Rui Moreira pode retirar pelouros
a vereador do CDS na Câmara do Porto
MARGARIDA GOMES
21/08/2014 – PÚBLICO
Manuel Sampaio Pimentel, número dois na lista do executivo, regressou esta
quarta-feira à câmara, após um período de férias, e não fala sobre a crise no
executivo.
A crise na Câmara
do Porto entre o independente Rui Moreira e o vereador Manuel Sampaio Pimentel
pode terminar com a retirada de pelouros ao autarca do CDS, que foi um apoiante
desde a primeira hora da candidatura do actual presidente.
Embora Rui
Moreira se mantenha em silêncio, fonte da Câmara do Porto disse ao PÚBLICO que
o autarca vai negociar uma solução com o CDS, que pode passar pela substituição
de Pimentel por Manuel Aranha, também do CDS.
O número dois da
lista de Rui Moreira à Câmara do Porto regressou esta quarta-feira às suas funções
de vereador depois de um período de férias de Verão, mas Sampaio Pimentel não
fala sobre o conflito que se instalou na maioria.
A situação é
delicada e vereadores e deputados municipais estão preocupados, mas são
unânimes a dizer que as hostilidades há muito que já se fazem sentir.
O líder da
bancada do PSD na Assembleia Municipal do Porto, Luís Artur, lamenta a
“crispação que se instalou na actual maioria e que tem vindo a dar sinais há já
algum tempo” e “até a acha natural”. Porquê? “Primeiro, por que Manuel Pizarro
tem excesso de protagonismo na gestão da câmara; segundo por que o CDS tem cada
vez menos visibilidade”.
“O protagonismo
de Manuel Pizarro é superior à sua votação nas eleições autárquicas”, evidencia
Luís Artur, reprovando o estilo para a “falta de consenso” do vereador do PS
para questões importantes para a cidade como é o caso do regulamento municipal
de habitação, aprovado recentemente. No plano estritamente partidário, observa
que estas situações “até beneficiam o PSD, todavia prejudicam a cidade e
contribuem para a descredibilização dos políticos”.
Sobre o primeiro
ano de mandato de Rui Moreira, o deputado recusa fazer um balanço, optando por
dizer que “não existe obra no terreno”. “A câmara tem uma gestão corrente e se
há alguma vida na cidade deve-se aos privados”, sublinha para perguntar:” Por
que é que a câmara não avança com as obras no Bolhão?”
Na sua opinião, o
presidente não pode continuar eternamente à espera dos fundos comunitários,
porque - frisa – “há outras formas de financiar as obras”. “Há algum imobilismo
do executivo camarário”, afirma, advertindo a maioria de que “há um programa
eleitoral que foi sufragado pelos portuenses e que não está a ser cumprido”.
Mais
condescendente mostra-se o vereador independente Ricardo Valente, eleito na
lista do PSD. “É perfeitamente normal que o presidente da câmara tenha uma
velocidade que não seja aquela que as pessoas pretendiam. Não sou apologista de
100 dias/100 medidas”, declara, vincando que “o primeiro ano é por natureza um ano
difícil”.
Ao PÚBLICO,
Ricardo Valente aponta algumas das “grandes alterações” da nova maioria que
governa a câmara e que considera positivas como a política de comunicação e
política cultural, mas teme derrapagem nas contas.
No plano
estritamente político, o vereador defende que a câmara tem de definir uma
“estratégia clara sobre aquilo que pretende fazer relativamente aos bairros
sociais”. “A Câmara do Porto ainda não decidiu se quer continuar a ser um
grande senhorio ou se quer optar por uma lógica diferente. Essa questão, que é
política, tem de ser colocada em cima da mesa”.
Sobre a tensão no
executivo, Ricardo Valente revela que ela já existe há muito tempo e acredita
que ela resulta do facto de a liderança da câmara estar a ser feita por Manuel
Pizarro. “Trata-se de um marechal a comandar as tropas e não de um general e
isso deixa as pessoas um bocado desiludidas”, conclui.
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