quinta-feira, 26 de março de 2015

Apoio a UKIP no nível mais baixo do último ano / MARIA JOÃO GUIMARÃES


Apoio a UKIP no nível mais baixo do último ano
MARIA JOÃO GUIMARÃES 25/03/2015 - PÚBLICO

Eurocépticos britânicos têm agora 10% das intenções de voto, contra 19% há um ano.

O Partido da Independência do Reino Unido (UKIP) obteve o seu valor mais baixo na última sondagem das eleições britânicas, que acontecem a 7 de Maio: 10% contra 19% obtidos em Outubro passado.

A sondagem da ComRes citada pela Reuters mostra o valor mais baixo do partido desde há um ano, e segue-se a uma série de escândalos no movimento liderado por Nigel Farage, que se distingue por uma vertente eurocéptica e uma posição dura em relação à imigração, recusando as acusações de racismo.

Numa das últimas polémicas, foi este o motivo: um candidato do partido, Tim Wilson, demitiu-se depois de um deputado do Parlamento escocês ter comparado Humza Yousaf, membro do Governo escocês, a Abu Hamza, um líder religioso condenado por terrorismo. O líder do UKIP, Nigel Farage, desdramatizou “uma piada de mau gosto”. Wilson disse que os comentários racistas do partido o incomodavam, em especial a falta de crítica do líder a esta afirmação, decidindo assim afastar-se.

No outro caso polémico para um partido que se apresenta como “anti-establishment” e livre dos pecadilhos dos políticos “normais”, um candidato foi afastado por ter apresentado nas suas despesas uma “conta de restaurante inflacionada”.

O UKIP parece estar sobretudo a roubar eleitores aos conservadores. Nestas eleições, o primeiro-ministro conservador, David Cameron, tenta reeleger-se, e o seu partido está neste momento empatado com os trabalhistas liderados por Ed Miliband, ambos com 35% das intenções de voto. Desde Setembro de 2013 que estes dois partidos não conseguiam tão larga percentagem de votos em conjunto: 70%.

A sondagem da ComRes foi conduzida antes da declaração de Cameron de que não tentaria um terceiro mandato, que lhe valeu muitas críticas por o fazer parecer contar com uma vitória que não está a parecer assim tão certa.

Quanto ao UKIP, a estratégia dos tories (ou os tiros no pé do próprio UKIP) parece estar a contribuir para a descida dos eurocépticos. O Partido Conservador começou por lidar com o UKIP adoptando alguns dos seus temas – prometendo um referendo à permanência britânica na União Europeia ou cortes à imigração –, mas ignorando o partido. Nigel Farage, o seu líder, não deveria ser nomeado, assim como o partido.

Mas depois de dois conservadores abandonarem o partido para se juntar ao UKIP, há cerca de seis meses os estrategas de Cameron começaram a tentar uma nova abordagem, diz o Guardian. Sublinham que, ao votar Farage, os eleitores arriscam-se a afastar Cameron do Governo e a acabar por eleger Miliband.

Um dos locais interessantes para observar o UKIP nesta votação vai ser South Thanet, onde concorre o próprio Farage, que tenta pela sétima vez ser eleito deputado. Se não conseguir entrar para a Câmara dos Comuns, o líder do UKIP (desde 2006) já prometeu demitir-se.

Ambos os deputados que o UKIP tem na Câmara dos Comuns foram eleitos em intercalares depois de saírem do partido de Cameron para o de Farage.

Retratado como o partido que poderia definir as eleições deste ano obtendo números antecipados como vitórias históricas, o partido parece começar a diminuir o seu apoio.


Nas eleições europeias de 2014, em que tipicamente os partidos de protesto têm mais votos, o UKIP fez campanha contra os imigrantes europeus que procuram trabalho no Reino Unido e que baixam os salários para os britânicos, numa série de cartazes em que foram acusados de racismo, e foi o mais votado com 26,6%, contra 24,4% dos trabalhistas e 23,1% dos conservadores.

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