Americanos da Apollo interessados
no Novo Banco
Por Margarida Bon
de Sousa
publicado em 23
Ago 2014 (jornal) i online
Fundo
norte-americano quer continuar a investir em Portugal e está a fechar a compra
da Tranquilidade
Os
norte-americanos da Apollo continuam interessados em investir em Portugal e
seguem com atenção o processo de reorganização do Novo Banco.
O fundo, que está
quase a comprar a Tranquilidade, equaciona avançar com uma proposta quando
forem conhecidas as condições da alienação do Novo Banco. O banco liderado por
Vítor Bento deverá também vender activos que eram do BES, no quadro do plano de
reestruturação.
O fundo de
private equity norte-americano Apollo perdeu para a chinesa Fosun a
privatização da Caixa Seguros, com uma oferta de 1,250 mil milhões de euros. A
empresa tem 8,175 mil milhões de dólares para investir.
Segundo fontes
contactadas pelo i, a empresa mantém contudo o interesse em apoiar o
desenvolvimento do país e quer apostar na aquisição de outros activos em
Portugal, nomeadamente na parte não tóxica do antigo BES, embora considere
prematuro avançar com qualquer posição porque ainda nem sequer há um caderno de
encargos.
Só na
quinta-feira é que o Banco de Portugal convidou o BNP Paribas Corporate Finance
a apresentar uma proposta para prestação de serviços no processo que levará à
criação de uma estrutura accionista estável e comprometida com o desenvolvimento
do Novo Banco.
Tranquilidade
A Apollo tem neste momento um contrato de
exclusividade para continuar a negociar a compra da Tranquilidade, empresa que
também pertencia ao Grupo Espírito Santo (GES), depois de ter ficado em
primeiro lugar no concurso que foi aberto em Janeiro. O montante é de 215
milhões de euros.
O facto de o GES
ter entrado em colapso atrasou o encerramento do processo. As mesmas fontes
referiram que neste momento estão três grupos de advogados (os da própria
Apollo, os do Novo Banco e os da seguradora) a tentar encontrar um valor final
para a compra, depois de se ter detectado uma exposição de 150 milhões de euros
da Tranquilidade à dívida de empresas do GES.
Apesar de tudo, a
transacção deverá estar concluída “dentro das próximas semanas” e permitirá dar
uma base financeira mais forte à seguradora.
Espírito Santo
Viagens Segundo o “Diário Económico” avançou ontem, outra empresa do grupo, a
Espírito Santo Viagens, – que detém a marca Top Atlântico – será a nova
operação de venda de activos do GES.
De acordo com o
diário, a Rioforte – holding em procedimento de gestão controlada que detém a
ES Viagens – mandatou o BES Investimento e a sociedade de advogados PLMJ para
avançarem com a operação de venda. Segundo fontes do mercado, este poderá ser
de todos os activos um dos mais difíceis de alienar porque tem um património
imobiliário reduzido.
Quanto à venda
dos hotéis Tivoli, há pelo menos dois interessados que já avançaram com
propostas, estando em contacto com os juízes no Luxemburgo, que terão a palavra
final, uma vez que têm neste momento a gestão da Rioforte, da Espírito Santo
Financial Group e da Espírito Santo Internacional.
O pedido desta
intervenção junto do Tribunal do Luxemburgo partiu do próprio Grupo Espírito
Santo, que deste modo procurou garantir a protecção contra os credores das três
empresas.
Tranquilidade vendida por 215
milhões
Por Ana Suspiro
publicado em 23
Ago 2014
A seguradora estava contabilizada pelo custo de aquisição nas contas da
accionista Partran, que foram ainda aprovadas em Maio
A seguradora
Tranquilidade estava valorizada em 515,4 milhões de euros no final do ano
passado, nas contas da Partran, sociedade que era a única accionista da
companhia.
As contas
aprovadas em Maio, pela administração liderada por Ricardo Salgado, registavam
um valor de balanço pelo custo de aquisição de 515,354 milhões de euros. O
valor patrimonial da participação detida na Tranquilidade, o único activo desta
empresa, era de 358,193 milhões de euros. A Partran, detida pela Espírito Santo
Financial Group (holding que está sob gestão controlada controlada no
Luxemburgo), distribuiu dividendos de 9 milhões de euros este ano, numa
deliberação aprovada a 23 de Maio de 2014.
Seja o valor de
balanço, seja o valor patrimonial, os números contrastam com os montantes agora
falados para a venda da Tranquilidade e estão ainda mais longe da avaliação de
700 milhões de euros que chegou a ser feita para a empresa. Este valor terá
servido de base ao penhor constituído a favor do Banco Espírito Santo (BES), e
que passou para o Novo Banco, como garantia de reembolso dos clientes de
retalho que compraram dívidas das empresas do Grupo Espírito Santo (GES).
O preço proposto
pelo fundo Apollo para a seguradora, 215 milhões de euros, será o valor mais
alto no processo de venda iniciado há meses. Entretanto foram detectadas nos
activos sob gestão aplicações de 150 milhões de euros em produtos de dívida das
holdings do GES que estão em processo de protecção de credores.
Os termos do
acordo ainda em negociação prevêem que o novo accionista injecte 140 a 150 milhões de euros na
Tranquilidade para repor os rácios financeiros mínimos exigidos. O encaixe
líquido para o Novo Banco seria assim de apenas 50 milhões de euros, segundo
avançou ontem o "Jornal de Negócios". Contactada pelo i, fonte
oficial do banco confirma que a receita ficará na instituição, mas não confirma
os números ontem noti- ciados, acrescentando que o processo não está fechado
nem tem prazo para ser fechado.
A seguradora está
sob apertada vigilância do Institutos de Seguros de Portugal (ISP), que
pressionou uma venda rápida a um accionista com capacidade financeira, de forma
a resolver o quanto antes as insuficiências de capital detectadas.
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