sexta-feira, 18 de abril de 2014

Governo chinês revela que 16,1% do solo do país está contaminado


Governo chinês revela que 16,1% do solo do país está contaminado
Por Diogo Vaz Pinto
publicado em 19 Abr 2014 in (jornal) i online
Indignação pública obriga o governo a admitir que o país enfrenta uma situação de catástrofe ambiental

É uma realidade de tal modo preocupante que foi guardada como um segredo de Estado, mas a crescente indignação pública face a um ambiente envenenado forçou o governo chinês a abrir o jogo, divulgando um estudo realizado ao longo de quase uma década (2005-2013) e que concluiu que perto de um quinto dos terrenos agrícolas do país estão contaminados com metais tóxicos. O relatório transforma-se numa das mais veementes denúncias dos efeitos catastróficos da industrialização desenfreada da China submetida ao jugo do Partido Comunista.

Metais pesados como cádmio, níquel e arsénio são os principais contaminantes, diz o relatório que confirma as suspeitas sobre o péssimo estado do solo chinês após mais de duas décadas de um crescimento industrial explosivo, com o uso excessivo de produtos químicos agrícolas e um nível de preocupações com a protecção ambiental mínimo.

O estudo não deixa margem para dúvidas em relação ao perigo para a saúde deste fenómeno. No caso dos metais pesados, são precisas décadas para se revelarem os problemas caso alguém esteja exposto a eles. Entretanto, já muitos activistas tinham identificado várias "aldeias do cancro" localizadas junto de fábricas suspeitas de poluírem o ambiente. Trata-se de áreas onde a taxa de incidência do cancro está bem acima da média nacional.


A contaminação abrange 16,1% de todo o solo chinês, e 19,4% das suas terras aráveis, de acordo com um resumo divulgado esta semana pelo Ministério de Protecção Ambiental da China. "A condição geral do solo chinês não permite optimismo", lê-se no relatório. A divulgação do estudo é um sinal de que o governo chinês começa a responder com maior abertura à indignação pública com o problema da poluição, isto depois de o próprio jornal do Partido Comunista ter declarado que 'encobrir isto apenas faz as pessoas pensarem: 'Estamos a ser enganadas.'"

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