quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Cidades francesas proíbem espectáculo do humorista Dieudonné. Le Pen diz que prioridade da Frente Nacional para 2014 é o combate à UE.


Cidades francesas proíbem espectáculo do humorista Dieudonné

Autor do já famoso gesto
considerado anti-semita, anuncia que vai processar ministro do Interior por difamação
8 jan 2014 / in Público

Autarcas de várias cidades francesas proibiram o espectáculo do humorista Dieudonné M’bala M’bala, que o Governo acusa de promover o antisemitismo e insultar a memória das vítimas do holocausto nazi.
O último a anunciar a decisão foi o prefeito do Loire-Atlantique, departamento no Oeste de França que inclui a cidade de Nantes, onde a tournée do Le Mur deveria arrancar amanhã. “Após proceder à análise das circunstâncias particulares do espectáculo, decidi assinar em consequência a decisão de interdição”, anunciou ontem Christian de Lavernée.
Antes dele, já o presidente da Câmara de Tours (Oeste), o socialista Jean Germain, tinha decidido proibir o espectáculo agendado para sextafeira na cidade, seguindo a decisão anunciada na véspera por Alain Juppé, dirigente da UMP (direita) e actual autarca de Bordéus. Decisões idênticas são esperadas em Orleães, Nancy ou Estrasburgo, onde Dieudonné conta já com lotações esgotadas para o espectáculo de stand-up que estreou em Paris, sempre com casa cheia.
As proibições acontecem depois de o ministro do Interior, Manuel Valls, ter enviado uma circular aos responsáveis das cidades por onde passará a tournée, recordando-os que poderiam invocar “riscos de perturbações graves à ordem pública” para impedir a realização do espectáculo. Associações judaicas francesas tinham anunciado a intenção de se manifestar à porta do Zénith de Nantes, dando argumentos aos que anteviam a possibilidade de confrontos antes ou depois do espectáculo.
O Presidente francês, François Hollande, juntou-se também à pressão contra o humorista, ao apelar aos representantes do Estado para que se mostrem “vigilantes e inflexíveis” face “ao anti-semitismo, às perturbações da ordem pública suscitadas por provocações indignas e à humilhação que representam as discriminações”.
Dieudonné, filho de um camaronês e de uma francesa, foi condenado várias vezes por incitação ao ódio racial e está habituado a provocar polémica com declarações sobre os judeus, Israel e os Estados Unidos. Mas a polémica nunca foi tão grande como agora, alimentada pela popularidade que ganhou a quenelle, um gesto que ele diz ser anti-sistema e anti-sionista, mas que os seus detractores interpretam como uma saudação nazi invertida.
O humorista defende-se com a liberdade de expressão e insiste que a denúncia que faz nada tem a ver com anti-semitismo, mesmo que muitos dos que lhe imitam o gesto o façam com outras intenções. Os seus advogados anunciaram ontem que Dieudonné vai recorrer das interdições e apresentar queixa contra Valls por proferir “acusações atentatórias à honra” do humorista.

O Le Monde noticiou entretanto que Dieudonné está a ser investigado pela procuradoria de Orleães por suspeitas de branqueamento de capitais relacionadas com o envio de 400 mil euros para os Camarões.
Zenith, décembre 2006 : A. Soral, JM Dubois, B. Gollnish, D. Joly, Jany Le Pen, F. Chatillon, G. Mahé, Dieudonné... et les autres


Le Pen diz que prioridade da Frente Nacional para 2014 é o combate à UE
PÚBLICO 07/01/2014 -
A presidente da Frente Nacional francesa, Marine Le Pen, deu esta terça-feira a primeira conferência de imprensa do ano onde traçou as "frentes de combate" do partido de extrema-direita para 2014. Na primeira linha, disse, está o combate à União Europeia.

A seguir, surge a guerra à insegurança, que é, na verdade, a luta contra os ciganos. "Vamos fazer uma grande ofensiva contra o laxismo do Estado, nomeadamente para com a delinquência nómada estrangeira", disse, sublinhando que é preciso fazer desaparecer os ciganos "de entre" os franceses. O terceiro grande combate do ano da Frente Nacional é pela "liberdade de expressão".

Marine Le Pen diz defender a "liberdade da imprensa" e disse que os jornalistas "mortos, feridos ou feitos reféns" estão no seu pensamento. "A imprensa livre faz o seu trabalho quando decifra, analisa e desenvolve informações". O jornal Le Monde sublinhava que, apesar destas declarações, a líder da extrema-direita francesa não permitiu que o Petit Journal assistisse à conferência de imprensa. "Alguns media estão assumidamente e claramente numa guerra. E devem assumir as consequências", disse Le Pen.

Respondendo a perguntas dos jornalistas, Le Pe comentou o caso Dieudonné, o humorista cujas piadas anti-semitas levaram o ministro do Interior, Manuel Vals, a anunciar que o Governo está a procurar uma forma legal de proibir os espectáculos – já quatro cidades os proibiram. Disse estar "chocada e ferida" pelas afirmações de Dieudonné, mas explicou não concordar com a iniciativa de Vals. "Não quero que o sr. Dieudonné sirva de pretexto para que haja censura, nomeadamente na Internet".

Marine Le Pen disse ainda que este ano vai tornar a Frente Popular no "partido da vida real", por oposição aos que não passam de uma "cortina de fumo" e que procuram constantemente o "embrutecimento organizado do debate político". "Nós vamos abordar as questões que importam, as verdadeiars preocupações dos nossos compatriotas. Nós falaremos do poder de compra, do desemprego, da segurança, das pequenas pensões, das comunidades".

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