Conflito em Gaza alastra a Paris
Confrontos em Paris e arredores com cenas de guerrilha urbana, ataques a
sinagogas, lojas e residências de judeus. Governo denuncia antissemitismo e
proíbe manifestações pró-palestinianas.
Daniel Ribeiro,
correspondente em Paris |
8:20 Segunda
feira, 21 de julho de 2014
in EXPRESSO online
Mais de quatro
dezenas de manifestantes foram presos durante os violentos confrontos deste fim
de semana em Paris
A invasão
israelita de Gaza contagiou algumas zonas de Paris e dos subúrbios, onde se
verificaram confrontos durante várias horas este fim de semana no decorrer de
manifestações pró-palestinianas que tinham sido previamente proibidas pelas
autoridades.
No interior da
capital francesa, em dois quarteirões de Barbès, no bairro número 18, onde
reside uma elevada percentagem de muçulmanos, viveram-se cenas de autêntica
guerrilha urbana no passado sábado que fizeram vários feridos, entre eles 17
agentes da polícia. Mais de quatro dezenas de manifestantes foram presos durante
os violentos confrontos no decorrer dos quais foram incendiados e destruídos
automóveis, estabelecimentos comerciais e diverso mobiliário urbano. Toda uma
grande zona central de Barbès estava devastada no dia seguinte e sob forte
vigilância policial, constatou o Expresso no local.
Ainda neste
domingo, a agitação e os confrontos alastraram a algumas cidades da periferia,
como Sarcelles, Garges e Clichy, onde as manifestações também tinham sido
proibidas. Em Sarcelles os incidentes duraram cinco horas e a cidade foi
literalmente ocupada pelas forças da ordem na noite de domingo para
segunda-feira. Pelo menos duas sinagogas, uma nesta localidade e outra em
Garges, igualmente localizada a norte de Paris, foram atacadas com
cocktails-molotov. No decorrer dos incidentes, muito violentos e que envolveram
por vezes grupos de jovens judeus e de muçulmanos foram destruídas e
incendiadas farmácias, mercearias e lojas judias, bem como residências e
prédios habitados por judeus.
"Morte aos
judeus"
Desde há nove
dias, quando uma manifestação pró-palestiniana degenerou em graves confrontos
na zona da Bastilha, no centro de Paris, que o Governo socialista francês
proibiu, na capital, a organização de desfiles e concentrações de solidariedade
com Gaza.
As manifestações
têm sido apoiadas por organizações da esquerda comunista e radical. Associações
de direitos do Homem, partidos de esquerda e mesmo alguns socialistas
criticaram a decisão do Governo de impedir as manifestações dizendo que, quando
elas são permitidas em cidades da província, têm decorrido sem incidentes
graves.
Mas o Presidente,
François Hollande, bem como o primeiro-ministro, Manuel Valls, consideram que
elas favorecem o desenvolvimento do antissemitismo em França. Num discurso,
este domingo, Valls denunciou o racismo anti-judeu, dizendo que ele se esconde
atrás do antissionismo. "Voltam a ouvir-se nas ruas de Paris, como há mais
de setenta anos, gritos como 'morte aos judeus', não podemos tolerar
isso", explicou pelo seu lado o ministro do Interior, Bernard Cazeneuve,
justificando deste modo a proibição das manifestações.
Este governante
referia-se aos incidentes na zona da Bastilha quando duas sinagogas estiveram
cercadas por manifestantes que as pretendiam invadir. Nessa altura,
designadamente em frente a uma sinagoga da conhecida rua de la Roquette, judeus
foram atacados, injuriados e por vezes mesmo chamados de "porcos
judeus".
Riot police
held back a mob of youths who tried to attack two synagogues in the town of Sarcelles
Israel-Gaza conflict: Fears that violence could transfer to French
streets after night of protests
JOHN
LICHFIELD Author Biography PARIS Monday 21 July 2014
Fears are
growing that the Gaza conflict could transfer to
the streets of France
after Jewish-owned shops were burned and pillaged last night during a second
violent pro-Palestinian demo in the space of two days.
Riot police
held back a mob of youths who tried to attacks two synagogues in the town of Sarcelles in the northern Paris suburbs.
A pro-Gaza
demonstration in a town with a large Jewish population began peacefully but
degenerated into attacks on Jewish and Chaldean businesses and four hours of
running battles between youths and police.
Several
cars were burned. Three shops, including a Kosher grocery, were burned and pillaged.
A railway station was severely damaged.
The
interior minister, Bernard Cazeneve said today: “When you menace synagogues and
when you burn a grocery because it is
Jewish-owned, you are committing anti-semitic acts… That is intolerable. Protest against Israel is
legitimate. Nothing can justify such violence.”
Thirty
people were arrested and 18 policemen slightly injured when youths pelted
police lines with stones and bottles. Another 18 youths were arrested in Sarcelles last night.
In both
cases the violence came not from the main body of demonstrators but a large
minority of youths of North African origin. With further pro-Palestinian
demonstrations planed on Wednesday and next Saturday, the government fears that
the “contagion” of violence could spread to other troubled, multi-racial French
suburbs.
The Prime
Minister, Manuel Valls, warned at the weekend that France faced “a new form of
anti-semitism”, fomented by the hard left and by political activists like the
comedian Dieudonne who blame “Jews” for all the world’s ills.
Opposition
politicians accused the government of “inviting” the violence by banning both
the Paris march and the demonstration in Sarcelles yesterday.
The ban,
they said, had increased the risk of violence by attracting “trouble-makers” who were only marginally
interested in the Palestinian cause. On
the contrary, Mr Valls, said. The violence had justified the decision to ban
the marches, which followed attacks on synagogues and cries “death to Jews”
during a demonstration in Paris
the previous weekend.
The Prime
Minister pointed out that pro-Palestinian and anti-Israeli demonstrations had
been permitted in a half dozen other French cities at the weekend and had
passed off without incident.
Roger
Cuikerman, head of the French umbrella groups of Jewish organisations, CRIF,
said there was a growing anxiety amongst French jews. Protest against Israeli
government actions was one thing, he said. Attacks on Jews for being Jews were
“deeply disturbing”.
“They are
not screaming 'death to the Israelis' on the streets of Paris ,” he said. “They are screaming ‘death
to the Jews’. They are attacking synagogues which are places of prayer.”
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