Incêndio na Covilhã onde Pedro Rodrigues, de 41 anos, perdeu
a vida, a 15 de agosto do ano passado
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Incêndios
Menor vinga morte do pai pelo fogo PJ identifica menor
responsável por 12 incêndios do verão passado. Num deles morreu um bombeiro.
Hoje, 08h24 Por:Tânia
Laranjo in CM online, com T.V.P./A.C./A.B.P./A.S.
Tinha apenas 13 anos. Meses antes perdera o pai e tornara-se
o ‘homem da casa'. À PJ da Guarda disse agora que tinha de proteger a mãe e a
irmã. Foi por isso que ateou os dois primeiros fogos na mata. Seguiram-se mais
dez, num deles, na Covilhã, a 15 de agosto do ano passado, morreu um bombeiro.
O rapaz não assume a autoria desse fogo que acabou num homicídio, mas reconhece
os restantes. Ontem, a PJ deu a investigação por concluída. O processo seguiu
para o Tribunal de Menores, porque o rapaz, hoje com 14 anos, ainda não tem
responsabilidade penal. Deverá agora ser sujeito a uma medida de internamento,
mas também terá de ser apoiado porque a revolta pela morte do pai se mantém.
Embora à PJ diga que está arrependido pela série de incêndios que provocou no verão
passado. Os fogos foram ateados nas freguesias de Tortosendo, Telhado, Vales do
Rio, Dominguizo, Paul e Barco. Porém, foi na zona da Coutada, a 15 de agosto,
que o fogo se descontrolou. Pedro Rodrigues tinha 41 anos e foi surpreendido
por uma mudança de vento. Envolvido pelas labaredas, o bombeiro da Covilhã não
resistiu. Morreu a proteger as casas. O rapaz diz que era ele quem chamava os
bombeiros após atear os fogos. Nas duas primeiras situações, os alvos foram
vizinhos. O primeiro, garante, tinha ameaçado bater à mãe. O segundo metera-se
com a irmã. Depois, passou a agir por prazer. Atraído pelo fogo e com a ânsia
de se tornar útil incendiava a mata e ligava para os bombeiros. Esperava-os na
estrada e indicava o caminho. Ajudava-os depois a controlar as chamas. Num dos
casos, o menor acabou por ser salvo pelos bombeiros e assistido no hospital. As
suspeitas do seu envolvimento nos incêndios eram antigas. Os próprios vizinhos
avisaram a Polícia Judiciária sobre o comportamento do menor e alertaram para a
rapidez com que aparecia nos locais. Famílias de oito bombeiros mortos já foram
indemnizadas Passou ontem um ano sobre a morte de Ana Rita Pereira, a bombeira
de 24 anos da corporação de Alcabideche, Cascais, que morreu no grande incêndio
do Caramulo no trágico verão de 2013. A família de Ana Rita e dos restantes
sete bombeiros que perderam a vida no ano passado receberam as respetivas
indemnizações por morte. Segundo Jaime Soares, presidente da Liga dos Bombeiros
Portugueses (LBP), em declarações ao CM, as verbas pagas "correspondem a
um seguro que as câmaras municipais têm para as corporações de bombeiros de
cada concelho". Cada indemnização corresponde a 225 salários mínimos, o
que equivale a 109 mil euros. Os familiares dos bombeiros mortos estão também a
receber uma pensão de sangue, (por morte no cumprimento do dever) paga pelo
fundo de proteção social da LBP. Ontem a igreja de Alcabideche revelou-se
demasiado pequena para receber os familiares, amigos e colegas de Ana Rita
Pereira numa missa em memória da bombeira. José Pereia, pai de Ana Rita, frisou
as saudades que tem da filha e descreveu-a como a um anjo.
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