members of the Tory Party is that Johnson's living arrangements don't look sufficiently "grown up" for a would-be prime minister. One bold way to address this and the late-night argument together would be to get engaged and put the relationship on a more "official" footing. That's more than just a PR strategy though.

The frenzy of press interest over the weekend suggests that avoiding the choice could seriously derail Johnson's campaign. The incident has coincided with his decision to avoid scrutiny more broadly in the leadership campaign. He has refused all major media interviews and so far participated in only one TV debate. His opponent, Jeremy Hunt, is already trying to make the epithet "bottler Boris" stick.

Hoping it will go away is not going to work. My advice would be to go big and get wed — or go home.

Lucy Thomas is a senior director at Edelman, the global communications firm advising businesses on politics and communications. She was the deputy director of the Remain campaign and is a former a BBC broadcast journalist.


 Boris Johnson’s tax cut would benefit richest 10% most, say experts

Plan would cost £9bn and endanger promise to end austerity, according to IFS

Richard Partington and Phillip Inman
Tue 25 Jun 2019 00.01 BST

Britain’s foremost tax and spending thinktank has said that Boris Johnson’s promise to cut taxes for millions of higher earners would cost £9bn and benefit the richest 10% of households in Britain most.

The Institute for Fiscal Studies (IFS) said the proposal by the frontrunner in the Conservative leadership race was expensive and potentially incompatible with the Tories’ promise to end austerity and safely manage the public finances.

Johnson has said he would increase the higher-rate income tax threshold, at which earnings are taxed at 40%, from its current level of £50,000 to £80,000 should Tory members vote him in as leader.

Tom Waters, a research economist at the IFS, said: “It is not clear that spending such sums on tax cuts is compatible with both ending austerity in public spending and prudent management of the public finances.”

Drawing intense criticism from across the political spectrum, the proposal has been roundly attacked as a giveaway for the rich that would drive up inequality and harm the public finances. No-deal Brexit could damage Treasury revenues, while tax cuts would subtract from funding needed to boost public services.

The chancellor, Philip Hammond, has warned Tory leadership hopefuls against any reckless tax cuts and spending increases.

According to the IFS, about 4 million income tax payers with the highest incomes would benefit from Johnson’s tax promise, standing to gain almost £2,500 each on average. There are 32.75 million British workers, while the average salary is about £26,400 a year.

About three-quarters of the reduction in tax liabilities would go to those in the top 10% of the income distribution, while 97% of the gains would go to the top 30% highest earners.

Johnson has argued that more people are paying tax at the higher rate, while the study showed their numbers have increased by 170% since 1990. Johnson’s policy would slash the number of higher-rate taxpayers by a third to the lowest level since 1990.

Undermining a defence that the cut would encourage aspirational workers, serving as a reward for rising up the earnings pyramid, the IFS said that only a quarter of workers in Britain would benefit from the change at any point in their life or live in a household where someone had. It said just 8% of workers would gain from the change in the short term.

Wealthy pensioners would stand to benefit in particular. Johnson has said the cuts would be funded partly by raising the national insurance contributions of workers who benefit from the income tax cut. However, retirees do not pay national insurance.

The IFS said those over 65 would receive a tax cut about 60% larger than those under 65, entrenching generational inequality.

According to a separate report by the IFS, 60- to 74-year-olds on middle incomes already benefit from substantially higher pension payouts and wages.

Carl Emmerson, the thinktank’s deputy director, said the report, The Future of Income in Retirement, showed that a combination of generous occupational pension schemes and more people working into old age meant those in the 60-74 age bracket on middle incomes were 60% better off than those in a similar position in the mid-1990s.

The current crop of retirees was likely to be a bubble, with the prospect of less generous pension schemes for younger workers acting to depress retirement incomes in decades to come.

“Future generations may actually end up with lower private pensions,” he said. “But there is much capacity for employment rates of older individuals to rise further: for example employment rates of men aged 60 to 64, which have been increasing since the mid-1990s, are still well below the rates seen in the 1970s when life expectancy was much lower and health less good.”


Mark Carney ‘wrong’ on no-deal Brexit trade terms, says Boris Johnson

The Tory leadership frontrunner said ‘it is certainly an option’ to use so-called GATT24 trade rule if there is no deal.

By          EMILIO CASALICCHIO     6/25/19, 12:37 PM CET Updated 6/25/19, 12:41 PM CET

Boris Johnson said Bank of England Governor Mark Carney was wrong to suggest the U.K. would be unable to trade on existing terms with the EU if it leaves the bloc with no deal.

The frontrunner in the Conservative leadership race insisted that using World Trade Organisation rules to keep the same tariffs after a no-deal Brexit was “certainly an option” and he bolstered his commitment to leave the EU on October 31 "do or die."

Last week, the Bank of England boss said it would be impossible to employ the so-called GATT 24 clause if the UK quits the EU without an agreement in place.

"GATT 24 applies if you have an agreement, not if you've decided to not have an agreement or have been unable to come to an agreement," he told the BBC.

Johnson accepted in a radio phone-in Tuesday that Carney was right to say “there has to be agreement on both sides” but added he was “wrong to say it’s not an option."

He insisted on LBC radio: “It is certainly an option. I don’t know whether he has said it’s not an option but people are wrong if they say it’s not an option. I don’t think Mark Carney has said that. ”

In his comments, Carney argued it could only be used between parties who already had a trade deal in place or were close to striking one.

"We should be clear that if we move to no deal, no deal means no deal, it means there is a substantial change in the trading relationship with the European Union," Carney said. "Not having an agreement with the EU means there are tariffs ... because the Europeans have to apply the same rules to us as they apply to everyone else."

Johnson argued that the GATT rules were “perfectly clear that two countries that are in the process of beginning a free trade agreement and may protract their existing arrangements until such time as they have completed the new free trade agreement.”

He said the clause was a “very hopeful prospect” for Britain and “the way forward.”

In an interview with the BBC yesterday, Johnson insisted his government would "never" impose checks on the border in Northern Ireland and would not "want" to impose tariffs on goods entering the U.K.

Elsewhere on LBC this morning, Johnson said he would introduce legislation to guarantee the rights of EU citizens in the UK on “day one” of his premiership.

He also suggested he would back a report by a non-governmental commission yesterday that suggested creating a trading area for food, livestock and plants between Ireland and the U.K. as a way of avoiding the controversial Northern Ireland backstop plan.

And he said claims he had been in regular contact with former Donald Trump aide Steve Bannon were “codswallop” and a “crazy alt-right conspiracy.”

On Sunday, the Observer revealed a video of Bannon in which he claimed he had been in contact with Johnson to help write the former foreign secretary's first speech after resigning from the government a year ago. When asked at the time about his contact with Bannon, Johnson called it "a lefty delusion whose spores continue to breed in the Twittersphere."

In a later interview this morning with TalkRadio, Johnson insisted he would take the U.K. out of the EU on the current deadline of October 31 "do or die; come what may."

He had previously indicated that he would not be willing to ask for another Brexit extension from the bloc, but had been willing to give a cast-iron guarantee.

Authors:
Emilio Casalicchio