As estruturas de
betão inacabadas e o quiosque já colocado no local dominam a paisagem do futuro
jardim
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Jardim prometido a Lisboa para
2009 tem obras paradas há oito meses
Sá Fernandes chegou a dizer que o novo jardim da Graça abriria em 2009. No
ano seguinte António Costa prometeu-o para meados de 2011. Ontem Sá Fernandes
disse que as obras vão ser retomadas em Setembro
José António
Cerejo / 26-8-2014 / PÚBLICO
Esta já é uma
séria candidata ao título de obra mais atrasada da Câmara de Lisboa: com data
de conclusão prometida pela primeira vez para Setembro de 2009, depois para
meados de 2011, a
seguir para Setembro de 2013 e por fim para Abril de 2013, a construção do
Jardim da
As estruturas de
betão inacabadas e o quiosque já colocado no local dominam a paisagem do futuro
jardim
Os trabalhos
estão parados desde o Natal do ano passado e as máquinas foram levadas há
vários meses. No local, junto à Calçada do Monte, nas traseiras do antigo
convento e quartel da Graça, tudo o que se vê são os espaços vazios criados
pelo abate de numerosas árvores de grande porte e as enormes estruturas de
betão que hão-de marginar os caminhos já abertos. Fora isso, vê-se um enorme
quiosque verde que lá foi plantado no começo da obra,.
Contactada pelo
PÚBLICO, a Fitonovo, empresa à qual foi adjudicada a construção do jardim em
Janeiro de 2013, afirmou, através de uma sua responsável, Adalgisa Vieira, que
a interrupção da obras se ficou a dever ao facto de a câmara não pagar as
facturas a tempo. O vereador da Estrutura Verde, Sá Fernandes, negou porém que
esse fosse o motivo. A paragem dos trabalhos, afirmou ontem por escrito,
deveu-se a “contingências da empreitada”, acrescentando apenas que eles serão
retomados no início de Setembro.
Nos termos
contratuais, a empreitada custará 799 mil euros e a sua duração seria de 605
dias, pelo que deveria estar terminada no próximo mês. Apesar de esse ser o
prazo previsto no contrato, Sá Fernandes fez saber no princípio da obra que ela
estaria concluída em Setembro do ano passado, um ano antes da data contratual. A
última vez que o autarca se pronunciou sobre a data previsível para a abertura
do novo espaço foi em Janeiro deste ano, já depois de a obra ser interrompida,
em declarações ao blogue de informação local O Corvo. “Não me quero comprometer
com um dia, mas, se tudo correr bem, o jardim será inaugurado, certamente, em
Abril”, afirmou.
A razão da
paragem dos trabalhos, disse então, prendia-se com o facto de ali terem sido
descobertas “ossadas de mais de cinquenta cadáveres” e com a chuva que tinha
caído nas semanas anteriores. Nessa altura, Sá Fernandes afirmou que a
empreitada seria relançada logo que as condições meteorológicas o permitissem. Até
hoje, nada ali voltou a ser feito.
A construção do
novo espaço levou a câmara a abater um grande número de árvores logo no
princípio do ano passado, por forma a poder implantar nos cerca de dois
hectares da íngreme encosta o projecto desenvolvido nos seus serviços.
O projecto prevê
a criação de um relvado central, estando as zonas mais declivosas destinadas a
miradouros e parque de merendas. No futuro, segundo informou a autarquia em
Janeiro do ano passado, haverá também “um equipamento do ramo alimentar e
equipamento juvenil e infantil”. No total está projectada a plantação de 178
árvores, entre as quais 32 amendoeiras, 28 medronheiros, 18 pereiras e 14
ciprestes.
A transformação
da cerca do antigo Convento num espaço público tornou-se possível depois de a
câmara ter aprovado, em 2009, por proposta de António Costa, a suspensão do
Plano Director Municipal naquela zona. A decisão teve por objectivo viabilizar
a intenção do Ministério da Defesa de vender o antigo convento, classificado
como monumento nacional, para ele ser transformado em hotel — coisa que não
seria possível à luz do PDM então em vigor.
Foi na sequência
dessa decisão que o município e o Ministério da Defesa celebraram um protocolo
através do qual os terrenos da encosta foram cedidos à autarquia. No dia da
assinatura, em Abril de 2010, António Costa afirmou que o novo jardim estaria
pronto um ano depois.
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