Câmara de Lisboa apresenta plano
de repavimentação das ruas até ao final de Junho
MARISA SOARES
30/04/2014 - PÚBLICO
Oposição criticou o investimento na resolução deste problema,
considerando-o escasso.
O vereador com o
pelouro das Obras na Câmara de Lisboa, Jorge Máximo, disse nesta quarta-feira
que vai apresentar até 30 de Junho um plano de repavimentação, com um
cronograma das intervenções necessárias para resolver o problema dos buracos
nas ruas da cidade.
“A estratégia da
câmara passa por criar um plano de repavimentação, como sempre defendi, e
comprometo-me a apresentar uma estratégia até 30 de Junho”, disse Jorge Máximo,
em resposta às perguntas colocadas pelo vereador do PPD/PSD António Prôa
durante a reunião de câmara esta tarde.
Considerando que
a conservação dos pavimentos deveria ser “uma prioridade” para o executivo
municipal, António Prôa criticou a “execução baixíssima” da verba prevista no
orçamento de 2013 para esta rubrica, que era de 2,8 milhões de euros. “No final
do ano, [a câmara] tinha gasto quase 700 mil euros, ou seja, ficaram por
utilizar mais de dois milhões de euros da verba disponível”, apontou.
Segundo Prôa, no
orçamento para 2014 estão previstos 4,9 milhões de euros para os pavimentos e
até 29 de Abril foi executada metade desta verba. “Se no actual estado da
cidade já foi comprometida metade da verba, isto faz antecipar o pior”,
observou o vereador da oposição, referindo-se ao facto de só agora começar o
período mais propício à realização das obras..
Prôa lembrou
ainda as promessas feitas pelo executivo em período de pré-campanha eleitoral
para as autárquicas, durante o qual anunciou um “reforço significativo nas
verbas" para resolver o problema dos buracos. “Infelizmente, passadas as
eleições, o problema mantém-se. Diria, agravou-se”, frisou, enquanto exibia
várias fotografias de locais com buracos nas estradas.
Em resposta,
Jorge Máximo sublinhou que “a cidade tem 1800 quilómetros de pavimento” e que o
Inverno rigoroso impediu a autarquia de avançar com as empreitadas necessárias.
Em curso está, segundo o vereador, a identificação das ruas mais problemáticas,
em colaboração com as juntas de freguesia. “Consoante a disponibilidade
orçamental, porque não estamos numa situação particularmente fácil, a ideia é
desenvolvermos um cronograma para um plano de repavimentação”, disse Jorge
Máximo, pedindo “paciência” à oposição para esperar até 30 de Junho.
O vereador
admitiu ainda que a execução orçamental ficou aquém do previsto, situação que
justificou com a inexistência de receitas. No entanto, o vereador com o pelouro
das Finanças e vice-presidente da câmara, Fernando Medina, sublinhou que “as
verbas investidas nesta área não são estritamente as que estão alocadas a esta
rubrica”.
Segundo o
vereador da Higiene Urbana, Duarte Cordeiro, nos últimos três meses foram
gastos 500 mil euros para responder a 665 ocorrências relacionadas com buracos
nas ruas. “Estamos a abrir novas empreitadas para trabalhos diversos”,
acrescentou.
Proposta adiada
Na reunião
marcada pela ausência do presidente da câmara, António Costa, e de alguns
vereadores, foi também discutida a proposta de criação de um comissariado municipal
para o combate ao desperdício alimentar, assinada por António Costa e pelos
vereadores João Afonso e João Gonçalves Pereira (CDS-PP). A proposta prevê a
elaboração, por parte deste comissariado, de um plano municipal para evitar o
desperdício de comida nas cantinas e restaurantes da cidade, tendo por base o
trabalho já feito no terreno por diversas instituições e pela própria
autarquia.
“A questão do
desperdício alimentar e da fome é um tema supra-partidário, é um tema que nos
deve mobilizar a todos”, argumentou Gonçalves Pereira, frisando que a proposta
“não significa nenhuma extensão [ao CDS-PP] do acordo coligatório que o actual
executivo tem em Lisboa”. O objectivo, segundo o vereador, é "combater a
fome" e transformar Lisboa na "primeira cidade do mundo sem
desperdício alimentar", dentro de dois anos, com a distribuição de
"um milhão de refeições por ano".
O documento,
porém, suscitou dúvidas no PCP, com o vereador Carlos Moura a acusar os
proponentes de “assistencialismo” e o vereador João Ferreira a exigir uma maior
fundamentação da proposta. Também o PSD mostrou dúvidas em relação à
fundamentação jurídica do documento. No entanto, ambos os partidos mostraram
disponibilidade para aprovar a proposta caso esta fosse alterada e clarificada.
Perante isto, a
proposta foi retirada e deve regressar à câmara dentro de duas semanas para ser
discutida novamente, com o objectivo de obter a aprovação por todo o executivo.
"Estamos conscientes de que esta é uma prioridade do município, pelo que
deve reunir um largo consenso", afirmou João Gonçalves Pereira à saída da
reunião.
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