CARTAS À DIRECTORA / PÚBLICO / 16 abr
2014
Zé Manel volta, estás perdoado
Estamos a viver
um tempo em que o passado resume-se ao último mês, e a história, a dois ou três
acontecimentos que sejam sistematicamente referenciados pela maioria dos nossos
meios de comunicação social, com o maior sensacionalismo possível, ou pelos
políticos de serviço, entrecruzando-se com aqueles.
Talvez seja
baseado “nisto” que o ainda presidente em exercício da Comissão Europeia esteja
“fiado”, para se estar já a fazer a um cargo no nosso, e também dele, país.
Como não
conseguiu arranjar nada de nada “lá fora”, tem que regressar a terra.
Assim, consegue
dar uma entrevista ao melhor e maior semanário que temos, onde faz de conta,
estar a fazer um ponto de situação dos seus últimos 10 anos, onde atira culpas
para todos e tudo o que mexe, e tenta aparecer como um “santo”.
E, agora está, e
vai ficar a andar por aí — já não é o único — e ainda para mais, com o apoio do
PR e do PM.
Sendo que, talvez
alguns que tenhamos ainda memória — algo raro — um pouco mas alongada no tempo,
e para quem a História seja feita de factos com séculos e séculos, não
esquecemos o percurso recente de Durão Barroso, do Zé Manuel, do José Manuel
Barroso.
E convenhamos que
nem cá dentro, nem lá fora foi dos melhores, e parece só o próprio e os que em
seu torno gravitam, isto não quererem entender.
Como
primeiro-ministro desistiu do lugar e foi para presidente da Comissão Europeia.
Como primeiroministro não fez obra, bem pelo contrário, e descobriu que nada
podia fazer, por um país de tanga, e foi-se embora. Como presidente da Comissão
Europeia, conseguiu que esta ficasse tão anulada, que tudo o que lhe competia
fazer e decidir passou para Berlim. Algo que vai ser árduo o próximo a ocupar a
cadeira, recentrar, de onde nunca deveria ter saído.
Depois, deste
percurso, achar que está perdoado e que pode voltar à terra natal para ser
Presidente da República é muito, mesmo muito optimismo, mas tudo é possível e
conseguível, por mais espantoso que pareça, neste nosso pobre País. Logo
estaremos cá, se nos deixarem, para o ver, perdoado e regressado.
A. Küttner de
Magalhães, Porto
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