terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Comerciantes exigem embargo de obras de conversão do cinema Londres numa loja.

Comerciantes exigem embargo de obras de conversão do cinema Londres numa loja
Publicado às 16.47 in JN online

O movimento de comerciantes do bairro onde funcionou o cinema Londres, em Lisboa, exige o embargo das obras de conversão do espaço numa loja, e prepara um projeto cultural com zona comercial.

Carlos Moura-Carvalho, um dos elementos do Movimento de Comerciantes da Avenida Guerra Junqueiro, Praça de Londres e Avenida de Roma, afirmou hoje à agência Lusa que foi requerido à Secretaria de Estado da Cultura e à Câmara Municipal de Lisboa o embargo das obras de transformação do antigo cinema Londres numa loja chinesa de retalho.

"A IGAC [Inspeção-Geral das Atividades Culturais] confirmou-nos que não foi pedida a desafetação de atividade cinematográfica do espaço, ou seja, as obras que estão a decorrer são ilegais porque não foi feita a autorização devida", explicou o comerciante.

Contactado pelo agência Lusa, o representante do proprietário garantiu que as obras estão ser feitas dentro da legalidade e disse desconhecer aquela limitação do ponto de vista imobiliário do espaço.

O movimento de lojistas daquele bairro tem andado há várias semanas a tentar impedir que o antigo cinema dê lugar a um loja, tendo em mãos uma proposta de criação de um pólo cultural, com cinema e uma zona comercial.

"Sabemos que os arrendatários estão dispostos a sair, mas querem ser ressarcidos do dinheiro que já investiram nas obras. Apresentaram três ou quatro condições. Estamos a reunir informações e apoios para poder apresentar um projeto, com parceiros privados e as autoridades", referiu Carlos Moura-Carvalho.

O representante do proprietário do Londres não confirma qualquer intenção de os arrendatários chineses abdicarem do espaço: "As obras continuam, mas eles têm receio de retaliações, só para ver como as coisas estão. Os comerciantes estão mais preocupados com a concorrência".

Carlos Moura-Carvalho disse, por seu turno, que o movimento não voltou a ter contacto com os representantes do proprietário do espaço desde meados de dezembro, depois destes terem alegado, segundo o comerciante, que "tinham esgotado o diálogo".

"Se não tivermos uma resposta das autoridades sobre o embargo das obras, ponderamos fazer queixa ao provedor de Justiça", disse este porta-voz do movimento de comerciais, que considera existir espaço no bairro para a existência de uma sala de cinema e de outras valências ligadas à cultura.

Este cinema de bairro - um dos últimos a funcionar em Lisboa, fora de um centro comercial - fechou em 2013, depois de a exibidora Socorama ter entrado em falência.

No início de janeiro, o representante do proprietário explicou à Lusa que o contrato para a loja chinesa só avançou "depois de dez meses de conversações goradas" com vários organismos e pessoas ligadas à cultura, para que o Londres tivesse ainda um aproveitamento de caráter cultural.

Em causa terá estado o elevado custo das obras profundas de que o espaço precisa, onde funcionaram duas salas de projeção e zona de restauração.


A Socorama retirou todo o recheio do espaço, incluindo cadeiras, projetor, ecrã e ainda algumas obras de arte, nomeadamente uma escultura de parede de João Cutileiro e uma obra do pintor Noronha da Costa, propriedade da exibidora.

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