EU leaders in Brussels
demand Greece
produce economic blueprint quickly
Talks end with
Angela Merkel affirming government of Alex Tsipras must deliver promised list
of structural reforms before further bailout
Ian Traynor / the Guardian's European
editor. Brussels
Europe’s longrunning drama over whether Greece will
stay in the single currency returned to the centre of EU politics on Thursday.
Alexis Tsipras, the new leftwing prime minister, used his second Brussels summit to demand
emergency talks with the political leaders of his key creditors.
Following three hours of talks that ended
after 2am, the German chancellor, Angela Merkel, made it plain that there would
be no quick disbursement of emergency aid to Greece unless Tsipras delivered on
unfulfilled pledges to supply a full menu of proposed structural reforms to the
Greek economy. The credibility of Tsipras’s proposals would need to be
supported by eurozone governments before Greece , on the brink of insolvency,
could obtain the financial support.
Despite the reluctance of other EU leaders
to prioritise Greece in a summit scheduled to deal with issues including
Ukraine and the Libya crisis, the prime minister was granted a special meeting
with Merkel as well as Mario Draghi, the president of the European Central
Bank; the French president, François Hollande; Donald Tusk of Poland, who
chairs the summits; and Jeroen Dijsselbloem, the Dutch finance minister who
heads the Eurogroup of finance ministers.
Both sides – Merkel and Draghi on the one
hand and Tsipras on the other – went into the talks with little sign of a shift
in their respective stances. A rapid breakthrough was not expected despite the
sense that time is not on Athens ’s
side and that it could run out of money, possibly within weeks.
If there is to be any breakthrough it is
more likely to come on Monday when Tsipras goes to Berlin to see Merkel again, diplomats and
officials have said.
Following an agreement to extend until June
Greece’s €240bn (£173bn) bailout – brokered by the EU, the ECB and the
International Monetary Fund – on condition that Athens delivers on promised
fiscal and structural reforms to it economy, things have gone from bad to worse
in the relationship.
Unsuccessful and bad-tempered meetings this
week between the two sides in Athens have left Greece
looking isolated. Tsipras pushed two bills through parliament on Wednesday
granting relief in the form of food stamps and free electricity to those
hardest hit by the savage austerity of the past five years.
Eurozone officials complained that this
should not have happened without their blessing, accusing Tsipras of
“unilateral” action. He responded robustly, arguing that the days of Greece taking orders from its creditors were
over and that he was asserting Greece ’s
economic and political sovereignty.
The decision to interrupt the summit to
enable a smaller-format negotiation with Tsipras also ruffled feathers among
eurozone creditors not taking part in the talks. “I’m angry,” said Charles
Michel, the Belgian prime minister. He was joined by the Dutch and Luxembourg
leaders who held up the beginning of the summit by almost an hour because of an
“exchange of information” on the row with Tusk. They also insisted that the
rest of the summit be briefed on the Tsipras talks, probably on Friday.
Merkel has gone out of her way to avoid
confrontation with Tsipras although the war of words between Berlin
and Athens has
grown notably fiercer over the last two weeks.
Wolfgang Schäuble, the German finance
minister, accused the Tsipras government of lying to its public and of wrecking
the trust of its eurozone partners this week.
At an EU summit last month, senior EU
officials said, Merkel pressed Tusk to keep the Greek issue off the agenda and
there was minimal discussion of the issue at what was Tsipras’s first EU
summit.
Tusk, who organises and chairs EU summits
and performs the same function for the eurozone, has also resisted pressure
from several quarters to convene a special Eurogroup summit on Greece , he told
the Guardian and other European newspapers only a few days ago.
“Can you imagine in the worst moment
discussions between chancellor [Merkel] and Tsipras? It would be useless,” he
said.
The decision to convene a special meeting
with Tsipras and the other leaders on Thursday evening marked a big shift in
these avoidance tactics.
Ahead of the summit on Thursday, Merkel
raised laughs in the Bundestag in Berlin
by declaring she was not shy of having “an argument” with Tsipras.
While neither side wants Greece to leave
the euro, there are growing fears that the eurozone may be sleepwalking into
precisely that scenario because of the brinkmanship on both sides.
Tusk describes a Greek departure from the
euro as “idiotic” but also concedes that the chances of “Grexident”, or an
accidental Greek exit, have risen.
The Greeks are in talks to draw on more
than €7bn in bailout funds by June, while negotiating a third rescue package to
follow from July. But to obtain the money they first have to present a coherent
reform programme that can gain the backing of the country’s creditors.
Eurozone officials and leaders are
increasingly exasperated that Tsipras refuses to deliver persuasive and
detailed policy proposals that might trigger the release of the funds.
He is expected to ask for the prompt
release of some funds, arguing that Greece faces a short-term liquidity
problem. The ECB could help but Draghi has so far resisted Greek pleas.
Martin Schulz, the president of the
European parliament, said on Thursday that Athens was running out of money and needed
around €3bn urgently.
Com os cofres quase vazios,
Tsipras tenta “solução política”
SÉRGIO ANÍBAL e
MIGUEL CASTRO MENDES (Bruxelas) 19/03/2015 - PÚBLICO
Reunião com grandes da Europa realizou-se
quinta-feira à noite. À entrada não havia sinais de cedência de nenhuma das
partes.
Foi com uma situação
de cada vez maior emergência nos cofres do Estado que Alexis Tsipras tentou
esta quinta-feira à noite convencer Angela Merkel e François Hollande a
encontrarem aquilo a que o primeiro-ministro grego chama de “solução política”.
À entrada para o encontro, contudo, os líderes das maiores economias europeias
continuavam sem dar sinais de querem reduzir a pressão para que Atenas adopte
as medidas que a troika exige.
Quando chegou a
Bruxelas, o primeiro ministro grego disse aos jornalistas que “a União Europeia
precisa de iniciativas políticas corajosas, que respeitem tanto a democracia
como os tratados”. Tsipras esperava encontrar essa resposta, não tanto na
cimeira onde todos os líderes europeus estiveram presentes durante a tarde, mas
sim ao final da noite, já depois do jantar, no encontro paralelo à cimeira que
pediu e se realizou com a chanceler alemã, Angela Merkel, o Presidente francês,
François Hollande, o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, o
presidente do BCE, Mario Draghi e o presidente do Eurogrupo, Jeroen
Dijsselbloem.
O objectivo de
Tsipras: garantir que a Grécia consegue num curto espaço de tempo o
financiamento de que precisa para fazer face a todas as suas obrigações. É que
os sinais de que os cofres gregos estão rapidamente a ficar vazios são cada vez
mais fortes.
De manhã, numa
entrevista ao canal de televisão grego Alpha TV, o vice primeiro-ministro,
Yannis Dragasakis reconheceu que o Estado enfrenta um “problema de liquidez” e
que precisa do apoio financeiro dos seus parceiros para fazer face aos seus
compromissos. “Não recebemos quaisquer tranches do empréstimo desde Agosto de
2014, mas temos estado a cumprir todas as nossas obrigações. Isto tem os seus
limites”, afirmou Dragasakis, citado pela Reuters.
Ao mesmo tempo,
este responsável político grego deu novos sinais de que as negociações entre
Atenas e a troika se estão a revelar muito difíceis, com as duas partes a
apresentarem concepções bastante diferentes de qual é o papel que cada um deve
desempenhar. “As equipas técnicas vieram para coligir factos, mas depois eles
pediram coisas que iam para além da sua jurisdição. Por exemplo, eles queriam
reavaliar o Governo como um todo, o programa e as reformas de todos os
ministérios”, afirmou Yanis Dragasakis.
Para a Grécia o
problema é que, da parte dos líderes políticos dos outros países da zona euro,
em particular da Alemanha, não parecia haver, à entrada para a reunião desta
quinta-feira (que apenas se concluiu depois do fecho desta edição), qualquer
vontade de financiar a Grécia sem que a avaliação que está a ser feita pela
troika à Grécia seja positiva.
À chegada a
Bruxelas, Angela Merkel avisou logo que a “solução política” que Tsipras pede
não iria ser oferecida, pelo menos para já. “Não esperem uma solução, não esperem
avanços. Este não é o enquadramento para isso. As decisões são feitas ao nível
do Eurogrupo e isso irá manter-se assim”, disse a líder do governo alemão aos
jornalistas antes do início da cimeira de líderes europeus.
Para ter o
dinheiro de que precisa, a Grécia pede uma ou várias das seguintes soluções: a
entrega da última tranche do empréstimo da zona euro, a entrega dos lucros
obtidos pelo BCE com a compra e venda de títulos de dívida gregos, a permissão
para que o Estado grego possa emitir mais dívida pública de curto prazo
(potencialmente comprada pelos bancos gregos).
Do lado dos
parceiros europeus e do Banco Central Europeu, a posição tem sido
intransigente: para permitir qualquer uma dessas possibilidades é preciso que a
Grécia cumpra as medidas e as reformas com que se comprometeu. E que não tome
medidas como as que aprovou recentemente sem consultar primeiro as instituições
que compõem a troika.
Protesto dos
pequenos
O facto de o
problema grego ter passado a ser discutido especialmente em paralelo à cimeira,
num encontro em que só os dois grandes países da zona euro e a Grécia estão
presentes, gerou também protestos entre os responsáveis de outros países. O
primeiro-ministro belga foi o que publicamente assumiu o descontentamento. Defendeu
que era "inaceitável" que apenas a chanceler alemã e o Presidente
francês tenham sido convidados para a reunião organizada por Donald Tusk,
presidente da UE, com Tsipras, Juncker, Draghi e Dijsselbloem.
Nem mesmo o facto
de Merkel já ter afirmado que nada se vai decidir esta quinta-feira o
tranquilizou. "Estou furioso", declarou Charles Michel, à entrada do
Conselho. "Não demos nenhum mandato nem à França nem à Alemanha para
negociar em nosso nome."
A Bélgica
contribui com cerca de 7 mil milhões de euros para o resgate grego, relembrou
Michel, que anunciou que vai dizer "muito claramente" durante a
reunião que a Bélgica não concorda com este método.
Em declarações ao
jornal belga Le Soir, na manhã de quinta-feira, Charles Michel já tinha
considerado que esta iniciativa "constitui um problema" e afirmado
que tinha transmitido a sua insatisfação a Tusk. Apesar do jornal belga
acrescentar que a reunião urgente organizada por Tusk incomoda vários Estados-membros,
outros países da zona euro desdramatizaram o assunto.
"Eu tenho
confiança na França e na Alemanha", declarou o primeiro-ministro
finlandês, Alex Stubb, para quem a reunião restrita "não é um
problema". Preferiu realçar que o importante é que a Grécia mantenha os
seus compromissos para com os parceiros da zona euro.
A Bélgica passou
para o lado dos "duros" no que toca as negociações com a Grécia desde
as eleições de Maio de 2014, que conduziram ao poder uma coligação de direita,
com forte presença dos nacionalistas flamengos. Na segunda-feira, o ministro
das Finanças belga, Johan Van Overveldt, declarou que a zona euro sobreviveria
a uma saída da Grécia da zona euro.
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