Um sistema, uma sociedade
18 Agosto 2014,
20:15 por Bosco Olazabal
In NEGÓCIOS
online
A credibilidade
dos bancos em Portugal está de novo a ser posta em causa, fenómeno este que
deve ser ultrapassado devido à importância que os mesmos têm no desenvolver da
nossa sociedade.
Não é consensual
quando apareceram os primeiros bancos, o que sim é sabido é que a atividade de
aceitar depósitos e emprestar dinheiro existe pelo menos desde o tempo dos
fenícios. Atualmente o banco mais antigo ainda a operar é o italiano Monte dei
Paschi fundado em 1472. A
indústria cresceu com o aparecimento de novos bancos privados ao longo do tempo
e também de bancos centrais como o de Inglaterra em 1694 que serviu de modelo
para muitos dos subsequentes bancos centrais que surgiram. Com a ajuda da
globalização, a indústria bancária acabou por assumir a enorme dimensão que
apresenta hoje em dia.
O processo não
foi de todo tranquilo e nada melhor que a história estado-unidense para
perceber isso. Foram bastantes os choques que o sistema bancário e em
simultâneo a sociedade sofreram ao longo do tempo. Temos, por exemplo, a crise
entre 1837 e 1843 em que 343 dos 850 bancos que existiam nos Estados Unidos da
América fecharam portas; em 1907, deu-se o pânico dos banqueiros como
consequência do incidente da United Cooper; em 1929, a famosa quinta-feira
negra e mais recentemente com início em 2007 o colapso do sistema bancário à escala
mundial. É por isso imperativo tentar entender alguma variável comum que todos
estes choques possam ter de forma a minimizá-los, e para isso é necessário
perceber a indústria bancária e aquilo que a mesma significa.
A importância do
sistema bancário no mundo é inquestionável. São estas instituições que permitem
que o dinheiro circule e chegue às mãos daqueles que munidos de ideias de
negócios o invistam na esperança de criar valor. Mas é esta ligação entre os
bancos e o desenvolvimento da sociedade que torna a indústria bancária uma
indústria tão delicada. Para o mundo chegar ao nível avançado de
desenvolvimento dos dias de hoje foi preciso um sistema bancário que suportasse
e alimentasse o crescimento o que acaba por criar uma dependência grande da sociedade
na indústria bancária. Por outras palavras, se a teia de bancos colapsa a
sociedade acaba por sofrer de forma direta e intensa e vice-versa.
Tudo isto me leva
à seguinte pergunta: como conseguimos fomentar o crescimento das instituições
bancárias e por sua vez maximização dos lucros dos seus acionistas ao mesmo
tempo que fomentamos o crescimento e desenvolvimento da sociedade?
Uma das chaves
para a resolução de tal enigma, na minha, opinião é o alinhamento dos
interesses entre a sociedade e os próprios bancos. Sendo assim a variável de
interesse neste caso é precisamente a responsabilidade social, o que significa
que os bancos na hora de delinearem os seus planos de crescimento para o futuro
devem pensar naquilo que mais sentido faz para a sociedade que os rodeia e as
pessoas que utilizam os bancos na hora de recorrer aos mesmos também devem de
forma sensata e imparcial pensar se as suas aspirações fazem sentido e por sua
vez deveriam ser tidas em conta.
No fundo o que
acaba por ser exigido por esta linha de pensamento é um esforço conjunto às
instituições bancárias e aos seus utilizadores, onde o foque central é o
bem-estar social. O meu ponto de vista diz-me que faz todo o sentido, visto que
é indubitável que o sistema bancário é o motor que fomenta o crescimento de
qualquer sociedade, e esta mesma sociedade deve então ser o ponto de interesse
para o crescimento sustentável. Tudo isto me leva a crer que as bases do
desenvolvimento do mundo em que vivemos estão na capacidade de os bancos
pensarem na sua atividade desde o prisma da responsabilidade social e na
capacidade de a sociedade olhar para os bancos como instituições sérias e
credíveis que se utilizadas da forma correta podem facilitar o processo de preservação
e possível multiplicação de capitais.
Membro do Nova Investment Club
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