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OPINIÃO
Viagem à Europa
VASCO PULIDO
VALENTE 28/03/2015 - PÚBLICO
É possível que esta espécie de
turismo eleitoral impeça Costa de repetir as figuras de Varoufakis em Bruxelas.
Chegou a vez de
António Costa fazer o passeio dos tristes. Foi a Itália falar com Renzi (e
aproveitou como bom jacobino para cumprimentar o Papa de “esquerda” e o
convidar para vir a Lisboa, com um pretexto frívolo). A seguir foi a França
falar com Hollande (um grande amigo, claro) e exibir-se sorridente e grave à
porta do Eliseu.
Fora que nem
Renzi, nem Hollande o podem ajudar, a viagem talvez não tenha sido inútil. É
possível que esta espécie de turismo eleitoral impeça Costa de repetir as
figuras de Varoufakis em Bruxelas, para as quais, de resto, não é
emocionalmente dotado. E também não é de excluir que de caminho aprendesse em
primeira mão alguma coisa sobre o estado lastimoso da Europa e sobre o pouco
que pesam as desgraças de Portugal na balança política dos “grandes”.
Claro que António
Costa já lera com certeza centenas de relatórios sobre o assunto. Mas nada
substitui a confirmação de quem sabe e viu. A sra. Merkel e o sr. Hollande (já
sem força política) estão os dois perante a presuntiva desagregação da Europa.
Ao contrário do mito que mais tarde sustentou a propaganda oficial, a Europa
nasceu de uma série de circunstâncias largamente aleatórias e, mais do que
isso, irrepetíveis. Acontece que hoje as circunstâncias lhe são desfavoráveis.
Para a Europa do Leste (que a Rússia ocupava), a “Europa” era a solução para o
seu isolamento e a sua pobreza. Mas não foi. O Estado social, sempre uma
ilusão, continua hoje como era ontem; a democracia é, excepto na Polónia, uma
democracia limitada e muito vigiada; a miséria não desapareceu e até, para
muita gente, aumentou; e o isolamento continua. A sra. Merkel e o sr. Hollande,
com pouco dinheiro ou sem dinheiro nenhum, precisam de mudar tudo isto.
Não vale a pena
insistir nas depredações que a evolução do mundo acabou por trazer à economia
da Europa Ocidental. Vale a pena perceber que o desastre não foi uniforme e que
a Catalunha, a Lombardia, a Escócia, os departamentos do Sudeste da França, que
não deixaram de prosperar e de se expandir, se querem livrar dos velhos limites
nacionais numa Europa que não interfira na sua vida. Para tratar destes
problemas os “contribuintes líquidos” variam entre quatro e cinco e contribuem
regularmente menos. É neste campo de aflição e derrota que António Costa
desembarca, agitando as desventuras de Portugal. Não se deve surpreender se não
o tratarem com a compreensão e complacência que ele espera.
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Costa aproveita reuniões com
líderes europeus para o programa do PS
LUSA 26/03/2015 -
PÚBLICO
Líder da oposição ausculta
posições para definir alianças europeias
O
secretário-geral do Partido Socialista garantiu esta quinta-feira, após um
encontro com o Presidente de França, o socialista François Hollande, que os
contactos que tem mantido com os líderes europeus serão usados no programa
eleitoral do PS para garantir que todas as medidas prometidas possam ser
executadas num futuro Governo.
"Considero
que o princípio da confiança e da credibilidade é o valor mais importante que
pode existir na política e entendo que, no processo de construção de um
programa de Governo, é preciso avaliar as condições de execução desse programa,
designadamente ao nível europeu", afirmou António Costa, após a reunião de
cerca de uma hora com o Presidente francês no Palácio do Eliseu, em Paris.
Antes da reunião
desta quinta-feira com Hollande, o líder do principal partido da oposição já se
tinha encontrado na quarta-feira com o primeiro-ministro de Itália, o também
socialista Matteo Renzi. Reuniões no âmbito de um conjunto de contactos que,
disse António Costa, servem para ir desde já construindo alianças com vários
Governos e elaborar um programa eleitoral com políticas exequíveis. Recorda-se
que o PS anunciou a apresentação do seu programa eleitoral para 6 de Junho.
"Todos temos
percebido nos últimos meses que a política europeia implica a constituição de
alianças, a articulação de posições de forma que possamos ter uma posição
eleitoral sólida, mas que não esteja em contradição com o que temos que fazer a
seguir às eleições", acrescentou o dirigente do PS.
Questionado sobre
se o presidente Hollande lhe deu algum conselho sobre medidas que não deve
prometer porque depois não são exequíveis, devido à oposição de Bruxelas, o
secretário-geral dos socialistas portugueses respondeu que não ia "revelar
pormenores" sobre o que foi dito pelo presidente francês.
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