OPINIÃO
Nem uma duvidazinha, João Miguel
Tavares?
AGOSTINHO LOPES 10/08/2014 - PÚBLICO
Depois do BPN, do BCP, do BPP, do BANIF e agora do BES, teremos, então, que
admitir que no dito sector há uma elevadíssima concentração de assaltantes de
caneta.
JMT descobriu, que a solução engendrada para o BES, é não só, um “Novo
Banco”, mas uma “nova política”!
Não é parco em
elogios! Enxerga no denso nevoeiro, uma “nova política” que defende o
“interesse nacional”, os “contribuintes” e deixa cair “os accionistas”. A gente
a pensar que os ditos accionistas têm um papel importante a desempenhar, pois
anda o Dr. Paulo Portas, esfalfadinho, por esse mundo de cristo, a pedir,
investidores, investidores… e o seu governo inaugura uma “nova política” “onde
se deixam cair os accionistas! Pela primeira vez, um governo deixa cair os
accionistas. “Ninguém antes o tinha feito”! Então, quando este Governo, como os
anteriores, provocaram a falência de dezenas de milhares de empresas, deixaram
cair o quê?
E nem sequer uma
descriminaçãozita para os pequenos accionistas. Mas é “accionista” a dona
Ifigénia, que, das suas poupanças, para fazer a vontade ao gestor de conta, que
tinha a bênção da CMVM e BdP, comprou 2 mil ou 5 mil euros de acções?
Depois, “os
contribuintes”, que desta vez estão a “salvo”! Será assim? Mesmo quando não é
conhecida “a lista de todas as coisas que podem correr mal, ou que simplesmente
não estão bem explicadas” pelo BdP e pelo Governo, é possível, afirmar que não
daremos, nem mais um cêntimo para este peditório? Mas o nosso dinheirinho já lá
vai, num empréstimo do Estado português, a um juro, que pelo menos no caso do
FMI é de 3,7%, logo superior ao que vai pagar o Fundo de Resolução. Que terá já
uma contribuição de impostos sobre a banca, isto, é dos contribuintes!
Vai ser devolvido
todo? Não se sabe! O que se sabe é que o tal Novo Banco, tem passivos elevados
e activos duvidosos (80% do BES antigo). Não seria melhor conhecer a “lista” e
depois fazer contas? Mas vai ser o sistema financeiro a “assumir a diferença”,
a aguentar prejuízos! Tenho dúvidas. Mas há uma certeza: uma percentagem
significativa (25/30%?) do possível prejuízo é da CGD, que parece, ainda é do
“zé-povinho”! Também o BPN quando começou eram só 800 milhões…
O pior é que os
ditos contribuintes, o interesse nacional, já estão a “inchar”, forte e feio.
Na exposição da CGD ao BES/GES de 300 (ou serão 540, de acordo com
provisionamento feito a mando do BdP) milhões de euros? Quem vai pagar
subsídios de desemprego aos trabalhadores do BES/GES que forem empurrados porta
fora nas ditas e já anunciadas reestruturações? E as centenas de PME que
falirem não serão contribuintes? A transformação da PT num apêndice de uma
multinacional brasileira é do interesse nacional? Sem falar do défice
orçamental no fim de 2014…
Mas haverá ainda
algum santo (não os espíritos!) nesta terra, que depois de tudo o que foi dito,
sobre a solidez, a solvabilidade, as almofadas, o “ring-fencing” etc etc do
BES, acredite no milagre das rosas?
“A solução
encontrada para o caso BES” é, maravilha, o “anti-BPN”! Então o que é feito do
GES? Fala-se da SLN, que ficou com o mel, por oposição ao BPN que ficou com a
cera (ruim cera para fraco defunto, diga-se). Mas o equivalente da SLN no caso
do BES é o GES. Está falido, bem o sabemos. Mas será só prejuízo??? Saberá
alguém, alguma coisa da massa falida do Grupo? Do património da família? Do que
está sedeado em sociedades offshores em paraísos fiscais? E pequeno
esquecimento: se no caso BES, “o que é bom fica na mão dos contribuintes (o
Novo Banco)”, é à custa do nosso dinheirinho! Poder-se-ia até fazer um lindo
trocadilho: na mão dos contribuintes o que veio dos contribuintes!
Depois há o
discurso da justiça sobre os administradores. Certo, mas tudo se resume a uma
(“injusta e indecente gestão do BES”, ou a “um buraco de cinco mil milhões de
euros” que não “se cavou sozinho”? Isto é, o problema do BES (e já agora do
GES), é apenas um problema de “bandidagem”, como perora um nosso ilustre
comentador económico. Apenas, um problema de vigaristas com MBA!
Depois do BPN, do
BCP, do BPP, do BANIF e agora do BES, teremos, então, que admitir que no dito
sector há uma elevadíssima concentração de assaltantes de caneta… E explicar,
como na UE de 2008 a
2012 foram gastos 4,5 biliões – 4,5 milhões de milhões - de euros do
dinheirinho dos contribuintes para salvar accionistas da banca e poderosos…
Finalmente, sobre
a “competência” das “instituições portuguesas e europeias”. Vou ali, e já
venho…para ver se me explicam como é que com tanta competência, com tanta
regulação e reguladores, houve tanta incompetência. Como é que sabendo, e
sabiam, das desgraças em curso no BES e GES, há mais de um ano… deixaram correr
o marfim. Competências destas, cada um toma as que quer!
Membro do Comité
Central do PCP
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