Apoio a UKIP no nível mais baixo
do último ano
MARIA JOÃO GUIMARÃES
25/03/2015 - PÚBLICO
Eurocépticos britânicos têm agora
10% das intenções de voto, contra 19% há um ano.
O Partido da
Independência do Reino Unido (UKIP) obteve o seu valor mais baixo na última
sondagem das eleições britânicas, que acontecem a 7 de Maio: 10% contra 19%
obtidos em Outubro passado.
A sondagem da
ComRes citada pela Reuters mostra o valor mais baixo do partido desde há um
ano, e segue-se a uma série de escândalos no movimento liderado por Nigel
Farage, que se distingue por uma vertente eurocéptica e uma posição dura em
relação à imigração, recusando as acusações de racismo.
Numa das últimas
polémicas, foi este o motivo: um candidato do partido, Tim Wilson, demitiu-se
depois de um deputado do Parlamento escocês ter comparado Humza Yousaf, membro
do Governo escocês, a Abu Hamza, um líder religioso condenado por terrorismo. O
líder do UKIP, Nigel Farage, desdramatizou “uma piada de mau gosto”. Wilson
disse que os comentários racistas do partido o incomodavam, em especial a falta
de crítica do líder a esta afirmação, decidindo assim afastar-se.
No outro caso
polémico para um partido que se apresenta como “anti-establishment” e livre dos
pecadilhos dos políticos “normais”, um candidato foi afastado por ter
apresentado nas suas despesas uma “conta de restaurante inflacionada”.
O UKIP parece estar
sobretudo a roubar eleitores aos conservadores. Nestas eleições, o
primeiro-ministro conservador, David Cameron, tenta reeleger-se, e o seu
partido está neste momento empatado com os trabalhistas liderados por Ed
Miliband, ambos com 35% das intenções de voto. Desde Setembro de 2013 que estes
dois partidos não conseguiam tão larga percentagem de votos em conjunto: 70%.
A sondagem da
ComRes foi conduzida antes da declaração de Cameron de que não tentaria um
terceiro mandato, que lhe valeu muitas críticas por o fazer parecer contar com
uma vitória que não está a parecer assim tão certa.
Quanto ao UKIP, a
estratégia dos tories (ou os tiros no pé do próprio UKIP) parece estar a
contribuir para a descida dos eurocépticos. O Partido Conservador começou por lidar
com o UKIP adoptando alguns dos seus temas – prometendo um referendo à
permanência britânica na União Europeia ou cortes à imigração –, mas ignorando
o partido. Nigel Farage, o seu líder, não deveria ser nomeado, assim como o
partido.
Mas depois de dois
conservadores abandonarem o partido para se juntar ao UKIP, há cerca de seis
meses os estrategas de Cameron começaram a tentar uma nova abordagem, diz o
Guardian. Sublinham que, ao votar Farage, os eleitores arriscam-se a afastar
Cameron do Governo e a acabar por eleger Miliband.
Um dos locais
interessantes para observar o UKIP nesta votação vai ser South Thanet, onde
concorre o próprio Farage, que tenta pela sétima vez ser eleito deputado. Se
não conseguir entrar para a Câmara dos Comuns, o líder do UKIP (desde 2006) já
prometeu demitir-se.
Ambos os
deputados que o UKIP tem na Câmara dos Comuns foram eleitos em intercalares
depois de saírem do partido de Cameron para o de Farage.
Retratado como o
partido que poderia definir as eleições deste ano obtendo números antecipados
como vitórias históricas, o partido parece começar a diminuir o seu apoio.
Nas eleições
europeias de 2014, em que tipicamente os partidos de protesto têm mais votos, o
UKIP fez campanha contra os imigrantes europeus que procuram trabalho no Reino
Unido e que baixam os salários para os britânicos, numa série de cartazes em
que foram acusados de racismo, e foi o mais votado com 26,6%, contra 24,4% dos
trabalhistas e 23,1% dos conservadores.
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