Direita de Sarkozy vence eleições
departamentais, PS castigado
Frente Nacional fica em segundo
lugar nas departamentais em França, com um resultado abaixo das previsões das
sondagens, mas Marine Le Pen sublinha que o resultado foi, ainda assim, mais
alto que o das eleições europeias
Clara Barata /
23-3-2015 / PÚBLICO
Foi a UMP de
Nicolas Sarkozy, a direita tradicional, que ganhou a primeira volta das
eleições departamentais em França, com cerca de 30%. A Frente Nacional (FN),
ficou-se pelos 26%, em vez dos 30% que as sondagens lhe davam. Mas se não se
confirma que a FN é “o primeiro partido de França”, como diziam os cartazes da
campanha, Marine Le Pen não deixou de fazer um discurso de vitória:
“Conseguimos fazer melhor do que nas eleições europeias”, afirmou.
Sorriso rasgado
durante todo o tempo que falou, Marine Le Pen fez uma análise dos resultados
completamente pela positiva. “Sem implantação local prévia, a FN conseguiu
ultrapassar numa eleição local o resultado das europeias”, com 26%. Estará
presente em perto de metade dos departamentos na segunda volta destas eleições,
no próximo domingo, e quando estavam contados 1525 dos 2054 cantões, era já
certo que estaria presente em 230 triangulares. Em alguns departamentos, como
Gard, o Var e o Nord, obteve muito mais de 30% dos votos.
Só a “falta de
notoriedade dos candidatos” da FN, muitos deles estreantes na política,
travaram o sucesso total da FN disse ao Le Monde. “A maior parte dos nossos
candidatos é desconhecida. Mas não tenho nenhum motivo para estar desapontada
esta noite”, continuou Le Pen.
Mas estas
eleições departamentais foram antes de mais sinal de um forte castigo para os
socialistas no Governo, cuja votação rondou os 20%. O primeiro-ministro Manuel
Valls, que se assumiu como o líder da campanha do Partido Socialista, tentando
com palavras fortes e de grande dramatismo acordar os espíritos do “torpor” em
que se deixaram cair, foi o primeiro líder a falar após o fecho das urnas. Defendeu
o resultado socialista como “honrado”, e apelou à “frente republicana” contra a
Frente Nacional, ou seja, ao voto na UMP na segunda volta, se o candidato da
esquerda não for apurado, e a disputa for entre o partido de Sarkozy e a FN:
“Apelo a todos os republicanos para que façam barreira contra a extremadireita
na segunda-volta”.
Com uma mal
disfarçada gargalhada na voz, Marine Le Pen desprezou este apelo de Valls, “que
mal foram conhecidas as primeiras projecções, apelou a votar na UMP.” A frente
republicana é uma tradição da esquerda, que ganhou enorme protagonismo depois
de o ex-primeiro-ministro socialista Lionel Jospin ter sido eliminado na
primeira-volta das presidenciais de 2002 por Jean-Marie Le Pen, o pai de Marine
Le Pen. A FN não pode beneficiar deste tipo de apoios na segunda volta –
raramente algum dos vários pequenos partidos soberanistas e mesmo de
extrema-direita franceses darão indicações de voto viáveis para votar na FN.
Com cerca de 30%,
a UMP de Nicolas Sarkozy, o centro-direita tradicional, que era dado como o
vencedor à segunda volta, conseguiu a vitória já na primeira. Isto terá
permitido ao ex-Presidente respirar fundo, que enfrenta a tarefa de reconstruir
um partido falido e profundamente dividido – entre os que defendem uma
estratégia de posicionamento ao centro e os que, como Sarkozy, pretendem
colocar-se mais à direita.
O objectivo de
Sarkozy é captar um eleitorado que perfilha cada vez mais as ideias
anti-imigração e próautoridade da FN, embora rejeite o programa económico de Le
Pen (que preconiza a saída do euro e da União Europeia, algo que só uma minoria
dos franceses aceita). Em lugar das ideias económicas irrealistas da FN,
Sarkozy, cujo objectivo é voltar a ser Presidente da República nas eleições de
2017, espera que os eleitores vejam de novo nele uma mensagem de futuro, como
quando em 2007 o elegeram para o Eliseu, quando se apresentou como “candidato
do poder de compra”.
A UMP não fará
frente republicana como a esquerda, votando nos candidatos da esquerda, se
estes estiverem melhor. Sarkozy confirmou este “ni-ni” (nem direita nem
esquerda), e fez um apelo aos eleitores da FN: “Entendo a vossa exasperação. Mas
esse partido, que tem o mesmo programa que extrema-esquerda, que festejou a
chegada da extrema-esquerda ao poder na Grécia, não trará nenhuma solução aos
franceses”, declarou.
Sarkozy tem de
gerir um equilíbrio difícil: não perder eleitores mais à direita, nem os que
estão mais centro, e que prefeririam vê-lo dar uma indicação de voto nos
candidatos de esquerda em perigo por causa da FN. Sinal de que é difícil andar
nessa corda-bomba: o pequeno partido do centro União de Democratas e
Independentes, que concorreu aliado à UMP na primeira volta, anunciou que não
fará “ni-ni” na segunda. Estará com a frente republicana da esquerda contra os
candidatos da FN.
A incógnita,
agora, é como é que o partido de Marine Le Pen conseguirá sobreviver à segunda
volta – até agora, estas não têm sido favoráveis à FN. Ela quer ganhar
visibilidade, e aumentar a sua implantação no terreno, no poder local, porque
também tem o Eliseu como alvo, e já em 2017.
23 mars 2015
Dimanche 22 mars: le mirage d’une
élection sans perdant
Le 19 heures de
Françoise Fressoz | Un blog du Monde.fr
Dimanche 22
mars, ils avaient tous gagné : le
perdant comme les gagnants du premier tour des élections départementales et cette illusion n'était pas seulement le
résultat d'une communication travaillée en amont. Elle relevait aussi de
l'installation dans le paysage politique du tripartisme, configuration
nettement moins "binaire" que le bipartisme et qui, du coup, laisse
ouvert le champ des interprétations jusqu'à ce que le second tour joue vraiment
le juge de paix.
Soit donc le
perdant, le parti socialiste dont le chef de campagne, en l'occurrence Manuel
Valls, bien plus que Jean-Christophe Cambadélis, a fondé toute sa stratégie sur
la peur du Front national et la nécessité d'y faire barrage. Que le FN ne se
place pas en tête, contrairement à ce que prédisaient la plupart des sondages;
que la participation des électeurs soit plus forte que celle que ces mêmes
instituts prévoyaient et le premier ministre peut légitimement invoquer une
petite victoire : la gauche n'est pas le grand malade qu'on disait, il suffit
de la solliciter, de la réveiller et de la mobiliser.
C'est ce qu'il
est venu derechef proclamer à la télévision en prenant de vitesse toutes les
autres personnalités politiques. La réalité est cependant que le PS arrive bon
dernier, loin derrière l'UMP (32,5 % selon l' estimation IPSOS Steria ) et le
Front national (25 %) , victime à la fois de la dévitalisation de la gauche et
de ses divisions.
Non seulement
Marine le Pen est confortée, réalisant 10 points de plus que lors des élections
cantonales de 2011 mais Nicolas Sarkozy réapparaît en leader potentiel de la
droite après des débuts difficiles à la tête de l'UMP. Deux leaders face à un
exécutif qui ne parvient pas à faire ses preuves. Pas franchement une bonne
nouvelle.
Le tripartisme
vient cependant de nouveau en aide à Manuel Valls car le fait est que la
poussée de l'UMP est nettement freinée par la pérennisation dans le paysage
politique du FN à un haut niveau. Aussi, lorsque le premier ministre raisonne
bloc contre bloc en totalisant toutes les voix de la gauche et en les comparant
à toutes celles de la droite, un petit miracle se produit : la droite totalise
environ 36,4 % des suffrages, la gauche idem (estimation IPSOS Steria). Le
combat n'est pas perdu.
En réalité, il
l'est car ce que tente d'additionner le premier ministre sont des voix de
gauche devenues quasiment irréductibles : celles du PS et de ses alliés d'un
côté, du Front de gauche et de quelques
possibles alliés écologistes de l'autre. Fondre ces deux électorats relève de
la mission impossible tant les différends sur le plan économique et social se
sont creusés depuis 2012, notamment depuis l'installation à Matignon de Manuel
Valls, il y a un an.
Grâce à la
présence du FN, il existe cependant une petite possibilité de ressouder la
gauche. Non pas sur la politique économique mais sur la thématique de l'union
républicaine et du barrage anti-Le Pen. C'est ce que va tenter Manuel Valls au
cours d'un entre deux tours qui s'annonce aussi dynamique que la campagne du
premier tour. Avec une fois encore attaques garanties contre Nicolas Sarkozy
qui a réaffirmé dimanche soir la règle du ni ni.
Le premier
ministre sait très bien qu'il ne peut pas gagner. En revanche, il peut encore
espérer limiter les gains de l'UMP dans un contexte où les triangulaires seront
plus nombreuses que prévu. Leur nombre était dimanche soir la vraie surprise du
premier tour, révélant toute la complexité du tripartisme qui empêche qu'un vaincu reconnaisse sa défaite
et qu'un vainqueur ose proclamer son triomphe
Far-right Front National denied first place in local
elections in France
Former president
Nicolas Sarkozy’s conservative UMP party and allies lead first round but voter
turnout is low
Nicolas Sarkozy UMP France
elections
Kim Willsher
Sunday 22 March 2015 19.55 GMT / http://www.theguardian.com/world/2015/mar/22/front-national-far-right-france-local-elections-nicolas-sarkozy-ump-win-first-round
Opinion surveys in the run up to Sunday’s
vote had suggested the FN, led by Marine Le Pen, could win up to 30% of votes,
marginally ahead of former president Nicolas Sarkozy’s centre right UMP but
leaving the governing Parti Socialiste trailing in third place.
Instead, early estimates released as the
last of the polling stations closed on Sunday evening suggested the UMP had won
a convincing lead and the PS had narrowly avoided total humiliation.
Provisional figures gave the opposition
centre right UMP party around 37%, president François Hollande’s PS 27% and the
FN between 23 and 26%. The results will not be confirmed until later Sunday
night or Monday morning, but several independent opinion polls confirmed the PS
had narrowly defeated the FN.
While Sunday’s result will be a blow for
the FN and its anti-immigrant, anti-euro and anti-European Union stance, it
firmly establishes the party as the third key player on the French political
landscape and will encourage Le Pen for the 2017 presidential elections.
Afterwards, prime minister Manuel Valls
said it was an “honourable score” for the Socialist government and said it
proved the “extreme right is not the first political force in France ”.
However, he was forced to admit that support for the FN was still “too strong”
and abstention still too high.
“The total of votes for the left is the
same as those for the right. This means nothing has been decided during this
first round vote, and the left must unify,” Valls said.
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He appealed for voters to turn out in
strength for the second round vote next Sunday.
Sarkozy ruled out any agreement “either at
national or local level” with the FN in areas where the UMP was in a runoff
with the PS for the second vote.
However, in what is seen as a “neither-nor”
stance, he said his party would not call for supporters to vote for the PS or
other left-wing parties in areas where this would defeat the FN.
Marine Le Pen hid her disappointment,
telling supporters at the party headquarters at Nanterre
just outside Paris :
“For those who want to get rid of the PS, the FN is key.”
It was feared that Hollande and the PS, as
well as other leftwing parties, had completely alienated core and key voters
from France ’s
blue-collar working classes.
Various analysts have tried to explain the
growing popularity of the FN in France ,
though many argue people are voting far right by default because of
disappointment and disillusionment with the mainstream parties.
Political science professor Laurent Bouvet,
of the thinktank the Jean-Jaurès Foundation, which advises the PS and aims to
“promote the study of workers’ movements and international socialism and
promote democratic and humanist ideas”, told The Observer the French left was
suffering after abandoning blue-collar workers.
He blamed the rise in support for the FN on
an identity crisis among the country’s working classes.
Christophe Guilluy, a geographer and one of
Hollande’s advisors, views the phenomenon as geographic.
In his books Guilluy argues the country
divides into “La France metropolitan”, made up of the 25 biggest towns/cities
and their banlieue (suburbs), representing 10% of communes, 40% of the
population and two thirds of France’s gross domestic product, and “La France
péripherique”, made up of the rest of the country including rural villages,
peri-urban areas and middle-size towns.
While those in the former, including the
outer city banlieue, have flourished under globalisation, those “new working
classes in la France
péripherique” including “native French...and those from old immigration waves”
are pushed out and “forgotten”, he argues.
Bouvet, whose book l’Insécurité Culturelle
has caused a storm in France ,
described the FN as a “danger for the Republic”.
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