SANTA CASA DA
MISERICÓRDIA DE LISBOA
Finanças enganam-se. Santa Casa
não tem de mostrar contas
LILIANA VALENTE /
13-8-2014 / OBSERVADOR
A Direcção Geral
do Orçamento (DGO) enganou-se e colocou a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa
na lista de entidades incumpridoras da lei dos compromissos. O Observador
noticiou no passado dia cinco de agosto que a entidade gerida por Santana Lopes
estava a desrespeitar a lei por não ter fornecido às Finanças as informações
sobre os fundos que tem disponíveis, compromissos, contas a pagar e pagamentos
em atraso, como seria obrigada por lei, mas as Finanças corrigem o documento
duas semanas depois e riscam da lista a Santa Casa.
No dia cinco de
agosto, a Direção Geral do Orçamento (DGO) publicou a lista mensal das
entidades que não cumpriram a lei dos compromissos no mês de junho. Da lista
constava a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, por não prestar as informações
a que seria obrigada. Com base no documento disponibilizado pelas Finanças, o
Observador escreveu que a Santa Casa estava em incumprimento.
Esta
quarta-feira, as Finanças emendaram a mão. Depois de terem retirado a lista do
site online – na sequência de uma queixa da Santa Casa – as Finanças explicam
numa nota que republicam a informação que corrige “a situação relativa à SCML
resultante da geração automática das entidades que não cumprem a LCPA, o qual
não levou em linha de conta o teor do Despacho em anexo de 24.11.2011″.
E o que diz o
despacho? O despacho assinado ainda por Vítor Gaspar em 2011 isenta a Santa
Casa da prestação de contas às Finanças. Começa por dizer que “o regime
jurídico a que a SCML se encontra sujeita caracteriza-se, a par de uma intensa
função colaborante em relação à administração pública, por um conteúdo
privatístico, historicamente consolidado, e pela origem específica das fontes
de financiamento desta entidade, não procedentes ou dependentes do Orçamento do
Estado, nem nele integradas”. Ou seja, como não depende diretamente dos cofres
do Estado, está fora da obrigação.
No mesmo
despacho, considera o Governo que a SCML já tem “um conjunto de mecanismos
aptos a assegurar, de forma eficaz e coerente, os objetivos do rigoroso
controlo financeiro” uma vez que tem de prestar contas ao Tribunal de Contas.
Como tal, não podia constar da lista divulgada pela DGO.
O Observador
questionou as Finanças logo na sequência do desaparecimento da lista do portal,
mas apesar de terem corrigido a informação no site (uma semana depois de terem
retirado a lista) e de terem emitido uma nota no mesmo sítio, não responderam
às perguntas feitas pelo Observador.
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