Comerciantes exigem embargo de obras de conversão do
cinema Londres numa loja
Publicado às 16.47 in JN online
O movimento de comerciantes do bairro onde funcionou o
cinema Londres, em Lisboa, exige o embargo das obras de conversão do espaço
numa loja, e prepara um projeto cultural com zona comercial.
Carlos Moura-Carvalho, um dos elementos do Movimento de
Comerciantes da Avenida Guerra Junqueiro, Praça de Londres e Avenida de Roma,
afirmou hoje à agência Lusa que foi requerido à Secretaria de Estado da Cultura
e à Câmara Municipal de Lisboa o embargo das obras de transformação do antigo
cinema Londres numa loja chinesa de retalho.
"A IGAC [Inspeção-Geral das Atividades Culturais]
confirmou-nos que não foi pedida a desafetação de atividade cinematográfica do
espaço, ou seja, as obras que estão a decorrer são ilegais porque não foi feita
a autorização devida", explicou o comerciante.
Contactado pelo agência Lusa, o representante do
proprietário garantiu que as obras estão ser feitas dentro da legalidade e
disse desconhecer aquela limitação do ponto de vista imobiliário do espaço.
O movimento de lojistas daquele bairro tem andado há várias
semanas a tentar impedir que o antigo cinema dê lugar a um loja, tendo em mãos
uma proposta de criação de um pólo cultural, com cinema e uma zona comercial.
"Sabemos que os arrendatários estão dispostos a sair,
mas querem ser ressarcidos do dinheiro que já investiram nas obras.
Apresentaram três ou quatro condições. Estamos a reunir informações e apoios
para poder apresentar um projeto, com parceiros privados e as
autoridades", referiu Carlos Moura-Carvalho.
O representante do proprietário do Londres não confirma
qualquer intenção de os arrendatários chineses abdicarem do espaço: "As
obras continuam, mas eles têm receio de retaliações, só para ver como as coisas
estão. Os comerciantes estão mais preocupados com a concorrência".
Carlos Moura-Carvalho disse, por seu turno, que o movimento
não voltou a ter contacto com os representantes do proprietário do espaço desde
meados de dezembro, depois destes terem alegado, segundo o comerciante, que
"tinham esgotado o diálogo".
"Se não tivermos uma resposta das autoridades sobre o
embargo das obras, ponderamos fazer queixa ao provedor de Justiça", disse
este porta-voz do movimento de comerciais, que considera existir espaço no
bairro para a existência de uma sala de cinema e de outras valências ligadas à
cultura.
Este cinema de bairro - um dos últimos a funcionar em
Lisboa, fora de um centro comercial - fechou em 2013, depois de a exibidora
Socorama ter entrado em falência.
No início de janeiro, o representante do proprietário explicou
à Lusa que o contrato para a loja chinesa só avançou "depois de dez meses
de conversações goradas" com vários organismos e pessoas ligadas à
cultura, para que o Londres tivesse ainda um aproveitamento de caráter
cultural.
Em causa terá estado o elevado custo das obras profundas de
que o espaço precisa, onde funcionaram duas salas de projeção e zona de
restauração.
A Socorama retirou todo o recheio do espaço, incluindo
cadeiras, projetor, ecrã e ainda algumas obras de arte, nomeadamente uma
escultura de parede de João Cutileiro e uma obra do pintor Noronha da Costa,
propriedade da exibidora.
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