Banco de Portugal exigiu reunião
urgente no BES para entrada imediata de novos gestores
13 Julho 2014,
19:12 por Jornal de Negócios | jng@negocios.pt
O Banco de
Portugal determinou que o conselho de administração do BES teria de se reunir
com urgência para concretizar as alterações ao nível da gestão do banco. A
reunião decorrerá ainda hoje, revela o supervisor em comunicado. .
"O Banco de
Portugal determinou a convocação urgente de reunião extraordinária do Conselho
de Administração do BES, a realizar hoje, para deliberar" as alterações já
anunciadas na gestão do banco, revela o regulador em comunicado emitido este
domingo, 13 de Julho.
Em causa está
"a cooptação, na sequência das renúncias entretanto apresentadas pelos
membros do Conselho de Administração do BES, dos seguintes membros propostos
pela ESFG e apoiados pelo Crédit Agricole: Vítor Augusto Brinquete Bento; João
de Almada Moreira Rato; e José Alfredo de Almeida Honório."
Além de serem
cooptados para o conselho de administração, o Banco de Portugal exigiu também
que na reunião deste domingo estes responsáveis fossem designados para os
cargos que vão ocupar na comissão executiva.
Tal como já tinha
sido anunciado, Vítor Bento substituirá Ricardo Salgado à frente do banco,
Moreira Rato ficará com o pelouro financeiro. Já José Honório, cujo nome foi
anunciado na sexta-feira, através de uma proposta apresentada pela Espírito
Santo Financial Group (ESFG), holding que detém 25% do BES, vai ocupar o cargo
de vice-presidente da comissão executiva. Contudo, José Honório só passará a
desempenhar estas funções "logo que aprovada a alteração do contrato de
sociedade do BES conforme proposta pela ESFG no dia 11 de Julho", adianta
a mesma fonte.
Estes
responsáveis serão assim cooptados, com efeitos imediatos, contudo, os
accionistas terão de aprovar esta decisão na assembleia-geral que está agendada
para dia 31 de Julho.
A equipa, que
será liderada por Vítor Bento, assumirá funções já amanhã, sabe o Negócios.
Ainda este
fim-de-semana, José maria Ricciardi emitiu um comunicado onde revela que seu o
pedido de demissão do cargo da comissão executiva tem "efeitos
imediatos", com o objectivo de acelerar a entrada de Vítor Bento e novos
gestores no BES.
O Banco de Portugal
reitera que ainda não deu o seu aval aos nomes indicados para o novo órgão, ou
seja, para o conselho estratégico, que será liderado por Paulo Mota Pinto. E,
tal como afirmou no dia 20 de Junho, só o fará após a aprovação dos nomes pelos
accionistas.
"O Banco de
Portugal informa ainda que, tal como referido no comunicado divulgado a 20 de
Junho, aguarda que lhe seja submetido, para avaliação, o modelo de governo
interno que venha a ser aprovado em Assembleia Geral Extraordinária. De modo a
permitir uma avaliação positiva pelo Banco de Portugal, a Assembleia Geral deve
assegurar que os membros a designar para o novo órgão societário são adequados
tendo, designadamente, por referência os requisitos exigidos na lei para o
exercício de funções de administração e fiscalização em instituição de
crédito", acrescenta a mesma fonte.
(Notícia
actualizada às 19h34 com mais informação)
Tragédias antigas e modernas
por VIRIATO
SOROMENHO MARQUES in DN online
Para Aristóteles,
a tragédia deveria representar a violência do choque da condição humana com o
seu destino. O Estagirita defendia que ela, como obra literária, deveria
revestir-se de duas facetas fundamentais. Primeiro, a tragédia envolveria
sempre a acção de personagens nobres, para mostrar que mesmo os mais poderosos
de entre os homens não conseguem fugir à autodestruição. Segundo, a trama
ocorreria no espaço público (o incesto de Édipo com a sua mãe, Jocasta, foi um
acto político), de modo a provocar um efeito de revelação e catarse
(purificação das "paixões da alma") nos espectadores mais
humildemente anónimos. Se Aristóteles contemplasse a moderna tragédia sistémica
do mundo financeiro, do Lehman Brothers ao GES/BES, ficaria emudecido. Os
personagens que causam a catástrofe não são nobres. São, na verdade, gente
grotescamente banal. No lugar de uma consciência moral, muitos possuem uma
vertigem narcísica que tudo absorve (por exemplo, o "livro" de João
Rendeiro, do falido BPP, tem a profundidade de uma tábua rasa). Depois, os seus
actos de mentira, logro, ocultação, são mera predação desprovida de grandeza,
causando dano apenas aos outros. Indivíduos e povos inteiros. Desde 2008, foram
afectadas centenas de milhões de pessoas, pela desmesura de algumas centenas de
figurões do sistema financeiro mundial. Dezenas de milhões perderam os seus
empregos, e viram a sua integridade física e psicológica molestada. Por último,
não houve qualquer catarse. Estas criaturas menores compraram imunidade total,
porque têm entre os seus activos as leis e os governos que os poderiam levar a
juízo. Assistem, no conforto protegido das suas "salas de pânico", ao
puro terror que semearam pelo mundo, como Nero assistiu ao incêndio de Roma. É
uma tragédia moderna. Um espectáculo vil. Uma miséria sem conceito
A deriva do grupo BES
Manuel Villaverde
Cabral
14-7-2014 /
OBSERVADOR
À mulher de César não basta ser séria; tem de ser transparente. Ora ter
pessoal político indicado pela família à frente do BES só prejudica a imagem do
banco e custa votos aos partidos que o aceitaram
Quando o
Governador do Banco de Portugal (BdP) proclama que “o BES está seguro”, o
natural é acorrer-nos uma dúvida ao espírito. Antes de o governador ter falado
nisso, a ideia nunca nos tinha passado pela cabeça. Quando alguém do Governo
vem reafirmar a mesma coisa, nós voltamos a duvidar. Por outras palavras, o mau
é termos chegado ao ponto de ser preciso as autoridades terem de nos dizer
isso. Quando o secretário-geral do PS acrescenta que “os fundos públicos não
devem ser usados para cobrir falhas dos privados”, só pode fazer-nos pensar no
que temos pago pela falência do BPN com o argumento de Sócrates de que “o risco
era sistémico”. E agora não é? Basta ver o que sucedeu nas bolsas e nos jornais
económicos internacionais na semana passada. Interrogo-me ao fechar este artigo
no domingo à noite com medo do que acontecerá segunda-feira quando a bolsa
abrir.
O risco é um novo
resgate. Só um irresponsável das oposições ao actual Governo é que não está
seriamente apreensivo. Para as oposições, a palavra de ordem é: quanto pior,
melhor! Ora, se algo mostra que o mal vem de longe, tal como a notória
incapacidade de crescer economicamente que o país tem demonstrado desde o
início do século XX, foi o alastramento imediato dos alegados problemas do
“grupo BES” à Portugal Telecom, cujo presidente-executivo terá feito nada mais,
nada menos, do que um recente empréstimo aparentemente incobrável de perto de
mil milhões de euros ao “grupo BES”…
Não era a PT uma
das jóias da coroa desse novo sistema económico que sucedera às
desnacionalizações? O senão é que essas empresas – a que chamo “majestáticas”
em recordação das concessões económicas nas antigas colónias africanas – só
passaram a ser privadas na medida em que permaneceram sob o olhar controlador
do Estado e, ficamos agora a saber, do seu grande accionista, o “grupo BES”.
Segundo a imprensa especializada, o controle sobre a PT por parte de Ricardo
Salgado e do governo Sócrates (com a sua “golden share”) ter-se-ia apertado
quando Belmiro de Azevedo – outro nome do novo capitalismo – lançou uma OPA
sobre a empresa, como aliás já tentara pôr o pé na televisão mas o Estado não
deixara…
Como se não bastasse
aquilo que se passou nos bastidores do “grupo BES” até os escândalos saltarem
para os cabeçalhos da imprensa internacional, com o seu efeito fatal sobre a
“confiança dos mercados”, os acontecimentos presentes desdobram agora perante
nós toda a impudência e todos os riscos associados a uma pequena economia onde
coabitam, se interpenetram e se apoiam mutuamente os interesses privados mais
egoístas e os interesses políticos mais descarados. Em suma, uma economia que
nem é verdadeiramente privada nem exclusivamente estatal, pagando contudo os
custos de ambas as coisas, desde os oligopólios económicos aos agrupamentos
partidários, com o apoio tácito dos partidos da extrema-esquerda sob o pretexto
da defesa do “estado social” e do “emprego para todos”. Numa palavra, a
oligarquia inconfessada que tem presidido ao nosso regime.
Com os enormes
custos que isto está a representar e que constituem uma realidade difícil de
imaginar, o país tem estado apesar de tudo a mudar sob a pressão do ajustamento
financeiro. Faço ao primeiro-ministro a justiça de acreditar que ele deseja
ardentemente não ter de envolver o Estado mais do que já está neste caso
sórdido do “grupo BES”, mas não é certo que o consiga. Oxalá que entre ele e o
governador do BdP consigam prosseguir a mudança que, contra ventos e marés, se
tem processado neste campo, introduzindo uma linha de demarcação minimamente
clara entre o público e o privado.
Se é certo que os
“cortes” no funcionalismo e nas pensões, assim como as limitadas privatizações
efectuadas, o aumento da produção de bens transacionáveis e sobretudo das
exportações, permitiram reduzir o peso do Estado na economia, é absolutamente
necessário que este processo continue e se alargue não só no plano das contas
nacionais, mas também no das relações espúrias e corruptoras que se têm mantido
entre os interesses económicos e o pessoal político, desde as grandes empresas
às encomendas estatais do género “Magalhães”.
Nesse sentido, ao
mesmo tempo que se exige a máxima rapidez na instalação de novos dirigentes à
frente do BES, a fim de limitar o enorme desgaste que o caso está a causar, é
preciso escrutinar de forma exemplar que as distâncias entre o público e o
privado serão rigorosamente respeitadas, o que ainda não se está a verificar
plenamente, longe disso, apesar das exigências expressas pela opinião pública.
À mulher de César não basta ser séria; tem de ser transparente. Ora, a
permanência de pessoal político indicado pela própria família Salgado à frente
do BES só pode prejudicar a imagem do banco e custar votos aos partidos que
assim se deixarem envolver na teia. Restam poucos dias ao governador do BdP e
ao próprio governo para garantir que haverá essa transparência. Se não, isso
será contado contra eles na primeira ocasião e o país pagará por isso.
Ah !!!! Valente !!!
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Ex-ministro Manuel Pinho negoceia
reforma de 3,5 milhões do BES
O antigo ministro da Economia de José Sócrates estará a preparar a sua
reforma antecipada e segundo revela o Público esta pode chegar a cerca de 3,5
milhões de euros de compensações.
ECONOMIA
10 de Junho de
2014 | Por Notícias Ao Minuto
Manuel Pinho,
antigo responsável pela pasta de Economia no Governo de José Sócrates, prepara
a sua reforma antecipada e, segundo avança o Público, o ex-ministro, atualmente
com 60 anos, estará negociar com o grupo BES a sua reforma, que pode chegar aos
3,5 milhões de euros.
Uma fonte oficial
ligada ao ex-ministro terá explicado ao jornal diário que “o dr. Manuel Pinho
está a contemplar, efetivamente, pedir a reforma a que tem direito desde os 55
anos, não como administrador do BES África, mas como administrador executivo que
foi, durante cerca de 10 anos, no BES”.
Atualmente,
Manuel Pinho leciona na School of International and Public Affairs, na
Universidade de Columbia, numa cátedra sobre energias renováveis patrocinada
pela EDP. Paralelamente, mantém-se vice-presidente do BES África.
Ainda segundo o
Público, o antigo ministro estará a negociar com Ricardo Salgado a sua reforma
antecipada.
Este sábado o
semanário Expresso fez manchete sobre o BES desconhecer beneficiários de 80% da
carteira de crédito do banco. Segundo o Expresso, o BES Angola terá perdido o
rasto a 5,7 mil milhões de euros
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