Opinião
A poluição do plástico e a
urgência de hábitos sustentáveis
Carmen Lima /
13-7-2014 / PÚBLICO
O plástico, pelas
suas caraterísticas, como a durabilidade, foi muito utilizado, sendo
incorporado na indústria, medicina ou acondicionamento de alimentos e compras. É
difícil imaginar uma sociedade sem plástico. Porém, esta caraterística
tornou-se um problema. A reduzida taxa de degradação e a gestão incorreta dos
resíduos de plástico promoveu a dispersão pelo ambiente, onde se fragmenta em
pedaços, que se vão acumulando principalmente em meios marinhos. Para além da
poluição visual, há outros impactes: para a saúde (poderão incorporar a cadeia
alimentar), económicos (com danos em equipamentos de pesca ou aquacultura, com
repercussões no turismo e na limpeza de praias) e ecológicos (são confundidos
por alimento e ingeridos por tartarugas, peixes ou aves). Um estudo da
Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa em 11 praias
do litoral continental português (2010/2014) mostra uma predominância de
materiais de plástico em 97% das amostras recolhidas, dos quais 27% são
fragmentos de plástico e resíduos de sacos.
O consumo de
sacos de plástico descartáveis ou sacos leves tem sido cada vez mais elevado. Estimase
que cada cidadão europeu consome em média 198 sacos de plástico por ano e,
segundo a Comissão Europeia, o consumo em Portugal rondará os 466 sacos. Os
sacos leves são difíceis de reutilizar, sendo considerados embalagens de curta
duração. Em Portugal, a maioria dos sacos leves oferecidos são oxodegradáveis
(“100% degradável” — sacos de plástico com aditivo químico que acelera a
degradação). Em 2011, a
Quercus alertou para o fato de estes sacos não cumprirem critérios de
compostabilidade, não poderem ser tratados com matéria orgânica, assim como
poderem fragilizar os processos de reciclagem, restandolhes a incineração ou
aterro.
Em 14/01/14, o
Parlamento Europeu apelou para que a UE definisse medidas para reduzir os
resíduos de plástico no ambiente, especificamente no lixo marinho, tendo sido
aprovada uma proposta que aponta para reduzir o uso de sacos de plástico leves
em 50% até 2017 e 80% até 2019. Para alcançar esta meta, a Quercus apresentou
ao ministro do Ambiente e grupos parlamentares uma proposta que propõe a adoção
de medidas graduais distribuídas em quatro anos, entre as quais a
implementação/aumento do número de ecocaixas (onde não oferecem sacos). Para os
hipermercados as medidas deverão ser acompanhadas de “metas de redução”: 25% no
1.º ano, 50% no 2.º ano, 75% no 3.º ano e 100% até ao 4.º ano, a partir do qual
não há oferta de sacos. Para o restante comércio, a redução deverá ser feita no
mesmo período, sem metas pré-definidas. Fomentar o uso de sacos reutilizáveis
aumenta em 50% a taxa de reutilização e contribui 20% para a otimização no seu
uso, segundo estudo da Quercus e Universidade da Madeira (2009).
A proposta da
Comissão para a Reforma da Fiscalidade Verde vai ao encontro das preocupações
da Quercus, quanto ao desincentivo para o consumo e oferta de sacos leves. Apresentar
um material alternativo aos sacos de plástico descartáveis não nos parece
resolver o problema da poluição. Reduzir o problema de poluição de plásticos e,
consequentemente, dos microplásticos, deve passar por uma gestão de resíduos
mais eficaz e eficiente, pela educação ambiental assertiva, pelo uso de sacos
reutilizáveis e sua reutilização, preferencialmente fabricados em materiais
reciclados e recicláveis. Centro de Informação de Resíduos da Quercus.
O autor escreve de acordo com o Novo Acordo
Ortográfico
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* Pena que a autora apresente nesta mensagem tão importante, a"caraterística" de ter "adotado" o Acordo Ortográfico, ele também uma forma de poluição e fonte de permanente desacordo.
OVOODOCORVO
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