Portugal perdeu quase meio milhão de jovens na última
década
PÚBLICO
11/08/2014 - 12:12
População até aos 30 anos representa um terço dos
desempregados e metade dos emigrantes permanentes do país, revela INE na
véspera do Dia Internacional da Juventude.
A proporção de jovens na população nacional nunca foi tão
pequena desde que há estatísticas. Os habitantes entre os 15 e os 29 anos valem
apenas 17% do total do país, fruto da perda de quase meio milhão de pessoas
desta faixa etária ao longo da última década. Os dados são divulgados esta
segunda-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), fazendo parte de um
retrato feito com base em estatísticas oficiais e outros indicadores, na
véspera do Dia Internacional da Juventude. Esta geração representa cerca de um
terço dos desempregados e metade dos emigrantes permanentes.
Em 2011, residiam em Portugal 1 milhão e 800 mil jovens,
menos quase meio milhão do que em 2011. Este número equivale a uma decréscimo
de 21,4% desta população, que nunca esteve tão pouco representada na pirâmide
etária nacional. Se, em 1960, as pessoas entre os 15 e os 29 anos eram 23,9%
dos residentes – um número que se manteve praticamente estável até 2001 –, hoje
valem apenas 17,1%, menos de um quinto da população.
“A diminuição do número de jovens é um dos indicadores do
fenómeno do envelhecimento que atinge a população portuguesa e reflete a
redução continuada do número de nascimentos verificada em Portugal”, sublinha o
INE na publicação divulgada esta segunda-feira no seu portal da internet.
Entre 2001 e 2011, este fenómeno foi transversal a todo o
país. Só em seis concelhos o número de jovens aumentou neste período: Santa
Cruz (Madeira), Montijo, Albufeira, Mafra, Ribeira Grande e Lagos.
Antecipando o Dia Internacional da Juventude, que se
assinala esta terça-feira, o INE divulgou um documento em que agrega
indicadores referentes à população entre os 15 e os 29 anos, tendo por base os
Censos de 2011 e outras estatísticas publicadas ao longo dos últimos anos. Os
números mostram um peso significativo dos jovens entre o contingente de
desempregados e de emigrantes do país.
Segundo o INE, em 2012, emigraram 53 mil jovens de Portugal.
Destes, cerca de 26 mil fizeram-no de forma permanente, o que representa metade
do total de emigrantes permanentes do país. A relevância dos jovens neste
contingente de migrantes aumentou 14,5 pontos percentuais face ao ano anterior.
No mesmo período houve ainda 27 mil jovens que emigraram de forma temporária
(39% do total nacional).
Esta geração representa 32% dos desempregados em Portugal.
Na população empregada, a participação deste grupo etário é bastante mais
reduzida, representando apenas 15,5% do total. Assim, a taxa de desemprego dos
jovens dos 15 aos 29 anos é de 26,3%, quase o dobro da taxa de desemprego total
(14,8%).
Ainda no mercado de trabalho, o INE mostra como os jovens
ganham cada vez menos em comparação com outros grupos etários, quando trabalham
por de outrem. O rendimento salarial médio mensal líquido da atividade principal
dos jovens trabalhadores foi, em média, entre 2011 e 2013, inferior em 23,2% ao
da generalidade dos trabalhadores por conta de outrem. Enquanto a população com
menos de 30 anos ganha 622 euros, os colegas mais velhos recebem 810. “Esta
diferença tem vindo a agravar-se sucessivamente desde 2002”, sublinha o
relatório do INE. Há uma década, a diferença salarial média era de apenas
13,5%.
As dificuldades de acesso ao mercado de trabalho e as
desigualdades para aqueles que conseguem ter emprego contribuem, em parte, para
outra realidade sublinhada pelas estatísticas oficiais: um quarto da população
entre 16 e 24 anos encontra-se em risco de pobreza. De acordo com o INE, cerca
de 25,6% dos jovens desta faixa etária residia em agregados familiares com um
rendimento abaixo da linha de pobreza.
O retrato dos jovens traçado pelo INE destaca outros
indicadores para esta geração, como um aumento dos níveis de qualificação – a
percentagem de jovens com curso superior passou de 8,3% em 2001 para 14,9% em
2011 –, de utilização do computador e internet (98%) e de conhecimentos em
línguas estrangeiras (80% conhece pelo menos um outro idioma além do
português). Os jovens também casam cada vez mais tarde e aumentou o número dos
que vivem com os pais até aos 30 anos: em 2011, 68,3% residia com pelo menos um
dos pais, ao passo que 21,5% tinha constituído a sua própria família
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