Primeiro debate televisivo entre
candidatos à sucessão de Barroso centrou-se na crise económica
ISABEL ARRIAGA E
CUNHA 28/04/2014 – PÚBLICO
As ideias do liberal belga Guy Verhofstadt foram as mais inovadoras, mas a
verde alemã Ska Keller, a mais jovem, surpreendeu.
Nenhuma grande
novidade emergiu do primeiro debate televisivo entre os quatro principais
candidatos à sucessão de Durão Barroso na presidência da Comissão Europeia,
mesmo se Guy Verhofstadt, o líder dos liberais, conseguiu sobressair com as
ideias mais inovadoras para resolver a crise social, económica e financeira
europeia.
O debate de 90
minutos, realizado em inglês na universidade de Maastricht, na Holanda, perante
uma assembleia de jovens, foi transmitido em directo pela cadeia de televisão
Euronews, mas não se sabe que audiência teve. Um segundo debate do mesmo tipo
está já previsto para 15 de Maio, nas instalações do Parlamento Europeu (UE).
O candidato da
esquerda europeia, o grego Alexis Tsipras, foi o único que recusou participar
neste debate, enquanto a extrema-direita, que não está estruturada num partido
europeu, não tem um candidato oficial.
Embora os
cidadãos não tenham o poder de eleger o futuro presidente da Comissão Europeia,
os partidos europeus querem forçar os Governos da UE a escolher o chefe de fila
do partido mais votado para o cargo, o que anuncia um aceso debate logo a
seguir às eleições europeias de 22
a 25 de Maio.
A novidade em
termos de personalidade entre os candidatos presentes foi fornecida pela verde
alemã Franziska Maria – Ska – Keller –, de 33 anos por se tratar da única
mulher e ser uma novata nas lides europeias. Mesmo assim, o seu discurso
revelou-se algo vago sempre que saiu das suas áreas de defesa de uma economia
“sustentável” para a Europa ou dos direitos cívicos.
Perante uma
plateia de estudantes, todos os candidatos assumiram como prioridade número um
a resolução do problema do desemprego, sobretudo dos jovens.
Martin Schulz,
alemão de 58 anos indicado pelos socialistas, defendeu que é preciso mais
dinheiro para reduzir o desemprego juvenil, o que foi de imediato criticado
pelo luxemburguês Jean-Claude Juncker, 69 anos, chefe de fila dos democratas-cristãos
(PPE) e pelo belga Guy Verhofstadt, líder dos liberais, ambos defensores de
finanças públicas sãs e do fim do endividamento.
Juncker procurou
por seu lado distanciar-se das políticas de austeridade impostas a vários
países, e defendeu a instituição de um salário mínimo ao nível europeu.
Os dois
candidatos, que segundo as sondagens são os que têm maiores probabilidades de
vir a suceder a Barroso, garantiram que farão tudo para que a zona euro avance
para a emissão pelo menos parcial de dívida em comum (eurobonds), mas
reconheceram que os Governos da UE ainda não estão preparados para dar esse
passo.
Em termos
programáticos, no entanto, foi Guy Verhofstadt, ex-primeiro ministro belga de
61 anos, que assumiu o discurso mais articulado sobre a necessidade de a UE dar
um novo salto na integração europeia com a integração dos mercados de capitais,
digital e energético enquanto motor de crescimento económico para sair da
crise. “É preciso um novo tipo de liderança para a Europa”, defendeu,
suscitando os aplausos da assembleia quando sugeriu repetir o método
integracionista de Jacques Delors, presidente da Comissão Europeia entre 1985 e
1995.
Todos defenderam
igualmente a necessidade de recolocar a
Comissão Europeia no centro da arquitectura institucional europeia face
ao conselho de ministros da UE e ao Parlamento Europeu. Todos, sem excepção
criticaram com maior ou menor dureza Durão Barroso, por ter colocado a sua
instituição na dependência política dos Governos e por se ter recusado a
desempenhar o seu papel de motor da integração europeia para ultrapassar a
crise.
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