Os Cofres estão
CHEIOS ? Mas ...
A População
desempregada aumentou 1,7%
Subida foi mais
expressiva entre os jovens ... “Emigrem” !?
OVOODOCORVO
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EDITORIAL
O desemprego que veio para ficar
DIRECÇÃO
EDITORIAL / PÚBLICO 30/03/2015 -
Para milhares de portugueses a
recuperação da economia não quer dizer absolutamente nada.
“Em sua opinião,
nos próximos 12 meses, o desemprego no país, irá: 1. Aumentar muito; 2.
Aumentar um pouco; 3. Ficar na mesma; 4. Diminuir pouco; 5. Diminuir muito; 6.
Não sabe.” Muitos portugueses a quem foi feita esta pergunta nas últimas
semanas mostraram-se bastante optimistas e optaram pela opção 5. Esta é uma das
perguntas que o Instituto Nacional de Estatística (INE) faz mensalmente para
construir o índice de confiança dos consumidores. E a confiança voltou a subir
em Março, sobretudo porque as famílias estão bastante mais optimistas em
relação à evolução da variável desemprego.
As estatísticas
do INE mostram que os consumidores estão mais optimistas em relação à situação
económica do país, do seu próprio agregado familiar, projectando ainda um
aumento do consumo, nomeadamente de bens duradouros. E, como tal, é natural que
essas mesmas famílias projectem para o futuro uma quebra do desemprego, uma
evolução, aliás, normal para uma economia que está em recuperação, ou seja, se
a economia está a crescer, o desemprego deveria estar a cair. No entanto, os
números do próprio INE contrariam esta tese ou esta percepção.
Depois de vários
meses em queda, o desemprego parou de cair na recta final do ano passado e nos
primeiros meses de 2015 mostra inclusive uma tendência de subida, tendo a taxa
de Fevereiro aumentado para 14,1%. A estabilização que se assiste na taxa de
desemprego em valores acima dos dois dígitos é preocupante numa altura em que a
economia começa a dar sinais de alguma retoma. Muito provavelmente será a
constatação daquilo que instituições como a OCDE e o Banco de Portugal têm
antecipando, ou seja, a subida em flecha do desemprego estrutural em Portugal.
O desemprego
estrutural é aquele que vai ficar, mesmo depois da inversão do ciclo económico.
Um fenómeno que provavelmente levará muitos anos a debelar. São pessoas que
estão sem trabalho e não têm perspectiva de regressar ao mercado. Têm
qualificações (normalmente baixas) que já não são procuradas pelas empresas,
estão em concorrência com jovens 20 anos mais novos e, como explicava esta
segunda-feira o presidente do IEFP em entrevista ao PÚBLICO, é bastante moroso
o processo de reconversão profissional de quem tem 40 e muitos ou 50 anos e
está arredado do mercado.
Provavelmente a
antecipar estes números, o primeiro-ministro, em meados deste mês, alertava em
Valongo para o caso de pessoas, sobretudo da área da construção civil e das
obras públicas, “que continuarão a não ter oportunidades de emprego”. Não basta
lamentar. E não se trata de um problema deste ou daquele governo. Seja através
de uma reconversão profissional mais agressiva, seja através de uma reafectação
de verbas comunitárias, ou de um maior apoio ao auto-emprego ou ao acesso de
soluções de microcrédito, este é um problema que tem de ser enfrentado de
frente. Não é justo que para mais de 10% da população activa a recuperação da
economia seja apenas um número que não quer dizer absolutamente nada.
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