NATO acusa Rússia de
"violação flagrante" e abre portas à adesão da Ucrânia
ALEXANDRE MARTINS
29/08/2014 - PÚBLICO
Presidente russo, Vladimir Putin, diz que é preciso "forçar" as
autoridades de Kiev a negociar com os separatistas e compara ofensiva ucraniana
à ocupação nazi na Segunda Guerra Mundial.
O
secretário-geral da NATO denunciou nesta sexta-feira a "violação flagrante
da soberania e da integridade territorial da Ucrânia" pela Rússia e não
fechou a porta à intenção anunciada pelo primeiro-ministro ucraniano de ver o
seu país como membro de pleno direito da Aliança Atlântica.
"Apesar dos
desmentidos vazios de Moscovo, tornou-se evidente que tropas e equipamento
russos atravessaram ilegalmente a fronteira e entraram no Leste e no Sudeste da
Ucrânia. Não é uma acção isolada, integra-se num padrão perigoso desenvolvido
ao longo de meses com o objectivo de desestabilizar a Ucrânia enquanto nação
soberana", lê-se no comunicado de Anders Fogh Rasmussen, publicado no
final de uma reunião extraordinária da Comissão NATO-Ucrânia, o órgão que gere
a cooperação entre a Aliança Atlântica e a Ucrânia.
A intenção de a
Ucrânia passar a integrar a NATO foi posta de lado em 2010 pelo então
recém-eleito Presidente Viktor Ianukovich, dois anos depois de o seu
antecessor, Viktor Iushenko, ter posto o país no caminho da plena integração.
Na altura, Viktor Ianukovich disse que a entrada na NATO "não era
realista", alegando que esse passo "precisaria do apoio da maioria da
população".
Com a queda de
Ianukovich em Novembro do ano passado, depois de se ter recusado a assinar um
acordo com a União Europeia e de se aproximar da união aduaneira desenhada pela
Rússia, o actual Governo ucraniano retomou a intenção de se tornar membro de
pleno direito da NATO.
Nesta
sexta-feira, o primeiro-ministro interino, Arseni Iatseniuk, anunciou que vai
submeter ao Parlamento uma proposta nesse sentido, sublinhando também que a
política externa ucraniana tem como objectivo a integração na União Europeia.
Este anúncio do
primeiro-ministro da Ucrânia teve uma resposta do secretário-geral da NATO, já
na conferência de imprensa realizada no final da reunião extraordinária desta
sexta-feira.
"Permitam-me
recordar a decisão tomada em 2008 pela NATO para que a Ucrânia se torne um
Estado-membro", disse Anders Fogh Rasmussen, referindo-se à cimeira de
Bucareste, realizada em Abril de 2008 – no texto final dessa cimeira, lê-se que
os Estados-membros concordaram que a Ucrânia e a Geórgia "serão membros da
NATO".
O
secretário-geral da Aliança Atlântica sublinhou também que a Ucrânia "tem
o direito a decidir por si própria, sem ingerências do exterior", numa
referência à oposição da Rússia a que o seu vizinho passe a integrar a NATO.
A questão da
entrada da Ucrânia na NATO voltou a assumir uma importância fulcral nos últimos
dias, com as acusações da Aliança Atlântica, dos Estados Unidos e da União
Europeia de que a Rússia está directamente envolvida nos combates no Leste e no
Sudeste da Ucrânia, em particular numa nova ofensiva dos separatistas
pró-russos contra a cidade portuária de Mariupol.
Moscovo tem
negado o envio de tropas para a Ucrânia, dizendo que todos os russos que
estiverem a lutar ao lado dos separatistas são voluntários, ou soldados que
perderam a orientação e entraram "sem intenção" em território
ucraniano.
Também nesta
sexta-feira, o Presidente russo, Vladimir Putin, disse que é preciso
"forçar" o início de negociações directas entre as autoridades de
Kiev e os combatentes separatistas – algo que o Presidente ucraniano, Petro
Poroshenko, já disse que não está disposto a fazer.
"É preciso
forçar as autoridades ucranianas a iniciar negociações sobre as questões de
fundo. Não sobre questões técnicas, mas sobre questões de fundo: quais serão os
direitos da população do Donbass, de Lugansk, do Sudeste do país", disse
Putin, durante uma conversa com jovens russos.
No entender de
Vladimir Putin, a recusa de Kiev em pôr fim à sua ofensiva contra os
combatentes pró-russos "é um erro colossal, que vai levar a significativas
perdas de vidas humanas".
"Pequenas
localidades e grandes cidades estão cercadas pelo Exército ucraniano, que está
a atingir directamente áreas com o objectivo de destruir as
infra-estruturas", disse Putin, fazendo uma comparação com a ofensiva nazi
na Rússia: "Faz lembrar os eventos da Segunda Guerra Mundial, quando os
ocupantes fascistas alemães cercaram cidades."
Putin likens Ukraine 's
forces to Nazis and threatens standoff in the Arctic
Russian president
hits back at invasion accusations as Nato accuses Kremlin of 'blatant
violation' of Ukraine 's
sovereignty
Shaun
Walker in Mariupol, Leonid Ragozin in Moscow ,
Matthew Weaver and agencies
theguardian.com,
Friday 29 August 2014 / http://www.theguardian.com/world/2014/aug/29/putin-ukraine-forces-nazis-arctic
The Russian
president, Vladimir Putin, has hit back at accusations that he has effectively
invaded Ukraine , accusing
Ukrainian forces of behaving like Nazis in the conflict in the east and
ominously threatening to take his standoff with the west into the disputed Arctic .
Hours after
Barack Obama accused Russia
of sending troops into Ukraine
and fuelling an upsurge in the separatist war, Putin retorted that the
Ukrainian army was the villain of the piece, targeting residential areas of
towns and cities like German troops did in the former Soviet
Union .
He added
that Russians and Ukrainians "are practically one people", reprising
a theme of an earlier statement in which he referred to the disputed areas of
south-eastern Ukraine as Novorossiya – a throwback to tsarist times when the
area was ruled from Moscow.
And he made
a pointed reference to the Arctic, which with its bounteous energy reserves and
thawing waterways is emerging as a new potential conflict between Russia and its
western rivals. "Our interests are concentrated in the Arctic .
And of course we should pay more attention to issues of development of the
Arctic and the strengthening of our position," Putin told a youth camp
outside Moscow .
Russia's
latest alleged interventions in Ukraine, in which it stands accused of sending
as many as 1,000 soldiers and military hardware across the border to bolster
the flagging separatist insurrection, has prompted a flurry of emergency
meetings.
Nato
ambassadors emerged from a meeting on Friday morning to accuse Russia of a "blatant violation" of Ukraine 's
sovereignty. "Despite Moscow 's hollow
denials, it is now clear that Russian troops and equipment have illegally
crossed the border into eastern and south-eastern Ukraine ," its secretary
general Anders Fogh Rasmussen said.
Barack Obama
convened his national security council on Thursday, and emerged to say that
Moscow was responsible for the recent upsurge in violence, in which a new front
has opened up in Ukraine's far south-east close to the city of Mariupol.
Speaking at
a news conference in Washington , the US president said Russia
was encouraging, training, arming and funding separatists in the region and
warned Moscow
that it faced further isolation.
He said:
"Russia has
deliberately and repeatedly violated the sovereignty and territorial integrity
of Ukraine and the new
images of Russian forces inside Ukraine
make that plain for the world to see. This comes as Ukrainian forces are making
progress against the separatists."
Obama again
ruled out US
military action, but threatened a further tightening of sanctions.
"As a
result of the actions Russia
has already taken, and the major sanctions we've imposed with our European and
international partners, Russia
is already more isolated that at any time since the end of the cold war,"
he said. "Capital is fleeing. Investors are increasingly staying out. Its
economy is in decline." Financial markets echoed his words, and the ruble
fell to an all-time low against the dollar on Friday morning.
Putin hit
back by saying it was the Ukrainians who had failed to make peace happen.
"It is necessary to force the Ukrainian authorities to substantively begin
these talks – not on technical issues … the talks must be substantive,"
Putin said. "Small villages and large cities [are] surrounded by the
Ukrainian army, which is directly hitting residential areas with the aim of
destroying the infrastructure … It sadly reminds me the events of the second
world war, when German fascist … occupants surrounded our cities."
For its
part, Ukraine
raised the stakes further on Friday morning when the prime minister, Arseny
Yatseniuk, said he would try to take the country into Nato. Ukraine has formally maintained a
position of non-alignment since its independence in 1991; the current crisis
started over deep divisions in the country over whether to align itself more
closely with the EU or turn towards the Russian camp.
The UN
security council met on Thursday night, where the British ambassador, Mark
Lyall Grant, repeated Nato assertions that Russia
had deployed more than 1,000 troops in Ukraine . "Formed units of the
armed forces of the Russian federation
are now directly engaged in fighting inside Ukraine
against the armed forces of Ukraine .
These units consist of well over 1,000 regular Russian troops equipped with
armoured vehicles, artillery and air defence systems," he said.
State
department spokeswoman Jen Psaki amplified Obama's comments with details of Russia 's involvement in Ukraine .
"Russia
has … stepped up its presence in eastern Ukraine and intervened directly with
combat forces, armoured vehicles, artillery, and surface-to-air systems, and is
actively fighting Ukrainian forces as well as playing a direct supporting role
to the separatists' proxies and mercenaries," she told a media briefing.
Samantha
Power, US ambassador to the
UN, accused Russia of lying
about its involvement in Ukraine .
"It has manipulated. It has obfuscated. It has outright lied," she
said.
"The
mask is coming off. In these acts, these recent acts, we see Russia 's
actions for what they are: a deliberate effort to support, and now fight
alongside, illegal separatists in another sovereign country."
But back at
home, relatives of soldiers have started to break ranks, publicising the fact that
their kin are in Ukraine .
One
grandfather, Mikhail Smirnov, has told the Guardian that his 22-year-old
grandson, Stanislav Smirnov, sent a message from the Ukrainian border on 19
August saying his motor rifle brigade was "being deployed". They have heard nothing since.
"Our
government has gone too far –- it has lost its head," the grandfather
said. When reminded that Moscow claims it has no
troops in Ukraine ,
he added: "Hey, we are not blind."
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