O Patrão do OBSERVADOR
escreve um artigo de “opinião independente” e aconselha António Costa ... a assumir-se
e a definir-se claramente ... como candidato “LIBERAL” ... leia-se NEO ...
LER : O meu
Partido é Lisboa
ANTÓNIO SÉRGIO
ROSA DE CARVALHO 06/08/2014 / PÚBLICO / http://www.publico.pt/politica/noticia/o-meu-partido-e-lisboa-1665458
OVOODOCORVO
“O Conselho de
Administração do OBSERVADOR, tem como presidente António Carrapatoso”
Com nascimento
previsto para a próxima segunda-feira, dia 19 de Maio, o projecto jornalístico
digital Observador acaba de anunciar a sua composição accionista e reforçar o
capital próprio para 3,2 milhões de euros. “Este conjunto de accionistas e os
capitais próprios com que contribuíram (o Observador não recorreu a qualquer
financiamento bancário) constituem um factor decisivo para a diferenciação do
Observador como um órgão de comunicação social genuinamente independente,
apostado em fazer um jornalismo da maior qualidade, sem outra agenda que não
seja a do interesse público”, sublinha o projecto em comunicado. O Conselho
Geral de Supervisão do Observador tem como presidente Jaime Gama e como vogais
António Champalimaud, António Casanova, Filipe de Botton, João Fonseca, Luís
Amado, Luís Amaral, Nuno Carrapatoso e Pedro de Almeida. O outro órgão
estatutário já eleito, o Conselho de Administração, tem como presidente António
Carrapatoso e como vogais Duarte Schmidt Lino, José Manuel Fernandes
(publisher) e Rui Ramos. Rudolf Gruner é o director-geral do Observador e David
Dinis o director executivo da redacção.
Neste momento são
accionistas do Observador: Amaral y Hijas Holdings S.L. (accionista de
referência Luís Amaral), António Pinto Leite, António Viana Baptista, Ardma
SGPS, S.A. (accionista de referência Pedro de Almeida), Atrium Investimentos,
SGPS, S.A. (accionista de referência João Fonseca), Bar Bar Idade I, SGPS, S.A.
(accionista de referência Carlos Moreira da Silva), Duarte Schmidt Lino, Duarte
Vasconcelos, Holdaco, SGPS, S,A, (accionista de referência António
Champalimaud), João de Castello Branco, Jorge Bleck, José Manuel Fernandes,
Lusofinança (Filipe de Botton e Alexandre Relvas), Orientempo (accionista de
referência António Carrapatoso), Pedro Martinho, Ribacapital, SGPS, Lda. (accionista
de referência João Talone), Tempo Calmo SGPS, S.A. (accionista de referência
Filipe Simões de Almeida) e Rui Ramos
In : “Observador
reforça capital para 3,2 milhões e revela accionistas”
15 de Maio de
2014 às 17:28:02, por PEDRO DURÃES
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Para onde vai António Costa?
António Carrapatoso
/ 9-3-2015 / OBSERVADOR
Será Costa capaz de mudar o rumo
às coisas, saberá reconhecer e assumir os erros do passado - de Sócrates, seus,
do partido -, terá uma visão para o país e a persistência e a coragem para a
defender?
A vida não está
fácil para António Costa.
Mas a luta para
se chegar a primeiro-ministro quase nunca é fácil.
No caso de Costa,
as dificuldades são acrescidas.
Em primeiro
lugar, está “malheureusement” ligado a um pesado legado Socrático e da
respetiva governação socialista. Depois, porque o Partido Socialista está
dividido em fações e personalidades feridas, sôfregas e aguerridas. E
finalmente, vai combater o governo quando a economia aparenta estar a recuperar
de um ciclo de recessão.
Acresce que é
difícil prometer coisas quando o país ainda tem que reduzir o défice orçamental
e a dívida pública e continua sujeito à vigilância comunitária. Não por acaso,
a população parece menos crente em cantigas e ilusões.
Estará assim
António Costa inevitavelmente perdido, restando-lhe, no máximo, a possibilidade
de lutar por uma vitória marginal, que não deixará de o fragilizar na procura
das soluções pós-eleitorais?
Isso será
provavelmente o que acontecerá se Costa mantiver o seu posicionamento atual,
defensivo e de quase “morto”, e a sua atitude de “fuga” a um combate de ideias
mais claro e assumido.
Mas António Costa
ainda poderá fazer outras escolhas.
De facto, o risco
começa a ser a partir de agora maior para Costa, se não iniciar um caminho de
maior afirmação.
Duas questões têm
então que ser esclarecidas e ultrapassadas.
A primeira é a de
saber se António Costa é capaz de mudar o rumo às coisas, se sabe reconhecer e
assumir os erros cometidos no passado — por Sócrates, por si e pelo partido –,
e se tem uma visão para o país e a persistência e a coragem para a defender,
mesmo que contrariando alguns dos seus camaradas mais mediáticos, desde os
relacionados com a vetusta guarda republicana e estatizante, até aos jovens
pretorianos agora secretamente apaixonados pelo Syriza.
Ou seja, António
Costa tem que demonstrar que é claramente diferente do típico dirigente
político de carreira: proveniente das jotas, tático e pragmático à “outrance”,
adepto do compromisso a todo o custo, com pouca experiência da “vida real”,
vidrado no poder, trepador social, e “arranjador” de lugares para os seus
apaniguados, que por isso o seguem. Terá que provar ter dentro de si uma
semente de estadista, e as necessárias competências de liderança e de gestão
para ganhar com margem significativa umas eleições legislativas e afirmar-se
como um eficaz primeiro-ministro.
Claro que Costa
tem um passado, cargos ocupados e trabalhos realizados – alguns deles mereciam
ser melhor escrutinados, como a sua atuação enquanto presidente da Câmara de
Lisboa –, mas esta parada é indubitavelmente mais alta e as circunstâncias
atuais muito mais difíceis.
A segunda questão
é saber qual é o projeto político de Costa e da sua equipa, e como vai
corresponder às necessidades do País.
É que não basta
dizer que se vai lutar contra as desigualdades, reconstruir o Estado Social
(qual e com que dinheiro?), acabar com a “austeridade” (contas públicas
equilibradas não é “austeridade”), e fomentar o crescimento económico (como?).
Consegue ou não o
Partido Socialista, sob a liderança de António Costa, modernizar-se, e
afirmar-se como mais liberal (essa palavra para alguns maldita) e reformador?
Poderá Costa transformar o Partido Socialista no partido do equilíbrio
saudável, que defende um Estado forte e presente, garante de uma rede de
proteção social, bem definida e sustentável, mas também um Estado não
perdulário nem ao serviço de interesses corporativos, que sabe deixar um amplo
e estimulante espaço para a iniciativa dos cidadãos e para as forças mais
dinâmicas da sociedade, não as asfixiando com impostos predatórios e demasiado
elevados?
Concluindo, não
me parece que o melhor para o País seja agora denegrir Costa, rotulá-lo de
incapaz, e de definitivamente marcado pelo seu passado, mas antes espicaçá-lo
para que dê o melhor de si e apresente uma alternativa e uma proposta de
projeto politico que possa ser realmente considerada.
Se António Costa
não corresponder, dará razão aos seus maiores críticos, que já o condenaram,
acusando-o de falta de estamina e de estilo, de não saber bem o que quer ou de
ter apenas ideias vagas, inexequíveis ou pouco estruturadas sobre o país. Se
corresponder, trará benefícios importantes para o nosso debate democrático e
para a construção de mais fortes alternativas.
O atual governo
está a acabar o seu mandato. Há cerca de ano e meio, escrevi um artigo sobre os
desafios com que o governo na altura se confrontava, e a que dei o título: “À
altura das circunstâncias?” (Expresso, 29 de Junho de 2013). Em devido tempo,
deveremos concluir se a atual governação venceu ou não com mérito os desafios
referidos e se merece que lhe seja dada a oportunidade para continuar ao leme
do País, ou se, pelo contrário, está esgotada e existem melhores alternativas,
as quais devem ser suficientemente concretizadas (Senhores candidatos a PM:
queremos um DEO).
Sabemos que o
nosso futuro coletivo dependerá naturalmente das capacidades, empenho e
contributo de cada cidadão, de dinâmicas exteriores relativamente às quais
teremos pouco controle, e até da maior ou menor sorte.
Mas o país
precisa de ter uma governação, no Estado e nas suas instituições, que nos
convença, com uma liderança inspiradora, com um projeto político assertivo e
claro, competente e que seja capaz de contribuir para o desenvolvimento e
aproveitamento das potencialidades dos portugueses.
É pedir muito? É
que estamos mesmo carentes!
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