terça-feira, 1 de julho de 2014

Martin Schulz promete guerra contra eurodeputados intolerantes

Alguns deputados eurocépticos viraram as costas ao hino da Europa

Martin Schulz promete guerra contra eurodeputados intolerantes
PÚBLICO 01/07/2014 - PÚBLICO
Alemão foi eleito de novo presidente do Parlamento Europeu na primeira reunião parlamentar em Bruxelas após as eleições europeias.

O novo Parlamento Europeu (PE) reelegeu nesta terça-feira, como era esperado, o seu presidente, Martin Schulz, e enfrenta já uma primeira vaga de tensões com as fileiras de eurocépticos, reforçadas nas eleições europeias de Maio.

O social-democrata alemão, que foi o candidato dos socialistas para a presidência da Comissão Europeia, foi reeleito para a presidência do PE para os próximos dois anos e meio com 409 votos dos 612 votantes, num total de 751 deputados. Esperava-se que alcançasse os 479 votos, tendo em conta um acordo de coligação alcançado entre o PPE (centro direita) e os liberais.

Com a chegada em força dos eurocépticos ao novo Parlamento, Schulz avisou que “quem não respeitar as regras do respeito mútuo e a dignidade humana” vai ter de lidar com ele. A intolerância "é algo que não aceitarei”, avisou

As forças antieuropeias exprimiram-se na manhã de terça-feira com um gesto simbólico: alguns deputados viraram as costas ao centro do hemiciclo no momento em que tocou o hino europeu, provocando várias reacções indignadas de outros deputados nas redes sociais.

"Rejeitar a fraternidade não fará avançar as coisas", escreveu na sua conta de Twitter a eurodeputada liberal francesa, Sylvie Goulard, irritada com “estes indivíduos sem vergonha”.

Vítimas da desconfiança dos eleitores em relação à Europa após anos de crise e austeridade, as quatro principais formações europeias (PPE, socialistas, liberais e verdes) perderam todas assentos parlamentares nas eleições de Maio.

A soma dos 221 deputados do PPE e dos 191 socialistas traduz-se numa maioria frágil de 412 deputados. Por isso os dois grupos chegaram a um acordo de coligação com os liberais e os seus 67 deputados, podendo também contar com o apoio dos Verdes (50 eleitos), nesta frente comum formada para enfraquecer a extrema-direita e os eurocépticos.

“É outro Parlamento”, reconheceu o presidente do PPE, Joseph Daul, que liderou durante cinco anos o seu grupo parlamentar. Mais de um eurodeputado em dois (56%) é recém-chegado. Com este resultado, "se o Parlamento europeu quiser conservar as suas prerrogativas, é preciso que todas as forças democráticas se unam”, avisou Daul.

Uma das principais formações da vaga antieuropeia, o grupo Europa da Liberdade e da Democracia Directa (EFDD, na sigla inglesa), do britânico Nigel Farage, conta com 48 deputados, reunidos em torno do seu UKIP e do Movimento 5 Estrelas do italiano Beppe Grillo.

Os tories britânicos lideram o grupo conservador no Parlamento Europeu, que conseguiu reunir nas suas fileiras 70 deputados, o que faz desta formação a terceira força política do PE

Sobram 52 deputados não inscritos, entre eles quase metade dos eleitos da Frente Nacional Francesa. A sua presidente, Marine Le Pen, não conseguiu formar um grupo, o que a priva de uma maior visibilidade e também de mais meios financeiros.

De sublinhar que as rivalidades e os ódios são profundos entre os eurocépticos britânicos de David Cameron e os eurocépticos radicais do UKIP, entre estes e a extrema-direita francesa e holandesa, entre os nacionalistas e os ultranacionalistas e os neonazis, o que faz com que seja absolutamente impossível pensar que algum dia vão conseguir formar uma frente unida.

Na sua estreia, o espanhol Pablo Iglesias, líder do Podemos e candidato da Esquerda Unitária à presidência do Parlamento Europeu, aproveitou o tempo que teve para falar antes da votação que deu a vitória a Schulz, para apelar ao fim do “sequestro” da democracia, para censurar os mecanismo de “saque” aplicados aos países que mais sofreram com a crise e para criticar a “deriva autoritária” das instituições.


Sem comentários: