Tranquilidade passa para o Novo
Banco e deve ser vendida já este mês
MARIA ANA BARROSO
maria.barroso@economico.pt
Tranquilidade
passa para o Novo Banco e deve ser
vendida já este mês
A execução do
penhor sobre a companhia deve passar em breve este activo para o banco de
transição. A Apollo é o candidato finalista para comprar a seguradora.
A Tranquilidade
deverá em breve deixar de ser um activo da Espírito Santo Financial Group
(ESFG), via Partran, para passar a integrar o Novo Banco, o banco de transição
recentemente criado para solucionar os problemas no Banco Espírito Santo (BES).
Este será o passo
que faltava para que possa ser fechada a venda da companhia à Apollo, candidato
finalista no processo de venda que está há meses a decorrer. A Tranquilidade,
recorde-se, foi dada como parte do colateral entregue pela ESFG por conta da
garantia de 700 milhões de euros concedida para assegurar o pagamento do papel
comercial aos clientes do retalho do BES.
Tal como o Diário
Económico avançou em Julho, a Apollo estava - a par da britânica Permira - na
recta final para a compra da Tranquilidade, tendo o primeiro passado a único
finalista. O grupo norte-americano tinha já tentado comprar a seguradora
Fidelidade, que pertencia então ao grupo CGD, tendo então perdido a
privatização para os chineses da Fosun.
A venda da
Tranquilidade, que chegou ser referida apenas como hipótese e que era apelidada
por Ricardo Salgado como "jóia da coroa" tornou-se, aparentemente,
nos últimos tempos não só útil como necessária (ver caixa).
O pedido de
protecção de credores apresentado pela casa-mãe atrasou a conclusão do
processo, introduzindo um compasso de espera. Esta mesma acção acabou por ser
aceite, há cerca de uma semana, pelos tribunais do Luxemburgo, país onde reside
a sede da ‘holding' do universo Espírito Santo.
Ao que sabe o
Diário Económico, e por força da legislação comunitária em vigor, o penhor em
favor do antigo BES da Tranquilidade, concedido pela ESFG em Abril, é válido
independentemente de estar a correr um processo de gestão controlada por parte
desta. À semelhança do que acontece, por exemplo, com as hipotecas de imóveis,
estas garantias não concorrem para a hierarquia de credores, sendo portanto
válidas à cabeça.
O Diário
Económico tentou obter um comentário por parte do Novo Banco mas não foi
possível obter uma resposta até ao fecho da edição. Curiosamente, o
esclarecimento prestado na segunda-feira pelo Banco de Portugal quanto aos
activos e passivos que passavam para o Novo Banco e quanto aos que ficavam no
velho BES era já elucidativo. Foi então dito que os direitos dos créditos
"sobre entidades incluídas no perímetro de supervisão consolidada do BES e
dos créditos sobre as seguradoras supervisionadas pelo Instituto de Seguros de
Portugal" passavam para o Novo Banco. "A saber", especificava o
comunicado: "Companhia de Seguros Tranquilidade", "Tranquilidade-Vida,
Esumédica, Europ Assistance e Seguros Logo".
A ambição dos
envolvidos no processo é agora que a operação fique fechada até ao final deste
mês. Resta saber quanto irá a Apollo pagar pela Tranquilidade. O contexto
vivido no GES não ajuda a valorizar o activo, factor a que se junta os
problemas já existentes na companhia. A venda será também a forma de resolver
as fragilidades financeiras da Tranquilidade.
A Tranquilidade é
detida em 51% pela ESFG, via Partran, e em 49% pela ES Irmãos. De acordo com os
últimos números públicos, está registada nas contas da Partran pelo valor
contabilístico de 515,4 milhões de euros. Quem assumir o controlo da companhia,
adquire também a T Vida, a Logo, parte da Europ Assistance, a Advance Care e as
operações da Tranquilidade em Angola e Moçambique.
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