Assembleia Municipal aprova
cedência de terreno do Mercado do Rato à Emel
INÊS BOAVENTURA
10/03/2015 - PÚBLICO
O presidente da Junta de Santo
António teme que a aprovação deite por terra as negociações em curso, para
compatibilizar estacionamento com mercado
A Assembleia
Municipal de Lisboa deu luz verde à entrega à Empresa Pública Municipal de
Mobilidade e Estacionamento de Lisboa (Emel) do terreno onde funciona o Mercado
do Rato. O presidente da Junta de Freguesia de Santo António lamenta a
aprovação da proposta, por considerar que é incompatível com o desenvolvimento
de “uma solução mista”, que além de estacionamento inclua um novo mercado.
Essa solução
prevê o envolvimento de uma associação, que já manifestou disponibilidade para
assumir a reabilitação do Mercado Municipal 1.º de Dezembro e para explorar um
novo equipamento, assente na promoção e venda de produtos nacionais. A avançar,
este projecto implicaria que o parque de estacionamento que está previsto que a
Emel construa à superfície passasse a ser subterrâneo.
Essa “solução
mista” é defendida pelo presidente da Junta de Santo António, que tem vindo a
negociar com a Câmara de Lisboa e com a Emel a sua concretização. Ao PÚBLICO,
Vasco Morgado sublinha que este projecto “é benéfico para a cidade, não só para
a freguesia”, podendo funcionar como “uma âncora”, capaz de atrair muitas
pessoas ao local e de lhe dar uma nova vida.
Contrariando as
expectativas do autarca social-democrata, a proposta que visa a constituição a
favor da Emel do direito de superfície do terreno em causa foi levada à reunião
desta terça-feira da assembleia municipal, onde acabou por ser aprovada com os
votos contra do PSD, do CDS e do MPT e a abstenção do BE.
O vereador Duarte
Cordeiro defendeu que a aprovação desta proposta “não põe em causa outros
projectos”, garantindo que a câmara mantém a sua “disponibilidade e abertura”
para analisar a concretização no local de valências que seja possível
“compatibilizar” com o estacionamento.
Também Rita
Neves, do PS, disse que não considera que a proposta agora aprovada “colida
imediatamente com uma intervenção mista”. A deputada acrescentou que o seu
partido considera que a ideia defendida pela junta de Santo António “é
interessante e pode ser valorizadora”, mas frisou que a construção do parque de
estacionamento é uma necessidade que não pode ser adiada.
Pelo PSD, Victor
Gonçalves registou a “elasticidade” do vereador Duarte Cordeiro, mas sublinhou
que a proposta em votação incluía um contrato programa a celebrar entre o
município e a Emel, que “não pode ser alterado sem mais nem menos”.
Os deputados do
seu partido entregaram depois uma declaração de voto, na qual dizem que “os
pressupostos” constantes nesse contrato “são prejudicados caso seja acolhida a
proposta apresentada pelo presidente da Junta de Santo António”. Entre outros
motivos porque, sustentam, a proposta da câmara prevê um parque à superfície e
a da junta um subterrâneo (opções que têm custos diferentes) e porque a
primeira inclui a demolição do edifício do mercado e a segunda contempla a sua
reabilitação.
“Não era mais
fácil deixarem terminar primeiro todas as negociações?”, perguntou Vasco
Morgado, que em declarações ao PÚBLICO criticou a câmara por aquilo que
considera ser “uma ânsia de construir parques”.
Sobre este
assunto foram aprovadas duas recomendações de diferentes comissões da
assembleia municipal, com dois pedidos ao município em comum: que este acautele
a situação dos comerciantes que ainda trabalham no Mercado 1º de Dezembro e que
se pronuncie sobre as tarifas para residentes e comerciantes que venham a ser aplicadas
no parque.
No debate, John
Baker Rosas, do MPT, e Fernando Nunes da Silva, dos Cidadãos por Lisboa,
consideraram insuficiente a existência de cerca de 100 assinaturas mensais nos
310 lugares previstos. O deputado independente, e ex-vereador da Mobilidade,
defendeu que um parque no Rato deve ter como “orientação fundamental resolver
os problemas dos residentes”.
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