terça-feira, 15 de abril de 2014

Zé Manel volta, estás perdoado


CARTAS À DIRECTORA / PÚBLICO / 16 abr 2014
Zé Manel volta, estás perdoado
Estamos a viver um tempo em que o passado resume-se ao último mês, e a história, a dois ou três acontecimentos que sejam sistematicamente referenciados pela maioria dos nossos meios de comunicação social, com o maior sensacionalismo possível, ou pelos políticos de serviço, entrecruzando-se com aqueles.
Talvez seja baseado “nisto” que o ainda presidente em exercício da Comissão Europeia esteja “fiado”, para se estar já a fazer a um cargo no nosso, e também dele, país.
Como não conseguiu arranjar nada de nada “lá fora”, tem que regressar a terra.
Assim, consegue dar uma entrevista ao melhor e maior semanário que temos, onde faz de conta, estar a fazer um ponto de situação dos seus últimos 10 anos, onde atira culpas para todos e tudo o que mexe, e tenta aparecer como um “santo”.
E, agora está, e vai ficar a andar por aí — já não é o único — e ainda para mais, com o apoio do PR e do PM.
Sendo que, talvez alguns que tenhamos ainda memória — algo raro — um pouco mas alongada no tempo, e para quem a História seja feita de factos com séculos e séculos, não esquecemos o percurso recente de Durão Barroso, do Zé Manuel, do José Manuel Barroso.
E convenhamos que nem cá dentro, nem lá fora foi dos melhores, e parece só o próprio e os que em seu torno gravitam, isto não quererem entender.
Como primeiro-ministro desistiu do lugar e foi para presidente da Comissão Europeia. Como primeiroministro não fez obra, bem pelo contrário, e descobriu que nada podia fazer, por um país de tanga, e foi-se embora. Como presidente da Comissão Europeia, conseguiu que esta ficasse tão anulada, que tudo o que lhe competia fazer e decidir passou para Berlim. Algo que vai ser árduo o próximo a ocupar a cadeira, recentrar, de onde nunca deveria ter saído.
Depois, deste percurso, achar que está perdoado e que pode voltar à terra natal para ser Presidente da República é muito, mesmo muito optimismo, mas tudo é possível e conseguível, por mais espantoso que pareça, neste nosso pobre País. Logo estaremos cá, se nos deixarem, para o ver, perdoado e regressado.

 A. Küttner de Magalhães, Porto

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