segunda-feira, 9 de março de 2015

Para onde vai António Costa?

O Patrão do OBSERVADOR escreve um artigo de “opinião independente” e aconselha António Costa ... a assumir-se e a definir-se claramente ... como candidato “LIBERAL” ... leia-se NEO ...
LER : O meu Partido é Lisboa
ANTÓNIO SÉRGIO ROSA DE CARVALHO 06/08/2014 / PÚBLICO / http://www.publico.pt/politica/noticia/o-meu-partido-e-lisboa-1665458
OVOODOCORVO

“O Conselho de Administração do OBSERVADOR, tem como presidente António Carrapatoso”
Com nascimento previsto para a próxima segunda-feira, dia 19 de Maio, o projecto jornalístico digital Observador acaba de anunciar a sua composição accionista e reforçar o capital próprio para 3,2 milhões de euros. “Este conjunto de accionistas e os capitais próprios com que contribuíram (o Observador não recorreu a qualquer financiamento bancário) constituem um factor decisivo para a diferenciação do Observador como um órgão de comunicação social genuinamente independente, apostado em fazer um jornalismo da maior qualidade, sem outra agenda que não seja a do interesse público”, sublinha o projecto em comunicado. O Conselho Geral de Supervisão do Observador tem como presidente Jaime Gama e como vogais António Champalimaud, António Casanova, Filipe de Botton, João Fonseca, Luís Amado, Luís Amaral, Nuno Carrapatoso e Pedro de Almeida. O outro órgão estatutário já eleito, o Conselho de Administração, tem como presidente António Carrapatoso e como vogais Duarte Schmidt Lino, José Manuel Fernandes (publisher) e Rui Ramos. Rudolf Gruner é o director-geral do Observador e David Dinis o director executivo da redacção.

Neste momento são accionistas do Observador: Amaral y Hijas Holdings S.L. (accionista de referência Luís Amaral), António Pinto Leite, António Viana Baptista, Ardma SGPS, S.A. (accionista de referência Pedro de Almeida), Atrium Investimentos, SGPS, S.A. (accionista de referência João Fonseca), Bar Bar Idade I, SGPS, S.A. (accionista de referência Carlos Moreira da Silva), Duarte Schmidt Lino, Duarte Vasconcelos, Holdaco, SGPS, S,A, (accionista de referência António Champalimaud), João de Castello Branco, Jorge Bleck, José Manuel Fernandes, Lusofinança (Filipe de Botton e Alexandre Relvas), Orientempo (accionista de referência António Carrapatoso), Pedro Martinho, Ribacapital, SGPS, Lda. (accionista de referência João Talone), Tempo Calmo SGPS, S.A. (accionista de referência Filipe Simões de Almeida) e Rui Ramos

In : “Observador reforça capital para 3,2 milhões e revela accionistas”
15 de Maio de 2014 às 17:28:02, por PEDRO DURÃES

Para onde vai António Costa?
António Carrapatoso / 9-3-2015 / OBSERVADOR

Será Costa capaz de mudar o rumo às coisas, saberá reconhecer e assumir os erros do passado - de Sócrates, seus, do partido -, terá uma visão para o país e a persistência e a coragem para a defender?

A vida não está fácil para António Costa.

Mas a luta para se chegar a primeiro-ministro quase nunca é fácil.

No caso de Costa, as dificuldades são acrescidas.

Em primeiro lugar, está “malheureusement” ligado a um pesado legado Socrático e da respetiva governação socialista. Depois, porque o Partido Socialista está dividido em fações e personalidades feridas, sôfregas e aguerridas. E finalmente, vai combater o governo quando a economia aparenta estar a recuperar de um ciclo de recessão.

Acresce que é difícil prometer coisas quando o país ainda tem que reduzir o défice orçamental e a dívida pública e continua sujeito à vigilância comunitária. Não por acaso, a população parece menos crente em cantigas e ilusões.

Estará assim António Costa inevitavelmente perdido, restando-lhe, no máximo, a possibilidade de lutar por uma vitória marginal, que não deixará de o fragilizar na procura das soluções pós-eleitorais?

Isso será provavelmente o que acontecerá se Costa mantiver o seu posicionamento atual, defensivo e de quase “morto”, e a sua atitude de “fuga” a um combate de ideias mais claro e assumido.

Mas António Costa ainda poderá fazer outras escolhas.

De facto, o risco começa a ser a partir de agora maior para Costa, se não iniciar um caminho de maior afirmação.

Duas questões têm então que ser esclarecidas e ultrapassadas.

A primeira é a de saber se António Costa é capaz de mudar o rumo às coisas, se sabe reconhecer e assumir os erros cometidos no passado — por Sócrates, por si e pelo partido –, e se tem uma visão para o país e a persistência e a coragem para a defender, mesmo que contrariando alguns dos seus camaradas mais mediáticos, desde os relacionados com a vetusta guarda republicana e estatizante, até aos jovens pretorianos agora secretamente apaixonados pelo Syriza.

Ou seja, António Costa tem que demonstrar que é claramente diferente do típico dirigente político de carreira: proveniente das jotas, tático e pragmático à “outrance”, adepto do compromisso a todo o custo, com pouca experiência da “vida real”, vidrado no poder, trepador social, e “arranjador” de lugares para os seus apaniguados, que por isso o seguem. Terá que provar ter dentro de si uma semente de estadista, e as necessárias competências de liderança e de gestão para ganhar com margem significativa umas eleições legislativas e afirmar-se como um eficaz primeiro-ministro.

Claro que Costa tem um passado, cargos ocupados e trabalhos realizados – alguns deles mereciam ser melhor escrutinados, como a sua atuação enquanto presidente da Câmara de Lisboa –, mas esta parada é indubitavelmente mais alta e as circunstâncias atuais muito mais difíceis.

A segunda questão é saber qual é o projeto político de Costa e da sua equipa, e como vai corresponder às necessidades do País.

É que não basta dizer que se vai lutar contra as desigualdades, reconstruir o Estado Social (qual e com que dinheiro?), acabar com a “austeridade” (contas públicas equilibradas não é “austeridade”), e fomentar o crescimento económico (como?).

Consegue ou não o Partido Socialista, sob a liderança de António Costa, modernizar-se, e afirmar-se como mais liberal (essa palavra para alguns maldita) e reformador? Poderá Costa transformar o Partido Socialista no partido do equilíbrio saudável, que defende um Estado forte e presente, garante de uma rede de proteção social, bem definida e sustentável, mas também um Estado não perdulário nem ao serviço de interesses corporativos, que sabe deixar um amplo e estimulante espaço para a iniciativa dos cidadãos e para as forças mais dinâmicas da sociedade, não as asfixiando com impostos predatórios e demasiado elevados?

Concluindo, não me parece que o melhor para o País seja agora denegrir Costa, rotulá-lo de incapaz, e de definitivamente marcado pelo seu passado, mas antes espicaçá-lo para que dê o melhor de si e apresente uma alternativa e uma proposta de projeto politico que possa ser realmente considerada.

Se António Costa não corresponder, dará razão aos seus maiores críticos, que já o condenaram, acusando-o de falta de estamina e de estilo, de não saber bem o que quer ou de ter apenas ideias vagas, inexequíveis ou pouco estruturadas sobre o país. Se corresponder, trará benefícios importantes para o nosso debate democrático e para a construção de mais fortes alternativas.

O atual governo está a acabar o seu mandato. Há cerca de ano e meio, escrevi um artigo sobre os desafios com que o governo na altura se confrontava, e a que dei o título: “À altura das circunstâncias?” (Expresso, 29 de Junho de 2013). Em devido tempo, deveremos concluir se a atual governação venceu ou não com mérito os desafios referidos e se merece que lhe seja dada a oportunidade para continuar ao leme do País, ou se, pelo contrário, está esgotada e existem melhores alternativas, as quais devem ser suficientemente concretizadas (Senhores candidatos a PM: queremos um DEO).

Sabemos que o nosso futuro coletivo dependerá naturalmente das capacidades, empenho e contributo de cada cidadão, de dinâmicas exteriores relativamente às quais teremos pouco controle, e até da maior ou menor sorte.

Mas o país precisa de ter uma governação, no Estado e nas suas instituições, que nos convença, com uma liderança inspiradora, com um projeto político assertivo e claro, competente e que seja capaz de contribuir para o desenvolvimento e aproveitamento das potencialidades dos portugueses.


É pedir muito? É que estamos mesmo carentes!

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