CAMPANHA
Robin Rice: “A beleza é uma forma
de escravatura cultural”
A campanha Stop The Beauty Madness está a tomar conta das redes sociais. A escritora
e autora da campanha Robin Rice diz que os padrões irreais de beleza sufocam as
mulheres e devem ser travados.
Ana Cristina
Marques / 18/7/2014, 19:12 / OBSERVADOR
Padrões de beleza
irreais que sufocam e torturam a comunidade feminina: É esta a mensagem da nova
campanha que já tomou de assalto as redes sociais. A Stop The Beauty Madness
foi lançada pela escritora Robin Rice e quer mudar atitudes e consciências.
Dela fazem parte 25 imagens criadas para as redes sociais que habitualmente
veríamos em revistas glossy. Mas ao contrário destas publicações, a mensagem é
outra e apela ao monólogo interior. As legendas que acompanham as fotografias
vão fazê-la/lo pensar.
As ideias variam
de fotografia em fotografia, mas o conceito subliminar não. Há a imagem de uma
criança produzida que, perante a tradicional pergunta “O que queres ser quando
fores grande?”, responde “Bonita”. Mas também aquela de uma mulher de estilo
alternativo que antecede os pensamentos da maioria das pessoas — “Aquele
momento constrangedor no qual tenta decidir se sou bonita”.
“Hoje em dia, as
mulheres limitam-se porque estão focadas no aspecto físico, preocupadas se são
ou não bonitas o suficiente”, explica Robin Rice, que também é fundadora da Be
Who You Are Productions. ” Não é que a beleza não seja importante, mas chegámos
a um ponto em que consegue ser prejudicial para várias mulheres, parece uma
tortura auto-infligida”, diz em entrevista ao Observador.
Robin, que se
considera ativista, explica que o conceito de “belo” encontra definição em
padrões estereotipados: uma mulher tem de ser alta, magra e sem curvas. Mas
também nova, sem rugas e, tendo em conta a realidade norte-americana,
caucasiana –as expressões étnicas são, por isso, de evitar. Fala ainda do
espaço entre as coxas, associada à magreza e à juventude, bem como da simetria.
Mas o certo é que a maior parte das mulheres não se encaixa nestes parâmetros.
Nem as próprias modelos, diz, cujas imagens são sempre retocadas. “É um
conceito que nos sufoca”.
Em última
análise, as mulheres são vítimas e causadoras do problema. É um dois em um
difícil de resolver e cuja solução é individual — “É preciso reconhecer a
loucura e dizer que já não vamos jogar este jogo”. O problema das sociedades de
primeiro mundo, explica, é produto de uma cultura envolta em consumismo que nos
faz comprar objetos atrás de objetos para nos sentirmos melhor. Não é apenas à
indústria da moda que se deve apontar o dedo. É à sociedade num todo.
“Nós não lutamos
contra esta cultura. Ao invés, aceitamo-la”. E que loucura é esta? “Começa
ainda antes de nascermos, quando os pais se interrogam sobre o sexo da criança,
se vão comprar roupas azuis ou cor-de-rosa. Nem todos os fazem, mas a maioria
das pessoas joga pelas regras. É como se a cultura se tivesse transformado num
concurso de popularidade, como se fosse uma aula no liceu”.
A “loucura da
beleza”, como Rice gosta de chamar, tem influência na vida privada de uma
mulher. “Se esta não se sentir valorizada, não vai mostrar a sua criatividade e
não vai seguir as suas paixões. Além disso, a situação faz com que as mulheres
se virem umas contra as outras. A autora
do projeto garante ainda que os homens não são o problema, uma vez que estes
gostam de curvas e do ar natural feminino. São, no entanto, uma peça do puzzle,
embora mais pequena. “A maior parte deles não compreende o motivo desta
campanha. Fazem perguntas irrelevantes: porque é que isto interessa? Tens a
certeza que as mulheres não conseguem lidar com isto?”
Mas é importante
não culpar a mulher, até porque o dito problema é uma ideia aceite por todos. “A
escravatura era normal, todos a aceitavam. Era terrível mas normal, até alguém
dizer que aquilo estava errado. Acredito que a beleza é uma forma de
escravatura cultural. As mulheres reconhecem isso mas acham que é normal.” E
quebradas as correntes? “A recompensa é liberdade,
liberdade interior”.
Até então, Robin
garante que o projeto está a ser um sucesso e tem, inclusive, mulheres que já
lhe agradeceram a iniciativa. Foi criada a hashtag #StopTheBeautyMadness e,
durante dez semanas, é dado acesso gratuito a conversas audio entre Robin Rice
e membros da FrontLineVoices sobre beleza, corpo, comida e cultura. A campanha
foi oficialmente lançada a 7 de julho e, desde então, acumulou cinco mil gostos
na sua página de Facebook. Porque é preciso travar “a
loucura da beleza”.
STOP THE BEAUTY MADNESS
There Comes A Time
When You Have Simply Had Enough
Enough of the impossible standards. Enough
of the "ideal" image. Most of all, enough of the feeling of NOT
ENOUGH when it comes to your own beauty. There also comes a time when an entire
culture of women have had it. When blogs and ad campaigns and AS-IS selfie
pictures start to change the rules of the game.
That time is now. That culture is this
culture.
Today, there is more than a choir singing
out the truths of true beauty. There is a great groundswell and the numbers are
rising daily. We are a new tribe, and we know it is time to take back the
streets-OUR streets. We know that begins with lifting our self-esteem, our
self-imposed standards of worth, and honoring our deepest truths about what it
means to be "enough."
We are not only working towards this
change. We are witnessing this change. We women KNOW we are done with
competing, done with comparing, and done with playing the ugly/beauty game. We
are waking up from the crazy beauty hypnoses we have been under.
We are determined to Stop The Beauty
Madness in our ourselves, our mothers, our sisters and our daughters.
Part of this includes calling out the ugly
truths hidden in our culture and our own minds. That's what this campaign is
about. It's about strong words that reveal the ideas that need to be seen for
what they are. It is not always pretty to see what is hidden deep in our psyche
(or even just slightly under the surface), but it is important to see it
clearly so that we may call it out and change it.
Do we get cultural push back? Yes. Does
that stop us? No.
Welcome to a new world - one we are
creating right here and right now. In this new world, our beauty is defined by
whole-self qualities, not eye-to-nose and bust-to-waist-to-hip ratios. In this world, we KNOW we are more than our
appearance, our size and our shape. In this world, we are throwing off our role
as sales-hypnotized consumers and getting on with the task of changing the
world.
Now more than ever this world needs us to
stop shrinking behind ideas that are too small for us.
So we are here in mass to disturb the peace
in beautiful, powerful ways. We are here to create a new culture around beauty.
We are here to save ourselves and our children from our own childish and
destructive obsessions. We are here to stand tall, AS IS, and get on with our
lives.
At Stop The Beauty Madness, we are here for
you, me, and most of all… US. We hope you join us by sharing the ads, taking
our eCourse and adding your own voice to the conversation.
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