Sintra restaura Quinta da
Ribafria para hotel de luxo
Câmara quer recuperar a quinta até Setembro, mas as “grandes obras” ficarão
a cargo do concessionário que vencer o concurso
Património / PÚBLICO
/ 8-8-2014.
A Escola
Profissional de Recuperação do Património de Sintra vai promover, a partir de
Setembro, acções de restauro na Quinta da Ribafria, propriedade do município,
que a câmara pretende concessionar para hotel de luxo.
Numa primeira
fase, o restauro vai incidir sobre quatro estátuas do jardim, duas fontes
ornamentadas com guerreiros e nas escadarias e tecto de uma sala do palácio,
disse ontem à Lusa uma fonte da Câmara de Sintra.
A Quinta de
Ribafria, adquirida em 2002 pelo município, foi durante anos propriedade do
IPSD-Instituto Progresso Social e Democracia (actual Instituto Francisco Sá
Carneiro) e funcionou como “retiro” social-democrata durante os governos de
Cavaco Silva.
O presidente da
autarquia, Basílio Horta (PS), já anunciou que, depois da recente limpeza da
propriedade, a câmara tenciona lançar concurso para um “hotel de alta
qualidade”, assegurando que os jardins serão abertos à população para visitas e
espectáculos.
“A ideia é
transformar [a Ribafria] num belíssimo Grande Hotel, aproveitando as antigas
instalações do IPSD, que devem dar cerca de 30 quartos, e o próprio palácio”,
com mais 16 quartos, até um máximo de 50, admitiu o autarca em Julho na
Assembleia Municipal de Sintra (AMS).
Basílio Horta
prometeu então que “até ao fim do ano” será possível “ver espectáculos de ópera
e de música na Ribafria”, e que a autarquia aposta na recuperação da quinta,
mas as “grandes obras” ficarão a cargo do concessionário que vencer o concurso
para a sua adaptação em unidade hoteleira de luxo.
“Temos oito
hotéis que estão em vias de licenciamento. Cinco poderão ser licenciados este
ano e três para o ano”, acrescentou o presidente da câmara. Basílio Horta
acrescentou que prevê lançar em breve o concurso para recuperação do Hotel
Netto, na vila, de forma a que as obras comecem “este ano ou no primeiro
trimestre” do próximo ano.
“É evidente que a
Ribafria precisa de um destino”, afirmou à Lusa o presidente da AMS, Domingos
Quintas (PS), que participou, em 19 de Julho, numa visita privada de deputados
municipais e autarcas da freguesia a “um dos mais emblemáticos monumentos da
Renascença sintrense”.
O presidente da
assembleia considerou positiva a recente limpeza da propriedade, mas esta
precisa de ser reabilitada e de “um projecto que assegure uma utilização
sustentável”.
A histórica
quinta no Lourel, cuja casa e torre foram edificadas no século XVI, pertenceu à
família Mello e foi vendida em 1988 à Fundação Friedrich Naumann, através do
IPSD, devido a condicionalismos para investimentos germânicos no exterior. A
fundação alemã retirou-se de Portugal na década de 1990 e os dois terrenos que
compõem a propriedade, no total de 13,3 hectares ,
acabaram vendidos a uma sociedade imobiliária de João Vale e Azevedo,
ex-dirigente do Benfica.
O IPSD conseguiu
a anulação judicial da venda, alegando que Vale e Azevedo tinha efectuado
“negócio consigo próprio”, em vez de transferir a quinta para o seu verdadeiro
dono, a fundação alemã.
O Instituto
Português do Património Arquitetónico (IPPAR) recusou, em 2001, exercer o
direito de preferência sobre a Quinta da Ribafria — opção legal nos imóveis
classificados —, mas a Câmara Municipal de Sintra aproveitou para comprar a
quinta por 2,1 milhões de euros.
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