segunda-feira, 14 de julho de 2014

A Nova Ribeira das Naus e a envolvente, por António Sérgio Rosa de Carvalho / 14-7-2014.


Com um tom de Triunfo Eleitorista António Costa, agora prácticamente ausente devido às exigências de um  “Caminho Aberto” preparado meticulosamente ao milímetro ao longo de três anos, apresentou ontem (ver artigo do Público em baixo) a Nova Ribeira das Naus, e certamente olhando para as simbólicamente presentes rampas varadouro, certamente pensou esperançado que esta intervenção contribua para confirmar a “rampa de lançamento” preparada metículosamente para as suas ambições políticas, agora em plano inclinado ascendente com a ajuda das "quadraturas do circulo" ... 
  

E agora primeiro o Terreiro do Paço.
Quando comparamos a situação presente com as imagens dos anos 60 não há dúvida que algo de muito positivo aconteceu aqui. Através de uma fase intermediária de libertação da Praça dos seus automóveis, primeiramente em relação ao estacionamento e depois à circulação, passou-se ao arranjo e restauro da Praça.
Este processo proporcionou uma fase de polémica através de um projecto de pavimento “MIKADO/ Gatafunhos”(Bruno Soares)  que provocou debate público onde tive o prazer de intervir pessoalmente ( http://www.publico.pt/local-lisboa/jornal/cidadaos-saudam-alteracoes-ao-projecto-do-terreiro-do-paco-e-reclamam-uso-dos-edificios-311692#/0 )
Finalmente o bom senso prevaleceu e optou-se por uma intervenção clássica e intemporal de acordo com as exigências da nobreza da Praça.
Tudo indicava que juntamente com o restauro / reutilização panorâmica do Arco Monumental e da Estátua Equestre,  todas as condições estavam reunidas para confirmar o carácter desta Praça, na sua Nobilitas e Gravitas, como Place Royale ...
Mas aqui chegamos ao ponto mais difícil ... o ponto da ocupação e utilização deste espaço Monumental, na era do Turismo de Massas e de Globalização ...
Infelizmente, o sucesso das esplanadas descambou e degenerou para uma banalização de Feira Popular / digitalizada e os “futebóis” e respectivos atributos não ajudam ...

Até agora, a Praça não conseguiu transcender a sua característica de “Comércio”, e agora já não com a escala histórica e institucional “das Indias” pretendida pelo Marquês neste centro simbólico de Poder do Império, mas na mais vulgar / banal  e plebeia cacofonia globalizante do Turismo de Massas ...


Bem, as obras e os investimentos a decorrer num importante canto da Praça para Unidade Hoteleira do Grupo Pestana, vão concerteza obrigar a repensar e levar à revisão da qualidade da “tralha” instalada para eventos e “futebóis” ...
Não imagino os hóspedes a serem confrontados com tal horizonte conspurcado e perturbador 



Agora a transição para a Ribeira das Naus ...
A Transição para a Doca da Caldeirinha ( que remonta a 1500 ) foi bem conseguida simbólicamente e paisagísticamente, através de passadiço com materiais apropriados e em sintonia históricamente com a função original ilustrada pelo seu preenchimento com água.
Já muito mais grave e ainda sem solução é o estado em que ainda se encontra o resto do mureto/conversadeiras, parte integrante do todo do cais das colunas como Monumento Nacional .
Afundamento de cotas e sua  tranformação em ruína ...
Vêm-se uns cabos nos pedestais ... à aguardar reinstalação dos candeiros ?





Toda a intervenção da Ribeira das Naus é sem dúvida conseguida e positiva.
Primeiramente a escala é sem dúvida apropriada com a envolvente e a grandiosidade do Horizonte do estuário na sua revelação do Oceano e do Céu e Luz de Lisboa.
O Tão prometido regresso ao rio, deu aqui, indiscútivelmente, mais um passo no bom sentido.
A solução para a grande extensão do novo cais / praia, baseada no saber ver e reconhecer, copiada da linguagem evidente do cais das colunas, foi sem dúvida muito bem conseguida e as pessoas na sua utilização/ ocupação confirmam o mesmo ...
O arranjo paisagístico é adequado, sóbrio e Monumental simultâneamente, “coze” e dá finalmente sentido em direcção ao Cais do Sodré à intervenção prévia da Agência Europeia Marítima e envolvente.
Mesmo as tão criticadas rampas, resultam não apenas no plano simbólico, mas também no aspecto do lazer, e essas não fazem mais do repetir soluções parecidas ( como a intervenção no MuseumPlein em Amsterdam)
As críticas apontadas à neutralização da fachada do Arsenal parecem-me exageradas
( Afinal o Pórtico de entrada do edifício é visível através de uma abertura sem obstáculo visual )
É preciso ter cuidado com a manutenção do espaço Público ... os primeiros Graffiti já apareceram ... além do problema da “animação” do Cais do Sodré ...

Mesmo as tão criticadas rampas, resultam não apenas no plano simbólico, mas também no aspecto do lazer, e essas não fazem mais do repetir soluções parecidas ( como a intervenção no MuseumPlein em Amsterdam)
As críticas apontadas à neutralização da fachada do Arsenal parecem-me exageradas
( Afinal o Pórtico de entrada do edifício é visível através de uma abertura sem obstáculo visual )
É preciso ter cuidado com a manutenção do espaço Público ... os primeiros Graffiti já apareceram ... além do problema da “animação” do Cais do Sodré ...

Rampa no Museumplein em Amsterdam

O Tão prometido regresso ao rio, deu aqui, indiscútivelmente, mais um passo no bom sentido.
A solução para a grande extensão do novo cais / praia, baseada no saber ver e reconhecer, copiada da linguagem evidente do cais das colunas, foi sem dúvida muito bem conseguida e as pessoas na sua utilização/ ocupação confirmam o mesmo ...

É preciso ter cuidado com a manutenção do espaço Público ... os primeiros Graffiti já apareceram ... além do problema da “animação” do Cais do Sodré ...


E agora chegados ao Largo de S. Paulo temos aqui um grande desafio futuro.
A famosa rua Cor de Rosa símboliza uma tradução errada de animação determinada pelo desiquilibrio do conceito de animação do “Zé”.
Esta intervenção baseada inicialmente no interessante fenómeno de redescoberta da autenticidade dos bares dos anos 60/70 do Cais do Sodré, levou às intervenções “vintage” positivas do Sol e Pesca e da Pensão Amor.
Mas no momento em que foi permitida a invasão monopolizadora das fronteiras do Espaço Público com o apoio do “Zé”, criando um Projecto Comercial invasor e criador do seu próprio fracasso e impopularidade ... criou-se, destruindo a autenticidade, um foco poluidor e degradante para os moradores e auto-destruidor e saturante para os próprios que tomaram a iniciativa.
Agora que o projecto da Ribeira avançou, com ocupação do largo de S.Luís. e o próprio edifício dos antigos Correios vai ser ocupado por habitaçào de luxo ... isto levará sem dúvida a exigências por parte desta nova “gentry” com relação à qualidade de vida na envolvente...
Será agora que finalmente o Monumento de Conjunto do Pombalino, o Largo de S.Paulo irá ser restaurado devidamente, apanhando as ondas e sinergias emanantes da área envolvente ?
Novos estabelecimentos têm já surgido, mas estes aguardam ainda a deslocação para outro local dos mega/contentores de ar/condicionado e LIXO ( do novo Mercado da Ribeira )  para outro sítio.
Mas o grande desafio constituirá a forma no aspecto das tipologias e materiais de como o Restauro do Grande Monumento de Conjunto Urbano que constitui o Largo de S. Paulo será feito ...
Trata-se só e únicamente do Arquétipo do Pombalino / Eugénio dos Santos ainda inalterado.
A quantidade de PVC é já vísivel . Se existe um lugar para ilustrar de forma autêntica as Guilhotinas originais e janelas de balcão/varanda é aqui !

A famosa rua Cor de Rosa símboliza uma tradução errada de animação determinada pelo desiquilibrio do conceito de animação do “Zé”.
Esta intervenção baseada inicialmente no interessante fenómeno de redescoberta da autenticidade dos bares dos anos 60/70 do Cais do Sodré, levou às intervenções “vintage” positivas do Sol e Pesca e da Pensão Amor.
Mas no momento em que foi permitida a invasão monopolizadora das fronteiras do Espaço Público com o apoio do “Zé”, criando um Projecto Comercial invasor e criador do seu próprio fracasso e impopularidade ... criou-se, destruindo a autenticidade, um foco poluidor e degradante para os moradores e auto-destruidor e saturante para os próprios que tomaram a iniciativa

Novos estabelecimentos têm já surgido, mas estes aguardam ainda a deslocação para outro local dos mega/contentores de ar/condicionado e LIXO para outro sítio.

Agora que o projecto da Ribeira avançou, com ocupação do largo de S.Luís. e o próprio edifício dos antigos Correios vai ser ocupado por habitaçào de luxo ... isto levará sem dúvida a exigências por parte desta nova “gentry” com relação à qualidade de vida na envolvente...



Novos estabelecimentos têm já surgido, mas estea aguardam ainda a deslocação para outro local dos mega/contentores de ar/condicionado e LIXO para outro sítio.

Mas o grande desafio constituirá a forma no aspecto das tipologias e materiais de como o Restauro do Grande Monumento de Conjunto Urbano que constitui o Largo de S. Paulo será feito ...
Trata-se só e únicamente do Arquétipo do Pombalino / Eugénio dos Santos ainda inalterado.
A quantidade de PVC é já vísivel . Se existe um lugar para ilustrar de forma autêntica as Guilhotinas originais e janelas de balcão/varanda é aqui !

Projecto das casas que o Ilm.º e Exm.º Sr. Marquez de Pombal mandou edificar na Rua Nova de S. Paulo. Desenho a tinta da China. Ass. do Marquez de Pombal, no canto superior esquerdo. Arquivo Histórico Municipal. (Este projecto faz parte do Atlas com 70 plantas para a reconstrução da cidade, do Arquivo Histórico Municipal). Fotografia, Estúdios Horácio Novais - CML  (1982), Exposição Lisboa e o Marquês de Pombal, Museu da Cidade. Amadora: Heska Portuguesa.


"Um novo projecto realizado entre 1758 e 1759, igualmente assinado por Eugénio dos Santos, prevê três andares, além das lojas, o primeiro de janelas rasgadas com balcão corrido, dois de janelas de peitoril e o último amansardaddo. Estes projectos estiveram na base das construções da “Baixa” pombalina."


A quantidade de PVC é já vísivel . Se existe um lugar para ilustrar de forma autêntica as Guilhotinas originais e janelas de balcão/varanda é aqui !


Sem comentários: