Câmara de Lisboa quer instalar um
funicular na Mouraria e escadas rolantes no Martim Moniz
O vereador Manuel Salgado fez um balanço do trabalho feito na área da
reabilitação e elencou prioridades para os próximos anos
Inês Boaventura /
24-7-2014 / PÚBLICO
A Câmara de
Lisboa investiu 130 milhões de euros na área da reabilitação urbana nos últimos
cinco anos, período durante o qual mais de 95% das obras por si licenciadas
visaram a requalificação de património já existente. Os números foram
divulgados pelo vereador Manuel Salgado, que anunciou que o município quer instalar
umas escadas rolantes para ligar o Martim Moniz ao Castelo, um funicular entre
a Mouraria e a Graça e elevadores entre o Campo das Cebolas e a Sé.
Na reunião
camarária de ontem, o autarca fez, respondendo a uma solicitação dos vereadores
do PCP, uma apresentação sobre o trabalho que o município vem desenvolvendo em
matéria de reabilitação. Manuel Salgado, que entregou aos vereadores um
documento de 80 páginas sobre o assunto que pode ser consultado na página da
câmara na Internet, aproveitou também para elencar alguns dos projectos que se
propõe concretizar nos próximos anos.
Segundo se diz
nesse documento, nos últimos cinco anos foi feito um investimento de 730
milhões de euros na reabilitação da cidade: 130 milhões pela autarquia, através
de verbas do Programa de Investimentos Prioritários em Acções de Reabilitação
Urbana, do Quadro de Referência Estratégico Nacional e das contrapartidas do
Casino de Lisboa, e 600 milhões por privados. Estes números ficam muito aquém
dos oito mil milhões de euros que a câmara referiu anteriormente ser o valor necessário
para intervir em todos os prédios de Lisboa que carecem de obras.
Entre as áreas em
que houve uma aposta mais forte, Manuel Salgado apontou os bairros históricos,
como Alfama, Mouraria e Madragoa, a zona norte da cidade e a zona ribeirinha.
Mas também a Baixa Pombalina onde, resume, foi feito um investimento de 126
milhões de euros entre 2008 e 2013.
O vereador do
Urbanismo explicitou que neste momento há “24 edifícios inteiros” em obras na
Baixa, dos quais sete se destinam a alojamentos turísticos, o que representa
uma área de intervenção de 33 mil metros quadrados. Além disso, disse, há 16
projectos licenciados e à espera do início das obras, 14 deferidos à espera do
pagamento das licenças e 17 em apreciação.
Respondendo a
algumas críticas que têm sido dirigidas ao executivo camarário por alegadamente
permitir o surgimento de um número excessivo de hotéis no centro da cidade, o
autarca frisou que entre 1 de Setembro de 2007 e 30 de Junho de 2013 apenas
11,97% da “superfície de pavimento intervencionada” se destinava a “hotelaria e
afins”. Já 21,65% destinavam-se a comércio, 26,55% a serviços e 38,87 a habitação.
Acessos ao
castelo
Quanto ao futuro,
Salgado sublinhou que “aumentar a rede de percursos pedonais assistidos” é uma
das prioridades da autarquia. Nesse sentido, referiu, vão ser instaladas umas
escadas rolantes entre o Martim Moniz e o Castelo (nas Escadinhas da Senhora da
Saúde), um funicular entre a “Alta Mouraria” (onde será criado um parque de
estacionamento) e a Graça e “elevadores” entre o Campo das Cebolas e a Sé.
O autarca não
adiantou prazos para a concretização dessas obras, mas informou que os
projectos de execução estão já a ser desenvolvidos. A este respeito, Manuel
Salgado avançou ainda que o elevador já existente na Rua dos Fanqueiros está a
ter cerca de 60 mil utilizadores por mês, o que considera ser “um número muito
relevante”.
Também como
projectos a desenvolver num futuro próximo, o vereador do Urbanismo elencou a
“atenção aos territórios prioritários”, a intervenção “no eixo histórico
Avenida Fontes Pereira de Melo/ Avenida da República/Campo Grande” e o “aumento
da rede de pistas cicláveis”.
Nesta reunião
camarária, tanto Carlos Moura, do PCP, como António Prôa, do PSD, questionaram
o executivo sobre a falta de manutenção dos espaços verdes do Parque das
Nações, incluindo o Parque Tejo, que já foi noticiada pelo PÚBLICO. Na ausência
do vereador José Sá Fernandes, que tem a seu cargo essa área, a resposta veio
do vereador Duarte Cordeiro, que se limitou a informar que “desde segunda-feira”
há uma empresa a assegurar a manutenção dos espaços verdes e do mobiliário
urbano.
Autarcas reclamam dados sobre as
negociações relativas à Carris e ao metro
A aprovação pelo
Governo da concessão a privados da STCP e do Metro do Porto, bem como a
indicação dada pelo secretário de Estado dos Transportes de que em Lisboa um
processo idêntico deverá ter início “dentro de dois meses”, levou a oposição na
Câmara e na Assembleia Municipal de Lisboa a pedir explicações ao executivo
liderado por António Costa. Na reunião camarária de ontem, o vereador João
Ferreira, do PCP, fez uma série de perguntas sobre o assunto, e houve pelo
menos uma que não teve resposta cabal: a de saber se a câmara admite a
possibilidade de assumir a gestão da Carris e do Metropolitano de Lisboa se não
houver lugar ao pagamento de indemnizações compensatórias. António Costa
afirmou que as negociações com o Governo ainda estão numa fase em que as duas
partes procuram “ganhar confiança nos números que uns e outros têm apresentado”.
Quanto a eventuais “compensações” pela assunção da gestão das transportadoras,
o autarca disse que “em tempo próprio” o município dirá qual é a sua posição
sobre o assunto.
Já o grupo do PSD
na assembleia municipal fez saber, em comunicado, que solicitou “a audição
urgente” do Director Municipal de Mobilidade e Transportes, Tiago Farias, com o
objectivo de obter um “ponto de situação” sobre as negociações em curso com o
Governo.
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