Portuguese Holding Company
Seeks Protection
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REUTERS /JULY 18, 2014 / The New York Times / http://www.nytimes.com/2014/07/19/business/international/angola-casts-doubt-on-big-portuguese-bank.html?mabReward=RI%3A16&action=click&pgtype=Homepage®ion=CColumn&module=Recommendation&src=rechp&WT.nav=RecEngine&_r=0
Espirito Santo International, one of the
holding companies of Portugal ’s
Espirito Santo banking family, filed for creditor protection in Luxembourg on Friday as the business empire’s
problems also spilled over to Angola ,
where the central bank said the local unit of Banco Espirito Santo would need
more capital to deal with bad loans. Banco ,
Portugal ’s
largest-listed lender, faces scrutiny because disclosures of financial
irregularities at Espirito Santo International, or ESI, have raised the
possibility of destabilizing losses at the bank itself. ESI indirectly holds
the largest stake in Banco, at 20.1 percent. Earlier this week one of ESI’s
holdings, the conglomerate Rioforte, failed to repay over 1 billion euros in
debt to Portugal Telecom. In Angola ,
the government had guaranteed €4.2 billion, or 70 percent of the loan portfolio
of Banco’s subsidiary, but that deal ends next year, leaving the markets
worried about what happens next. Back in Portugal , the financial
establishment was likewise trying to reassure investors that problems with the
Espirito Santo family would not have a bearing on the country’s financial
stability. Portuguese prosecutors said they were investigating the family’s web
of businesses, and a group of investors is preparing to file a lawsuit over the
unpaid debt of one of its companies.
O mito da gestão privada
O estoiro do GES põe a descoberto muita coisa
Por Eduardo Oliveira
Silva
publicado em 23
Jul 2014 in
(jornal) i online
O enorme estoiro
do Grupo Espírito Santo (que não do banco, espera-se) vem demonstrar que a
superioridade alardeada da gestão privada é mais um daqueles fenómenos
vagamente mitológicos em que a sociedade portuguesa é pródiga.
O GES colapsou
(com sinais premonitórios dados no longínquo ano de 2002, quando uma inspecção
levou à brusca substituição da empresa responsável pela auditoria) depois de um
longo período em que nada do que lá dentro se passava era claro. Agora este
grupo pode arrastar com ele muitos empresários que para obterem créditos
bancários se viram simultaneamente persuadidos a comprar papel comercial do
grupo. Uma persuasão musculada, que não se pode confundir com a possível
promiscuidade que causou danos substanciais a uma PT agora privada, embora
funcione simbolicamente como uma espécie de companhia de bandeira.
Para além do
Espírito Santo, na memória da economia portuguesa há outras histórias sinistras
recentes de quedas, que mesmo assim estão distantes das circunstâncias do
Angola e Metrópole.
O BPN, o BPP, o
BANIF ou o Grupo José de Mello são, porém, exemplos evidentes de fracassos,
enquanto muitos dos supostos sucessos mais não são do que empresas que vivem
encostadas ao Estado, como as PPP rodoviárias, começando na da Ponte Vasco da
Gama, que já pagámos mais de dez vezes desde 1998, passando pelos petróleos,
pela REN, pela ANA ou, menos mal porque vai tendo concorrência, pela EDP. A
lista poderia estender-se ao privadérrimo sector farmacêutico, cuja receita
fundamental vem naturalmente das comparticipações da saúde pública.
Verdadeiramente
privados e com dimensão relevante sobram alguns bancos com capitais
estrangeiros e meia dúzia de empresas industriais exportadoras que contaram com
incentivos fiscais para se instalar. Há ainda e sobretudo os grupos de
distribuição, nacionais ou estrangeiros, mas sedeados fora de portas para pagar
menos impostos, que prosperam na venda da paparoca e das utilidades do
quotidiano. Aí sim, encontramos a iniciativa privada no seu esplendor e com uma
gestão criteriosa da tesouraria, utilizando a liquidez do dia de caixa para
fazer aplicações. Há quem questione a nobreza dessa dupla actividade, mas a
verdade é que é dela que emergem os mais bem-sucedidos e muitos postos de
trabalho mesmo que precários.
Como contra
factos não há argumentos, a realidade manda dizer que entre nós praticamente
tudo o que tem êxito se sustenta no Estado como cliente ou como concedente da
actividade.
Mesmo negócios
que aparentemente não têm a ver com o Estado, estão depois na mão de empresas
que por sua vez são devedoras de bancos que precisam do Estado. Cria-se assim
uma teia infernal de dependências. Ora isso dá razão a quem afirma que no mundo
empresarial interessa muito mais saber a quem se deve do que conhecer os
detentores do capital.
E é assim que
assistimos a uma repetição de muito do que aconteceu em 1974/75. Quando foi
nacionalizada a banca, o Estado ficou por tabela dono de quase toda a economia
que devia dinheiro às instituições de crédito. Por isso lhe foram parar às mãos
jornais, indústrias, restaurantes e até a florista da empresa que fazia as
vezes do que veio a ser a Rodoviária Nacional. É de apostar singelo contra
dobrado que, se a situação se repetisse hoje, não seria muito diferente. É pena, porque o mais difícil é reformar mentalidades.
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