Gestão de Rui Rio no centro da rentrée política na Câmara do Porto
MARGARIDA GOMES
31/08/2014 - PÚBLICO
Auditoria ao fundo imobiliário do Aleixo pode abrir conflito entre o
anterior autarca e Rui Moreira.
A rentrée
política da Câmara do Porto vai ficar marcada pela discussão de alguns temas
que a oposição a Rui Moreira considera cruciais para a cidade e que se cruzam
com a gestão de Rui Rio. Este está cada vez mais afastado do independente que
os portuenses escolheram para governar o Porto, principalmente depois da
auditoria pedida por Moreira ao fundo imobiliário do Aleixo e das críticas do
novo programor do Rivoli ao que foi feito no teatro nos mandatos anteriores.
A “discussão
colectiva” ainda não aconteceu, mas o vereador da CDU na Câmara do Porto, Pedro
Carvalho, vai aproveitar a primeira reunião do executivo depois das férias do
Verão, marcada para 9 de Setembro, para questionar o presidente sobre a
auditoria à situação do Invesurb – Fundo Especial de Investimento Imobiliário
para o a operação do bairro do Aleixo, lançado por Rui Rio.
A gestão do
Teatro Municipal Rivoli e o mercado do Bolhão são outros dos temas em que a CDU
vai insistir. E inevitavelmente a recente crise política entre o presidente e o
vereador Manuel Sampaio Pimentel (CDS), entretanto sanada, não deixará de ser
abordada pela oposição.
A auditoria
interna que o presidente da Câmara do Porto decidiu fazer, em Abril passado, ao
fundo lançado para construir um condomínio de luxo no bairro do Aleixo, é, do
ponto de vista politico, a questão mais delicada. O independente Rui Moreira
quer levar até às últimas consequências as dúvidas e suspeitas sobre aquele
instrumento financeiro, que, segundo o Expresso, podem vir a acabar em
tribunal. Este semanário garante que o momento que marca a ruptura entre os
vereadores conotados com a gestão de Rui Rio e Rui Moreria aconteceu
precisamente quando este comunicou ao executivo que mandara abrir, em Abril,
uma auditoria ao processo do Aleixo.
A decisão de
Moreira deixou Rio enfurecido e o assunto, que será acompanhado com toda a
atenção pelo ex-autarca, é delicado e pode mesmo abrir uma nova crise no
executivo. É que para além Rio, há na câmara pessoas muito próximas dele que
estiveram ligadas ao lançamento daquele instrumento financeiro, que se encontra
insolvente e que não estará a cumprir as contrapartidas contratuais com a
autarquia.
Rui Moreira será
questionado sobre a escolha do novo director artístico para os teatros
municipais do Porto, o Rivoli e o Campo
Alegre. As declarações de Tiago Guedes, pondo em causa a gestão anterior do
Rivoli, suscitaram uma tempestade de críticas, cujos estilhaços atingem também
a gestão de Rio.
Para o vereador
da CDU, “urge fazer uma auditoria à forma como Rui Rio e a coligação PSD/CDS
geriram o Rivoli após a extinção da Culturporto”. “Há um conjunto de questões
em relação às quais nunca houve uma resposta cabal da câmara. O Rivoli tinha
valências para permitir um conjunto de respostas à cidade quando foi entregue a
La Feria e que agora não tem”, acusa Pedro Carvalho.
O vereador
comunista defende que é preciso saber “o que existia no Rivoli no acto da sua
entrega a La Feria e o que ficou depois que ele foi embora”. “La Feria saiu do
Rivoli num contexto de dívida a fornecedores, artistas e actores “, nota o
vereador, frisando que é precisa apurar a totalidade dos custos inerentes ao
seu funcionamento e às obras, entretanto, realizadas no interior do Rivoli”.
A CDU defende
ainda que a auditoria deve incidir sobre a “actividade desenvolvida pelas
pessoas nomeadas para a sua gestão, o valor pago pelo município com a compra de
espectáculos e/ou de bilhetes para espectáculos e os valores que se estima ter
que despender para repor o Rivoli na sua forma original”.
Envolto em grande
incerteza está o mercado do Bolhão e o PSD está preocupado e quer saber qual o
projecto que a câmara tem para o único mercado de frescos da cidade. No
orçamento de 2014 não foi contemplado nenhum plano de intervenção no mercado e
numa reunião do executivo, Rui Moreira afirmou que “se não houver QREN [Quadro
de Referência Estratégica Nacional”, é absolutamente inexequível fazer este
investimento como investimento puro e duro público”, recorda fonte do PSD.
O presidente da
concelhia social-democrata do-Porto, Miguel Seabra, vai questionar o presidente
sobre o fundo de emergência social que sofreu uma redução de 1,5 milhões de
euros em relação ao valor anunciado. “Era uma promessa eleitoral de Rui Moreira
e queremos saber o que é que a câmara fez em termos de fundo de emergência
social”, afirma.
Sem comentários:
Enviar um comentário